Bolsonaro está custando caro para os partidos que (ainda) o apoiam. Por um lado, as manifestações golpistas, estimuladas por um histórico de questionamento às instituições pelo chefe da nação e pelo silêncio adotado por ele desde o fim das eleições, mostram o caráter violento desse movimento e evidenciam o ridículo de quem contesta a democracia. Essa consequência é difícil de se mensurar.
Mas o custo é também financeiro. Ao entrar com um pedido capenga e sem provas de anulação do segundo turno das eleições por suposta fraude nas urnas, o PL pretendia atacar, mas acabou na defensiva na esfera judicial. A ação era completamente injustificada não apenas pela falta de evidências, mas também porque ignorava que a eleição aconteceu em dois turnos e que eles usaram as mesmas urnas eletrônicas. Portanto, se as urnas eram fraudadas, havia que se anular a eleição inteira.
Só que o PL foi o partido que mais elegeu deputados federais, o que tornava não muito interessante para ele perder os votos do primeiro turno. Aí que se evidenciou a má fé do pedido, argumento utilizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a determinar uma multa de R$ 22,9 milhões à coligação, que está toda com o fundo partidário bloqueado até que o valor seja pago.
Além de PL, compõem a coligação “Pelo Bem do Brasil” o PP e o Republicanos. O PP, você deve lembrar, esteve ao lado de praticamente todos os governos desde a redemocratização. É um partido conservador que gosta de ocupar espaços junto ao poder.
O Republicanos não fica para trás e já vai tirando o corpo fora. “Não tenho nada a ver com isso. Eu não fui consultado se era para entrar com essa ação ou não. E, se fosse, teria dito que não”, disse o presidente do partido, Marcos Pereira, à CNN.
Ou seja, tinha partido que só queria ficar ali de boa e curtir seu fisiologismo como sempre fez e agora tem o fundo partidário bloqueado por causa de uma manobra político-judicial do partido do presidente que não aceita que perdeu a eleição.
Até quando aceitarão pagar esse preço por alguém que sequer aparece para ajudar a fortalecer o movimento golpista em sua defesa?
Cris Rodrigues
Coordenadora de redes sociais
Brasil de Fato
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