Pandemia se agrava no mundo
Quadro da pandemia se agrava no mundo.
ALERTANDO
Jorge Venancio - Conselheiro Nacional de Saúde.
Na Europa, estão situados sete dos dez países com maior quantidade diária de novos casos e cinco dos dez com maior quantidade de mortes. Apenas no último sábado, a Europa atingiu 242.775 novos casos e 3.764 óbitos, segundo o site Worldometers.
Nos Estados Unidos, também a situação é muito grave: a média móvel semanal de novos casos diários está hoje em 159.402, segundo a JH University. A quantidade de óbitos no sábado foi de 1.257.
No Brasil, embora a crise no sistema de informática do Ministério da Saúde possa mascarar os dados com uma queda artificial, tudo indica que está também havendo uma subida de casos e óbitos. Segundo os dados da JHU, a média móvel de 7 dias de casos subiu de 13.664 para 28.858. Uma parte disso pode ser causado pelo problema na centralização de dados pelo Ministério, mas não é provável que isso justifique todo o acréscimo. A média móvel de óbitos está em 491, segundo o consórcio de imprensa, com aumento de 22% sobre 14 dias atrás e elevação em 14 das 27 unidades da Federação.
Vacinas
O fato mais importante da semana foi a suspensão pela Anvisa por 38 horas do estudo da Coronavac. Ocorreu um evento adverso em São Paulo, que a imprensa apurou junto à Polícia, através do Boletim de Ocorrência, tratar-se de um caso de suicídio. Ou seja, era um evento adverso manifestamente não relacionado à vacina e que, portanto, não justificava a suspensão. As informações enviadas pelo Butantã eram insuficientes, mas a Anvisa tinha como solicitar complementação. A Conep, por exemplo, preferiu convocar ainda na sexta dia 6 uma audiência virtual com os pesquisadores para esclarecer todas as dúvidas.
Já a Anvisa preferiu suspender primeiro a pesquisa na segunda e só realizar a audiência na terça pela manhã. Resultado: os esclarecimentos foram dados, os documentos foram todos entregues, segundo a própria Anvisa, na mesma terça, e eles tiveram que liberar a pesquisa na quarta pela manhã. Fica claro que a confusão desnecessária criada tem a ver com o negacionismo da pandemia, o preconceito contra a China e a tentativa de atrasar uma vacina que pode atrapalhar a tentativa de reeleição presidencial.
Outro fato destacado na imprensa foi o anúncio da laboratório Pfizer de que sua vacina teria 90% de eficácia. Não ficou claro se esta informação era originária ainda da fase II ou se já vinha de resultados parciais da fase III (o que parece mais provável).
É uma informação positiva, já que trata-se de uma nova tecnologia, que até hoje não produziu nenhuma vacina registrada. No entanto, dois obstáculos para a sua utilização massiva chamam a atenção:
a) ela precisa ser conservada a 80 graus negativos, o que cria problemas de logística de dificílima solução para ser usada por esse país continental.
b) o preço pelo qual ela foi vendida para o governo Trump foi de 20 dólares / dose.
O presidente da Pfizer disse que haveria preços diferenciados para países intermediários (como o Brasil) e outro para países pobres, sem informar valores. No entanto, a diferença em relação aos preços da AstraZeneca – 3 dólares / dose e da Coronavac – 2 dólares / dose chama a atenção. Considerando que são necessárias duas doses para a imunização de cada habitante, o preço já praticado pela Pfizer implicaria só para aquisição de vacinas uma despesa proibitiva para o SUS de mais de 45 bilhões de reais.
A expectativa é que nos próximos 45 dias os primeiros resultados das pesquisas de fase III comecem a aparecer e haja condições então de solicitar o registro à Anvisa. Esta inclusive anunciou que está enviando uma missão à China para inspecionar a produção de insumos da Coronavac e da vacina de Oxford, que também utiliza produtos chineses. Essa etapa faz parte da análise do registro de cada uma das vacinas, em caso de eficácia e segurança na fase III.
copiado do facebook de Nei Sena