Papo-cabeça

Papo-cabeça

Papo-cabeça…

Por que foi, e é tão fácil embarcar nas "fakenews"?

09/07/2023

 

As razões para a crença nas notícias falsas são complexas, relacionadas, entre outros fatores, com a própria personalidade e atitude em relação ao conhecimento real e aos fatos. Fakenews costumam apelar às emoções e instintos, e as “preferências” individuais. A estória de cara-crachá ou o “sapato certo para o pé doente”. Há afinidades… poucas ou muitas, talvez até almas gêmeas nesse meio.

Reflita por um minuto, por que uma notícia afetaria você, se são suas convicções, preconceitos ou ideologia? O que te gera ódio? Teu antagonista? O humanismo ideológico? Porque só o ódio viraliza… e reverbera!

Sabemos que diversos mecanismos cognitivos também distorcem a percepção humana.São as hipóteses e afirmativas que nos convém… Hoje, as Fakenews são uma doença social moderna de comunicação. Além disso, elas constituem uma forma atraente para interagir com outros indivíduos, e conquistar atenção e aprovação.

Então, fica a segunda pergunta: como adquirir resistência às fakenews?

Um provável primeiro passo seria reconhecer a própria suscetibilidade a manipulação, e sua subjetividade. Só a autopercepção e o metaconhecimento podem servir como um antídoto! Outro recurso no combate às notícias falsas seria "prebunking", um "desmascaramento prévio", sensibilizando o público sobre a desinformação antes mesmo que ele seja exposto a ela. Por exemplo: antes de uma eleição, onde se conta com histórias falsas para manipular o eleitorado, valeria considerar uma campanha de informação pertinente.

Mas existem particularidades que listamos aqui, como:

1- Viés cognitivo…

Esse é um termo que se vê muito nesse contexto, designando tendências do raciocínio humano que é difícil se libertar. Resumindo: quando alguém "engole" notícias falsas, em geral entram em jogo suas crenças e noções preconcebidas do mundo (o que especialistas descrevem como "parcialidade" ou "viés confirmatório").

"Se eu ouço algo que quero ouvir, por estar alinhado com minhas opiniões políticas, sim, aí é que eu vou acreditar mesmo." Fato é, que de um modo ou de outro, todo mundo é tendencioso. Fato!

2- Viés da intuição…

Outro viés frequente é o de confiar prematuramente na própria intuição. Isso acontece quando parece supérfluo ou trabalhoso demais conferir a veracidade de uma informação antes de aceitar, comentar ou compartilhá-la.

Muitas pessoas só leem as manchetes maliciosas que induzem a conclusões precipitadas, e não leem os artigos propriamente ditos. Uma conduta errática que a maioria faz.

3- Efeito manada…

"Bandwagon effect" é traduzível como "efeito arrastão" ou "efeito da moda". É a tentação de sempre "ir atrás do bloco", se orientar pela opinião alheia em vez de formar uma própria. No contexto das fakenews, indica a tendência de acreditar mais numa informação se muitos outros também creem.

Quando uma postagem tem muitos compartilhamentos e curtidas na rede, tende-se a confiar na inteligência coletiva - embora haja que fale antes de "instinto de rebanho". O problema é que quase todos fazem o mesmo e, como mencionado, a maioria compartilha e curte sem conhecer os detalhes do conteúdo. E indignação coletiva viraliza!

4- Persistência da cisma…

Há o fenômeno de "persistence of inaccuracy" (persistência da imprecisão ou cisma). Não é incomum alguém insistir numa informação errônea, falseada, mesmo que ela tenha sido corrigida posteriormente. É a mentira que satisfaz o Ego e justifica a persistência nela.

5- Persistência do ódio…

Além desses vieses cognitivos, as fakenews funcionam tão bem porque os humanos são muito mais guiados pela emoção, do grau que se dão conta. É justamente devido a esse aspecto emocional que uma notícia falsa se propaga seis vezes mais rápido do que uma verdadeira. Pelo ódio!

"A maioria das fakenews é altamente emocional, contém sentimentos negativos, tendendo a provocar indignação imediata no receptor da mensagem. E sabe-se que as pessoas, quer queiram, quer não, se envolvem com essas informações ultrajantes, provocadoras, que ganham muito mais probabilidade de viralizarem.” E assim uma fakenews é montada num gabinete de marketing do ódio barato, ódio fácil, para um tipo de linchamento moral, público, e assim polarizar e manipular massas.

6- O fator sombrio da personalidade… (à caminho da psicopatia).

Um estudo recente realizado em 2022 pela Universidade de Würzburg, na Alemanha, pediu-se que 600 participantes avaliassem a veracidade de diversas afirmações. A conclusão foi que traços individuais de cada personalidade, como os lados obscuros, psicóticos (com psicopatias) existentes, latentes, ou não reconhecidos, somado à convicções epistêmicas pós-fatuais, aumentam a suscetibilidade em aceitar as notícias falsas.

Para aferir as convicções dos participantes relativas a conhecimento e fatos, viu-se que quanto mais os participantes acreditavam em suas opiniões, mais difícil lhes era distinguir entre afirmativas verdadeiras e falsas. E menos eles acreditavam na existência de fato, ou queriam saber da verdade. Essas são convicções epistêmicas pós-fatuais:

O ‘fator sombrio de personalidade', núcleo de todos os traços de personalidade e seu lado obscuro, como narcisismo ou já alguma psicopatia. Eles são denominados obscuras por estarem associados a comportamentos que não se aprovam numa sociedade justa e humanista.

Note que para aqueles dotados de um forte fator sombrio de personalidade, a própria vantagem pessoal é o mais importante. Todo o resto se torna subordinado, inclusive a verdade sob certas circunstâncias. Então a questão para eles não é se uma informação é verdadeira ou não, mas se os beneficia, serve a seus interesses ou lhes vale como justificativa, como “os fins justificam os meios”. Note que esses traços de personalidade obscura e uma “compreensão problemática do conhecimento” costumam estar associados e se manifestam bastante cedo na vida.

7- Caçador de likes…

Outro forte impulsionador de fakenews é que curtir, comentar e compartilhar informação na internet seria, em primeira linha, uma forma de intensa interação social, e os usuários "muitas vezes se envolvem na mídia social para sentir que estão participando de algo grande e serem reconhecidos por isso". As pessoas usam as redes sociais para que os outros gostem delas, para conseguir atenção, ser reconhecidas, validadas.

O exemplo também ilustra aqueles internautas ou grupos que compartilham fakenews, não por terem caído no engano, mas simplesmente para se divertirem e aos outros. Mesmo que não as considerarem verdadeiras. É parte do vício, manter o ódio aceso. Porque a Indignação coletiva viraliza! O ódio idiotiza e contamina como uma virulência se expandindo na velocidade da luz… nas redes. Enquanto a verdade vem devagar à pé, ou no máximo à cavalo

(uma analogia claro)… Fatooo…

 ZTPM

Terra Notícias

FONTE:

https://www.terra.com.br/amp/noticias/por-que-e-tao-facil-embarcar-nas-fake-news,1fd2b59187a4a7ae274f3fe7ff7727a7y8kird4l.html?fbclid=IwAR12Aeiz5BrK76nZBjCbVVS3j_6Izft7GcNNaOKMIYggJMcfq6IUTagb-0Y 




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