Observatório da Educação 2019

Observatório da Educação 2019

Observatório da Educação aponta redução de investimentos na rede pública do RS

Sofia Cavedon (centro) participa do lançamento do Observatório da Educação nesta terça | Foto: Celso Bender/AL-RS

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Da Redação

A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa lançou nesta terça-feira (16) o Observatório da Educação Pública no Rio Grande do Sul. Trata-se de um documento que busca realizar um diagnóstico da educação gaúcha nos últimos dez anos a partir do cruzamento de dados da educação pública do Estado com parâmetros nacionais.

“Nossa meta é, a partir deste diagnóstico, proporcionar reflexões, críticas e proposições que venham acumular no sentido da qualificação da educação pública e do acesso a ela”, disse Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão.

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O Observatório analisou dados disponibilizados pelas secretarias da Fazenda, da Educação, de Planejamento e Gestão; pelo Ministério da Educação, pelo INEP, Ministério Público Tribunal de Contas, entre outras instituições, e cruzou com resultados aferidos pelos sistemas de avaliação Saegs, IDEB, Censo Escolar, entre outros indicadores.

Nas 88 páginas do relatório, são avaliados questões como a execução orçamentária entre 2007 e 2018; a valorização profissional; o censo escolar da rede estadual; a infraestrutura e serviços; os indicadores de avaliação da aprendizagem e desenvolvimento da educação; a aprovação, reprovação e abandono nas escolas da rede; o sistema de avaliação escolar (Saers); a Educação de Jovens e Adultos (EJA); a educação do campo, a especial e a indígena; o programa Mais Educação; a escola de tempo integral; o programa Escola Aberta para a Cidadania; transporte escolar, a FICAI (Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente); e sobre a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

O relatório pode ser acessado aqui.

Redução de recursos

A partir de dados da Sefaz corrigidos pela inflação, o relatório aponta que, em 2007, no primeiro ano de governo Yeda Crusius (PSDB), a Secretaria de Educação (Seduc) registrou R$ 6,7 bilhões em despesas liquidadas. Após aumento de investimentos no governo de Tarso Genro (PT) levarem o orçamento executado da R$ 9,7 bilhões em 2014, atingiu o ápice no primeiro ano de governo Sartori, R$ 9,9 bilhões. No entanto, os investimentos em educação passaram a ser gradualmente reduzidos, chegando a R$ 8,4 bilhões em 2018. Isso significa que, em 2015, 33,7% da receita líquida de impostos e transferências do estado era destinado para a educação, caindo para 26,7% em 2018.

Menos concursados, mais temporários

Em 2006, o RS tinha 74.163 professores efetivos e 11.223 em contratos temporários. Desde então, o número de professores efetivos caiu para 41.995 (em março de 2019) e o de efetivos subiu para 18.493. Isso significa que o número de professores totais caiu de 85.386 para 60.488.

Queda nas matrículas e abandono escolar

Por outro lado, o número de alunos também vem caindo. Em 2007, a rede estadual registrou 1.323.853 matrículas de um total de 2.607.501 alunos de ensino básico no Estado. |Em 2018, a rede estadual tinha 880.168 alunos de um total de 2.325.876 do ensino público e privado do RS. No entanto, o Tribunal de Contas aponta que 380.366 crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos (idade obrigatória) estão fora da escola, o que representa um total de 16,8% da população desta idade no RS. A média brasileira é de 5,7%.

O relatório aponta, a partir do FICAI (Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente) — instrumento de acompanhamento e busca de estudantes que abandonam a escola, que os níveis de abandono são maiores nos anos finais do Ensino Fundamental e na faixa etária de 15 a 17 anos. Os principais motivos para evasão seriam: negligência e distorção idade/série.

Fechamento de escolas e estrutura

O Observatório aponta que, entre 2012, quando se atingiu o número máximo de escolas registradas no período, e 2018, foram fechadas 77 escolas no Estado.

Fonte: Observatório da Educação Pública no Rio Grande do Sul

Em termos estruturais, o percentual de escolas estaduais com internet saltou de 82%, em 2010, para 91%, em 2018. Contudo, em 2016, 97% das escolas tinham acesso a internet. O percentual de escolas com banda larga também caiu de 83%, em 2016, para 74%, em 2018. Também foi registrada queda no número de computadores disponíveis para os alunos, que chegaram a 47.372, em 2014, e eram 35.375, em 2018, o menor número desde 2011.

Em 2018, das 2.545 instituições de ensino existentes na rede, somente 20 (menos de 1%) tinham bibliotecários. No mesmo ano, cerca de 10% das bibliotecas de escolas estaduais estavam fechadas (em torno de 250) total ou parcialmente, por falta de funcionário ou espaço físico. O relatório aponta ainda que 1.774 escolas tinham laboratórios de informática, 1.058 tinha laboratórios de ciências, 1.038 tinham quadras esportivas, 802 tinham dependências acessíveis (sendo 741 com sanitários acessível) e 1.166 tinham sala para atendimento especial. Apenas 72% tinham sala de professores.

Avaliação

O relatório observa que, mesmo com redução de investimentos e recursos na formação continuada, os indicadores de aprendizagem demonstram avanços gradativos, mas não atingem as metas definidas pelo IDEB nas séries finais do Ensino Fundamental e Médio. No Ensino Médio, o IDEB registra a queda de desempenho em 2017 inclusive pelo aumento do índice da reprovação. O SAERS, Sistema próprio de avaliação mostra uma curva ascendente na proficiência em Português e Matemática tanto no 6º ano do Ensino Fundamental quanto no primeiro ano do Ensino Médio.

 

https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/2019/07/observatorio-da-educacao-aponta-reducao-de-investimentos-na-rede-publica-do-rs/




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