Pesquisa, volta das aulas presenciais
Pesquisa Fórum: 7 em cada 10 brasileiros são contra a volta das aulas presenciais
Foto Divulgação Governo de São Paulo
A retomada das aulas presenciais em meio à pandemia do novo coronavírus é rejeitada por 7 em cada 10 brasileiros – ou, mais exatamente, por 72,1% da população. É o que mostra a 5ª edição da Pesquisa Fórum, realizada entre os dias 21 e 24 de agosto em parceria com a Offerwise.
O levantamento mostra que as mulheres são ainda mais resistentes a que as escolas voltem a receber os estudantes. Entre elas, 78,8% são contra a retomada. O índice entre os homens ficou menor, com 64,6% contrários.
Para evitar o contágio dos estudantes e de suas famílias, os governos estaduais e municipais suspenderam as aulas em março deste ano, tanto em escolas públicas quanto em particulares. Os conteúdos, então, passaram a ser lecionados de maneira remota. Mas, desde que as atividades econômicas começaram a ser retomadas, protocolos e datas para a reabertura das escolas entraram no debate pelo país.
Manaus foi a primeira cidade a ter a volta dos estudantes da rede pública, limitada ao ensino médio, em 10 de agosto. No entanto, dois dias depois, ao menos duas escolas tiveram que suspender as atividades novamente devido à contaminação de professores. Em 15 dias de retomada, já havia registro de 342 docentes com Covid-19 confirmada. Por causa disso, o governador Wilson Lima (PSC) adiou a retomada do ensino fundamental por tempo indeterminado.
Mesmo assim, a região Norte é onde a retomada das aulas encontra “menos” resistência, de acordo com a 5ª Pesquisa Fórum. Por lá, 69% responderam que são contra. A seguir aparece o Nordeste, com 70% de rejeição. No Sudeste, 71,8% se dizem contrários à volta dos alunos. No Centro-Oeste são 73,8% e, na região Sul, 77,2% não querem que os estudantes retornem às aulas presenciais.
Embora com ampla maioria contrária ao retorno em todas as faixas de renda, há diferenças nos índices entre elas. A maior reprovação está entre os que ganham entre 10 e 20 salários mínimos: 77,5% são contrários. A seguir aparecem praticamente empatados na rejeição da retomada os que ganham entre 2 e 3 salários mínimos (75,2%) e os que recebem até 2 mínimos (75,1%).
Na faixa mais rica entre os pesquisados (20 a 50 salários mínimos), 73,3% não querem a reabertura das escolas tão cedo. Por fim, 65,5% dos que têm renda entre 3 e 5 mínimos e 64,6% daqueles que ganham de 5 a 10 pisos nacionais se disseram contra a retomada.
No corte por escolaridade, a pesquisa revela que 73,4% dos brasileiros com ensino fundamental, 70,7% daqueles com ensino médio e 73,1% de quem tem ensino superior não quer que a volta das aulas presenciais.
Como está o planejamento
O Pará deve ser o próximo estado a retomar as aulas nas escolas, com previsão de início em 1º de setembro. Haverá escalonamento para a volta, mas o decreto assinado nesta semana já fixou a data.
Na segunda-feira, o governo fluminense deve apresentar à Assembleia Legislativa um plano para a retomada, com protocolos sanitários, volta gradual e distanciamento. Se for aprovado, a expectativa é que as escolas sejam reabertas a partir de 15 de setembro, a princípio.
Já o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), deu entrevista nesta sexta-feira (28) descartando que as aulas na capital baiana sejam retomadas em setembro.
No Estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) previu a volta primeiramente para 8 de setembro e, agora, para 7 de outubro, tanto na rede pública quanto na privada.
No entanto, a Apeoesp – sindicato dos professores da rede estadual – é contra a volta das atividades presenciais ainda neste ano, por entender que traria risco de contaminação elevado.
A entidade denuncia que muitas unidades não têm nem sabonete ou toalha de papel nos banheiros, o que impossibilitaria a higienização correta para alunos, professores e funcionários. E ainda convocou para a tarde desta sexta-feira (28) um ato ecumênico em frente à Secretaria da Educação para manifestar sua posição.
Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que só pretende tomar uma decisão no próximo mês, com dados de um novo inquérito sorológico nos estudantes. O último, divulgado nesta quinta-feira (27), mostrou que 18,3% deles já tinham sido infectados com a Covid-19.
Nas cidades do ABC, os prefeitos já anunciaram que as aulas não serão retomadas neste ano.
Pesquisa inova com metodologia
A 5ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de agosto e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”
Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico”, sustenta.
Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, etc”, acrescenta.