Obrigar escolas a abrirem
NOVO quer obrigar escolas a abrirem em bandeira preta e durante “catástrofes naturais”
O Partido NOVO, contumaz serviçal da morte e defensor do lucro como único imperativo moral, articula para esta quinta-feira (25) a votação de uma emenda na Assembleia Legislativa que proibirá o fechamento de escolas independente da gravidade da pandemia.
O texto, a ser acrescentado ao PL 144/20, é de um autoritarismo que ultrapassa as raias do ridículo, pretendendo obrigar o funcionamento das instituições mesmo durante “catástrofes naturais”.
Sob o disfarce de tornar a educação “atividade essencial”, a emenda ignora a situação de absoluta calamidade vivenciada pelo estado e o consenso científico a respeito da urgência em aumentar o rigor nas políticas restritivas.
Para a surpresa de ninguém, também não propõe qualquer medida extra de segurança a fim de proteger as vidas da comunidade escolar.
A justificativa, divulgada em nota no site do partido cuja leitura recomendamos pela constatação do caráter simplório e obtuso, apela ao chavão de sempre: “garantir o direito à educação”.
Ora, este é o mesmo partido que defende o fim do investimento mínimo em educação, tentou a todo custo desfigurar o Fundeb e desviar seus recursos para o ensino privado e ataca a categoria diuturnamente.
Por óbvio, a bancada do Novo não tem uma palavra a dizer sobre os verdadeiros ataques ao acesso à educação, a exemplo do número recorde de escolas fechadas por Eduardo Leite ou a redução de 40% da oferta de EJA em menos de um ano.
O deputado Fábio Ostermann sequer se dá ao esforço de encontrar uma desculpa plausível, citando estudo da OCDE que aponta queda de 1,5% no PIB por conta dos efeitos da suspensão das atividades presenciais. Omite, no entanto: a projeção realizada pelo órgão se dará até o fim deste século.
Na cabeça dos parlamentares do NOVO, vale mais evitar uma retração global de 1,5% do PIB em 80 anos do que a perda de incontáveis vidas no presente.
A emenda serve, portanto, a um único objetivo: dar de beber à sede de dinheiro de grupos privados de ensino e entidades patronais como o Sinepe/RS, que já demonstraram não ter qualquer pudor em sua pulsão de morte.
Apelamos aos deputados da casa: rejeitem esta proposta ignorante e imoral. Ainda é tempo de arregaçar as mangas e trabalhar pela vacinação ampla e irrestrita da comunidade escolar, viabilizar uma política de testagem em massa e por mais recursos humanos, físicos e financeiros para a educação pública.
Queremos voltar. Mas, para aprender e ensinar, é preciso ter saúde!