Piso regional foi discutido
Piso regional foi discutido por sindicalistas, empresários e parlamentares
Em reunião na ALRS, parlamentares, centrais sindicais, Fiergs, Farsul e Fecomérico trocaram farpas e argumentos sobre o tema
Por César Fraga / Publicado em 20 de outubro de 2021
Reunião com o presidente da Assembleia Legislativa do RS (ALRS), Gabriel Souza(MDB), parlamentares e representantes das centrais sindicais, da Fiergs, da Farsul e da Fecomércio
Foto: AssCom CUT-RS/Divulgação
Ocorreu na tarde desta quarta-feira, 19, reunião com o presidente da Assembleia Legislativa do RS (ALRS), Gabriel Souza, parlamentares e representantes das centrais sindicais, da Fiergs, da Farsul e da Fecomércio. Na pauta, o reajuste do salário mínimo do RS, também chamado de piso regional.
A matéria está na pauta da Assembleia ainda sem prazo para ser votada. A proposição é do deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), que é o relator da subcomissão do piso regional, criada com prazo de funcionamento de 120 dias, e do projeto do governador que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Sem reajuste desde 2019, sindicalistas reivindicam a reposição salarial de 10,3% no piso regional para amenizar perdas sofridas nos últimos anos. O Governo Eduardo Leite sinalizou até agora, com 2,73%. Representantes empresariais da indústria, agronegócio e comércio presentes na reunião pedem que o piso seja extinto. Foi consenso entre empresários durante o encontro, que aumentar o salário mínimo regional significaria “aumentar inflação, impedir o crescimento e andar para trás”.
Avaliação da reunião
“De positivo, foi o encontro que tivemos com o presidente da ALRS, com o deputado Mainardi, relator da matéria e com os deputados Zé Nunes e Valdeci Oliveira. Diálogo sempre é bom. Mas, com todo o respeito, aqueles caras (representantes empresariais) são uns canalhas”, protesta o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antonio Güntzel, o Antônio Sapateiro.
“A proposta deles é extinguir o salário mínimo regional, enquanto nós estamos pedindo 10,7% de reposição. É uma situação em que, como cemtrais sindicais, nós colocamos nossa proposta e argumentamos nossas razões e eles sequer as consideraram”, explica.
O sindicalista informa que haverá um ato político em favor do Piso Regional nesta quinta-feira, às 10 horas, em Frente ao Palácio Piratini, antes de audiência pública sobre o tema, na Assembleia Legislativa. “Todos que puderem, compareçam!”, convida Antônio.
Foto: AssCom CUTRS / Divulgação
Audiência pública
O tema será debatido em audiência pública da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Assembleia Legislativa, na próxima quinta-feira, 21, às 10 horas, no Teatro Dante Barone, em formato misto (presencial, com número limitado de participantes, e virtual pelo site da ALRS).
Campanha pelo Piso Regional
O Fórum das Centrais Sindicais do RS lançou na última segunda-feira,18, a campanha unificada em defesa do salário-mínimo do RS, o piso regional. Na ocasião, a bancada do PT na Assembleia Legislativa se somou à luta dos trabalhadores e trabalhadoras, pois considera inadmissível que, diante da carestia e após dois anos sem reajuste, o governador Leite proponha apenas 2,73%. As centrais sindicais reivindicam 10,3% já e a imediata construção de uma mesa de negociação envolvendo executivo, legislativo, trabalhadores e empresários. O vice-líder da bancada, deputado Luiz Fernando Mainardi, acompanhou a coletiva de apresentação da campanha.
Segundo Guiomar Vidor, presidente da CTB, o reajuste do salário-mínimo não gera desemprego. “Sem reajustar salários, o RS tem 8,3% de desemprego, portanto não é o mínimo regional qee gera desemprego”, disse. A campanha foi criada com o objetivo de conquistar o reajuste e sobretudo a solução para o piso regional, que está defasado e correndo o risco de ser extinto. Para Vidor, no RS o comportamento do governo Leite é ainda pior que o do governo Bolsonaro.
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, disse que o governo se omite ao oferecer apenas 2,7% de reajuste quando a inflação já passa de dois dígitos. E o que a classe trabalhadora está querendo nada mais é do que a recuperação. “Foi preciso um Nobel de economia vir para dizer que o reajuste do salário mínimo não gera desemprego, pois movimenta a economia e só empresário muito tacanho para não admitir que o reajuste gera desenvolvimento e movimenta a economia”, disse.
Relator da matéria
O deputado Luiz Fernando Mainardi, que coordena a Subcomissão para Tratar do Piso Regional do Rio Grande do Sul, composta, também, pelos parlamentares Fernando Marroni (PT), Zé Nunes (PT) e Eric Lins (DEM), disse que a campanha deve ser permanente para disputar na sociedade a consciência de classe e a importância do tema do salário para a população de baixa renda “O grande desafio colocado para os trabalhadores da iniciativa privada e os trabalhadores públicos é o debate sobre como os governos neoliberais estão tratando os trabalhadores”, disse. Para Mainardi, o governo desconsidera o piso, ao propor ¼ da inflação do período. “Vamos lutar pelos 10,3%, mas é preciso uma política estadual de reajuste com ganhos reais”, defendeu.