Parceria gera evasão escolar e demissão
Melo e Leite fazem parceria que vai gerar evasão escolar e demissão de professores
A parceria entre Secretaria Municipal de Educação (SMED) e Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) para a transferência dos 6º anos nas escolas municipais para as estaduais e a transferência dos 1ºs anos do fundamental das escolas estaduais para as municipais, esconde uma manobra que gera evasão escolar e demissão de professores. A mudança ocorre de forma totalmente arbitrária, sem diálogo algum com as comunidades e com os profissionais da educação e sem transparência. Trata-se de um ataque brutal ao direito à educação pública, pois dificulta o acesso à escola para as famílias que terão que se deslocar muitas vezes para outro bairro para que seus filhos sigam estudando.
Diego Nunes - segunda-feira 24 de novembro

Imagine que você tem dois filhos um no primeiro ano e o outro no sexto ano do ensino fundamental, na mesma escola a poucas quadras da sua casa. Todos os dias, antes de ir para o trabalho, leva seus filhos para a escola. Imagine que você é uma mãe solteira e periférica e o sustento para si mesma e seus filhos saem do seu suor. De repente o Estado e o município decidem que um dos seus filhos irá para uma escola diferente em outro bairro. Essa é uma situação hipotética, mas é a realidade de muitas famílias das 29 escolas que serão afetadas com essa mudança e que tem gerado revolta nas comunidades escolares.
Agora, imagine que você é professora de um primeiro ano numa escola estadual, trabalha sob um regime de contrato temporário há anos. Realizou todos os concursos que pôde e passou, mas nunca foi nomeada para o cargo que já ocupa. De repente o estado lhe dispensa porque sua turma vai fechar e supostamente abrir no município. É importante usar aqui a palavra "supostamente", porque não há nenhuma garantia e nem transparência que a quantidade de vagas será a mesma. Você é alfabetizadora, não é professora do sexto ano, será cedida para o município? Não sabe, ninguém lhe informa nada.
A verdade é que a municipalização das séries iniciais e a estadualização das séries finais esconde evasão escolar e demissão de professores. Mas o problema não para por aí. É parte de uma visão neoliberal na educação que trata a escola como empresa, onde alunos, professores e funcionários são meros números, uma visão que ignora totalmente que a escola é feita de vínculos que são indissociáveis do processo de aprendizagem. Essa política de municipalização e estadualização servirá para romper muitos dos vínculos de aprendizagem estabelecidos e no fundo dificultar o acesso das populações mais periféricas à educação pública.
A escola pública que, por meio desses governos neoliberais, já funcionam como uma hierarquia de mando e obediência seguindo os moldes de gestão empresarial, aponta para a privatização. A única forma de lutar contra esse projeto devastador na educação é ampliando os espaços de debate democrático com as comunidades. A exemplo da assembleia com a comunidade que ocorreu na escola Afonso Guerreiro Lima na Lomba do Pinheiro. As comunidades das escolas municipais Mariano Beck e Nossa Senhora de Fátima no Bairro Bom Jesus também mostram o caminho, na semana passada protestaram na Avenida Ipiranga contra o fechamento das turmas dos seus filhos.
É preciso contrapor a gestão empresarial dos governos com uma verdadeira gestão democrática, levada à frente pelas comunidades, que possa decidir o rumo das suas escolas por meio de assembleias de base que encaminhe democraticamente os meios de resistir. Para isso é fundamental que as direções sindicais tanto do CPERS (estado) quando do SIMPA/Atempa (município) construam grandes campanhas de mobilização em defesa da educação pública e da gestão democrática viabilizando assembleias em cada escola com as comunidades escolares, dando voz e respeitando as decisões de quem vive o chão da escola. Nesta terça-feira (25) ocorrerá uma ato, às 9h da manhã, em frente ao Palácio Piratini que marchará até a prefeitura. Uma mobilização muito importante mas que não garante a liberação para professores paralisarem suas escolas e participarem. É preciso exigir das direções sindicais uma assembleia unificada entre educadores do estado e município de Porto Alegre para construir uma campanha séria contra este ataque.
Veja a lista das escolas estaduais e municipais envolvidas nesta transição:
Escolas municipais:
Antonio Giúdice
Mariano Beck
João Belchior Marques Goulart
Judith Macedo de Araújo
Jean Piaget
João Antônio Satte
Lauro Rodrigues
Aramy Silva
Gabriel Obino
Nossa Senhora de Fátima
América
Martim Aranha
Escolas estaduais:
José Garibaldi
Antão de Faria
General Ibá Ilha Moreira
Araújo Porto Alegre
Araújo Viana
Ministro Poty Medeiros
Bento Gonçalves
Vinte de Setembro
América
Osório Duque Estrada
Rafael Pinto Bandeira
Baependi
Lea Rosa Recchini Brun
Coelho Neto
Dr. Martins Costa Jr.
Machado de Assis
Piauí
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