O fracasso no Ideb no RS
Como o fracasso no Ideb pode ser combustível para a mudança
Secretária de Educação, Raquel Teixeira, adotou no RS medidas que levaram Goiás para o topo da lista
Secretária Raquel Teixeira confia que trabalho atual trará resultados
positivos no futuro. Mateus Bruxel / Agencia RBS
Ninguém pode estar confortável com os resultados do Ideb no Rio Grande do Sul. O governador Eduardo Leite não está e sua secretária de Educação, Raquel Teixeira, muito menos. O desafio do governo é transformar esse limão azedo em limonada, o que exige não apenas investimentos, mas uma mudança cultural, a começar pela forma como os gaúchos tratam a reprovação nas escolas.
Desde que chegou ao Estado, ainda no primeiro governo de Leite, Raquel vem tentando convencer a sociedade de que não há mérito em reprovar um aluno. Com frequência ela usa uma comparação radical: o que se diria de um médico que, em vez de curar, se gabasse do número de pacientes que desenganou?
O problema da reprovação é que ela é uma alavanca para jogar o aluno para fora da escola. O papel do professor é garantir que o estudante aprenda. Se tem dificuldades para acompanhar a turma, precisa de atendimento no turno inverso, e aqui entra o papel dos diretores, das Coordenadorias Regionais de Educação, da própria Seduc e do governo do Estado. Porque não há como oferecer esse reforço se faltam professores para as áreas regulares, como faltam no primeiro semestre porque as contratações temporárias, pedidas no final do ano passado, só foram aprovadas pela Assembleia agora, no final de julho.
Como o abandono pesa no Ideb, o que o Rio Grande do Sul conseguiu melhorar nas provas de Língua Portuguesa e Matemática não foi suficiente para subir mais posições no ranking. Se tivesse o mesmo fluxo de outros Estados que recuperam em vez de reprovar, o RS estaria mais perto dos primeiros, mas se manteve numa posição intermediária.
De que outras formas o Estado pode subir no ranking da educação? Acelerando a prometida implantação do turno integral. Aqui entra a necessidade de outra mudança cultural: os pais precisam ser convencidos de que é bom para seus filhos passar mais tempo na escola, em vez de fazer bico para ganhar um dinheirinho.
Os Estados que avançaram oferecem dinheiro para as famílias que mantêm os filhos na escola, dão prêmios aos professores que conseguem melhores resultados e aos alunos que fecham o ano com nota acima de 6 (de 10) e frequência superior a 75% das aulas.
A escola de tempo integral exige professores comprometidos e estimulados? De novo, a resposta está nos Estados do topo do ranking: oferecendo gratificação para que os professores tenham dedicação exclusiva àquela escola. Raquel propôs um adicional de R$ 2,5 mil, mas o governo ainda não colocou a ideia em prática.
Uma gratificação também evitaria a debandada dos mentores que deveriam fazer o acompanhamento presencial, visitando as escolas semanalmente para identificar os problemas a serem corrigidos.
Raquel Teixeira começou a implantar as mudanças na educação em Goiás em 1999, com a radiografia de cada escola e a definição de metas. Hoje, o Estado está entre os primeiros no Ideb e Goiânia é uma das capitais com melhor desempenho.