Pesquisa sobre desigualdades na educação

Pesquisa sobre desigualdades na educação

 

Projeto reúne dados públicos e facilita pesquisa sobre desigualdades na educação

Ferramenta interativa lançada pelo Cenpec permite cruzamentos de informações referentes à educação básica brasileira

por Redação 27 de setembro de 2021


Navegar pelos dados do Censo Escolar e cruzar informações sobre os contextos de estudantes, escolas e territórios com os números de reprovação, distorção idade-série e abandono escolar. Esses são alguns recortes possíveis da ferramenta interativa “Painel de desigualdades educacionais no Brasil”, lançada pelo Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária).

Dados detalhados sobre a formação inicial dos mais de 2,1 milhões de professores do país também estão disponíveis na plataforma, que tem por objetivo organizar o acesso às informações públicas sobre educação básica. O Painel reúne os estudos de 2015 a 2020 do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) sobre o Censo Escolar. Um espaço para o compartilhamento das pesquisas realizadas na plataforma, intitulado “Comunidade de ações para a equidade”, será disponibilizado em breve.

“O Painel tem um papel de ser educativo, ou seja, de sensibilizar e apoiar famílias, estudantes, professores, além de toda a sociedade, na construção de ações de enfrentamento dessas desigualdades educacionais”, explica o diretor de pesquisa e avaliação do Cenpec, Romualdo Portela de Oliveira.

Algumas conclusões

Em 2020, estima-se que 342.806 estudantes deixaram de frequentar a escola, sendo 294.254 das regiões urbanas. A maior incidência está no ensino médio: 69,9%. A equipe ressalta, contudo, o fato de algumas redes terem optado por prolongar o ano letivo até 2021 – ou seja, nem todas as situações de abandono escolar foram informadas na pesquisa.

Quando se busca, por exemplo, a distorção série-idade nos últimos cinco anos, verifica-se queda nos percentuais em quase todo Brasil, com exceção dos estados de Roraima (com aumento de 9,9%) e de Santa Catarina (com crescimento de 6,3%). Em 2020, entre os 5.807.374 estudantes que fazem parte desse grupo, 21,6% não haviam declarado sua raça. “O racismo é um fenômeno tão forte e tão entranhado na sociedade brasileira que muitas vezes não é reconhecido como tal. Um exemplo da dificuldade do enfrentamento ao racismo se expressa no número de estudantes que não declararam sua raça/cor”, analisam os pesquisadores do Cenpec.

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De acordo com a presidente do Conselho de Administração do Cenpec, Anna Helena Altenfelder, a ferramenta possibilita o entendimento do contexto histórico. “Quando trazemos dados como o dos alunos, de sexo, raça e outros marcadores sociais, queremos olhar para essas informações de desigualdade para, assim, entender quais caminhos podemos seguir”, afirma.

Confira, a seguir, a íntegra do webinário de apresentação do Painel, que reuniu, além da equipe do Cenpec, o ex-ministro da educação e atual presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Renato Janine, e a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialista em educação e relações étnico-raciais, Petronilha B. Gonçalves e Silva.

 




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