Página trágica da nossa história

Página trágica da nossa história

 

 

Bem amigos!

É isso...

Fechamos essa página trágica da nossa história.

Há uma diferença abissal entre o esquecimento por amnésia e o esquecimento por superação. O primeiro é uma falha, um apagão que nos condena a repetir os erros. O segundo, contudo, é uma conquista. É o "direito ao esquecimento" que a alma brasileira clama agora: o direito de não ser mais assombrada pelo fantasma do escárnio, da grosseria e, acima de tudo, da crueldade institucionalizada.

Virar a página não significa rasgá-la. A história, com sua tinta indelével feita de lágrimas e luta, permanecerá lá. O capítulo sombrio onde a ciência foi ridicularizada e a falta de ar foi imitada em tom de deboche está escrito. Ninguém apagará a dor das setecentas mil famílias que viram cadeiras vazias à mesa de jantar. Essas vidas não são notas de rodapé; são o texto principal de nossa tragédia recente.

Honrá-las é, justamente, não permitir que o responsável por esse abismo continue a ditar a pauta dos nossos dias.

Dizem que o tempo cura, mas o tempo precisa de auxiliares. A Justiça é um deles. Para que possamos verdadeiramente "esquecer" a figura nefasta que ocupou o poder, para que ele se torne apenas um vulto num livro de história empoeirado, é preciso que a impunidade não seja o desfecho. O "virar a página" exige o som metálico da lei sendo cumprida. A prisão não é apenas uma punição física; é o símbolo de que a civilidade venceu a barbárie. Que ele apodreça, não apenas no cárcere, mas no ostracismo de sua própria irrelevância perante um país que escolheu voltar a respirar.

Estamos exaustos. Cansados da batalha diária contra a mentira, contra o ódio destilado em grupos de mensagens, contra a celebração da morte. O direito ao esquecimento, neste caso, é o direito de voltar a falar de vida. De voltar a planejar o futuro sem o medo constante de um rompante autoritário. É o direito de ver o Brasil ser notícia pela sua cultura, pela sua gente, e não pelo seu pária.

Novos tempos exigem novos ares. O ar que faltou nos hospitais agora precisa sobrar em nossos pulmões na forma de liberdade e esperança. Que a página vire, pesada e definitiva. E que, do outro lado, encontremos não o esquecimento dos nossos mortos, mas a justiça por eles.

Que o silêncio que ele impôs a tantos se torne agora o silêncio que o envolverá em sua cela. E que nós, sobreviventes e construtores do amanhã, possamos finalmente pegar a caneta e escrever, em letras garrafais:

NUNCA MAIS.

  • Ricardo Furtado

 

FONTE:

https://www.facebook.com/photo/?fbid=3324888394326459&set=a.104549543027043&locale=pt_BR




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