O juízo do tempo
O juízo do tempo
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Por ANGELO CAVALCANTE*
Para Valdeci Cavalcante, Adão Brito e Manoel da Conceição.
O coronel Carlos Brilhante Ustra, em total e absoluta conformidade com a tirania e que se instalou no Brasil a partir de 1964, não apenas indagava, interrogava comunistas e militantes sociais; aliás, dialogar era o que a “coisa Ustra” menos fazia.
Sua expertise, seu primor era atrepar homens e mulheres em paus-de-arara e por horas e dias, impor suplícios inenarráveis nos corpos e nas intimidades dos seus prisioneiros.
É clássico, conhecido e mundialmente conhecido, seu estranho e bizarro modus de ação contra mulheres – nem visto no mais elevado tempo do nazismo – onde socava, enfiava ratos, lacraias e outros rastejantes em seus orifícios.
Reparem no tamanho do brutalismo desse ser… Em certa feita, arremessou uma prisioneira despida, desacordada, coberta de hematomas em uma solitária fria, úmida e miúda na companhia de serpentes.
Nesse paralelo, faz tempo que corre nos espectros da internet, as imagens de Eduardo Bolsonaro, o assumido e militante traidor do Brasil, trajando camiseta com a abjeta imagem do rosto de Ustra.
Em sua compulsão interminável por impor sevicias às suas vítimas, ante a resistência de uma delas a entregar seus companheiros, Ustra sequestrou seu filho de quatro anos e o levou para assistir a mãe ser torturada, seccionada.
O bebê, confuso e vulnerável, apenas repetia: “mamãe você está roxa!”. A mãe, fingindo algum equilíbrio, respondia: “Está tudo bem, meu amor… Está tudo bem!”.
Ora, foi no governo de Bolsonaro que Ustra e sua memória de sangue e ódio fora resgatada com declarações absurdas e efusivas, comendas e homenagens para, inclusive, sua viúva, a senhora Joseita Brilhante Ustra e que, por sinal, tenta revisionar, reescrever a própria história brasileira a fim de converter seu marido, aberto torturador de, pelo menos, 60 pessoas e responsável direto pelo desaparecimento de outras 500, como espécie de “redentor” do Brasil.
(Contando ninguém acredita!)
Amanhã, 02 de setembro, por sinal, todo o mal, toda a perversão e desumanidade representada por Bolsonaro e daquilo que defende, estará no banco dos reus.
De uma forma ou de outra, Ustra, um demônio que envergonha perpetuamente o Brasil e a humanidade, também estará diante das frias e impassíveis barras da justiça!
Por todos – TODOS – os que foram presos, torturados e desaparecidos… Que a justiça seja feita!
Sem anistia!
*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
E-mail : angelo.cavalcante@ueg.br
Foto de capa: IA
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