ENTREMENTES, via João Mendonça, Brasília

- CLEYCE MOREIRA: "Não é para aliviar a responsabilidade sobre os organizadores da COP 30, mas seria interessante lançarmos um olhar mais crítico sobre a organização das COPs como um todo, que tem deixado bastante a desejar.

Durante a COP 15, realizada na esbelta, imponente e civilizada Dinamarca, no ano de 2009, houve manifestações massivas de grupos ambientais, confrontos com a polícia, detenção de centenas de manifestantes. No âmbito organizacional, o fracasso foi estrondoso. Faltou água para algumas delegações; o credenciamento, mal realizado, gerou caos; enormes filas causaram lentidão, impaciência e descontentamento; ONGs e delegações não conseguiram acessar locais da conferência, sendo impedidas de entrar por deficiência de planejamento e coordenação. Mas, claro, Copenhague nem de longe foi alvo de críticas tão depreciativas e ofensivas como a sede da COP 30.

Mencionei o exemplo de Copenhague, por ser a Dinamarca um país extremamente desenvolvido, educado e organizado, muito distante da realidade do Brasil. Por isso mesmo, o vexame por lá foi muito maior.

Poderia ainda citar outros exemplos, como, ora vejam só, Bonn (onde fica mesmo esta cidade?), em 1999, COP 5, em que houve muitas reclamações sobre o transporte dos participantes; falta de salas e estrututa para as reuniões paralelas.

Kyoto, 1997, COP 3, em que a estrutura era pequena para o tamanho das negociações. Foram necessárias sessões noturnas extensas, tornando as reuniões extenuantes, pois o suporte logístico fora inadequado, o que levou à necessidade de redigir o documento final às pressas. Também transcorreram distúrbios de acesso.

Em Madri, no ano de 2019, COP 25, considerada a COP com maior número de improvisos, houve falhas no credenciamento, confusão na aquisição das passagens aéreas, queixas barulhentas às acomodações, enfim, a logística desastrosa foi a marca da COP de Madri.

A COP 29 em Baku, Azerbaijão, teve sérias dificuldades de acomodação para ONGs e delegações pequenas

Em Glasgow, COP 26, em 2021, ocorreram insuficiência de hospedagens, dificuldade de entrada nos pavilhões, havendo formação de filas extensas, bem como não foram cumpridas normas de acessibilidade.

Enfim, não é nada fácil realizar uma COP, ainda mais quando há tanta gente, dentro do próprio país, desdenhando e torcendo contra, antes mesmo do evento começar.”

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