Poder de compra do SM em 2021
Salário mínimo já perdeu R$ 62 em poder de compra em 2021
O salário mínimo, de R$ 1.100 em 2021, está perdendo poder de compra rápido ao longo do ano, conforme a inflação avança e torna itens do dia a dia mais caros.
Desde janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o indicador oficial de inflação da baixa renda, já subiu 5,9%, numa das maiores altas para o período em duas décadas.
É, em oito meses, mais do que a inflação de outros anos inteiros. Em 2020, por exemplo, o INPC foi de 5,5% e, em 2019, 4,5%.
Com isso, o salário mínimo, que foi reajustado pela última vez em janeiro, já perdeu R$ 62 de seu poder de compra: descontada a inflação, os R$ 1.100 de janeiro são o equivalente, hoje, a R$ 1.038, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Ou seja: ter R$ 1.100 na mão, agora, compra o que, em janeiro, custava R$ 1.038, na média.
Reajuste anual
O salário mínimo deve ser reajustado todo ano pelo menos para recompor a inflação do ano anterior, um direito que é garantido pela Constituição Federal.
Esses reajustes são feitos pelo governo anualmente, geralmente em janeiro, e é normal, com isso, que o salário mínimo vá perdendo um pouco de seu poder de compra conforme os meses passam e a inflação avança.
Ou seja, o piso nacional sempre chega ao fim do ano capaz de comprar um pouco menos do que comprava no início.
Como neste ano, porém, muitos itens começaram a ficar caros demais, essa mordida nos salários ficou mais rápida e mais intensa.
“A velocidade com que o salário mínimo vem perdendo poder de compra ficou muito rápida”, disse Ilmar Silva, economista do Dieese. “E, para uma pessoa que vive com uma renda de R$ 1.100, qualquer R$ 62 faz diferença, sim.”
Inflação maior para os mais pobres
Silva destaca, ainda, que a dinâmica atual da inflação está especialmente mais cruel para os mais pobres, que têm uma parte muito maior do salário comprometida com itens básicos da casa – justamente onde estão os maiores aumentos.
“A alta mais considerável aconteceu no grupo de alimentação, que é o que vai trazer a maior preocupação para as famílias de renda mais baixa. Cerca de 25% do orçamento deles é com alimentação”, disse.
Em 2021, considerado o acumulado entre janeiro e agosto, os preços dos alimentos nos supermercados subiram 4,7%, de acordo com os dados do INPC.
E, se 2020, os vilões foram o arroz e o óleo de soja, em 2021, são as carnes (+8,4%), o frango (+11%), a margarina (+15%) e o café (+17%) que também resolveram pesar no carrinho.
Além disso, a conta de luz sobe 10% só neste ano, o gás encanado já ficou 14% mais caro desde janeiro e, o botijão, 23%.
Também estão na lista a gasolina, que já subiu 30% e, o etanol, 40%. “Os combustíveis afetam menos a baixa renda, que não tem carro, mas acabam influenciando no preço dos alimentos e de uma série de outras coisas [pelo transporte]”, explica Silva.
Não à toa, a inflação da baixa renda está correndo na frente da inflação geral: enquanto o INPC, que considera a cesta de consumo daquelas que ganham até cinco salário mínimos, sobe 5,9% de janeiro a agosto, o IPCA, que é a inflação da população geral, sobe 5,7%.
Em 12 meses, o IPCA chegou a 9,7%, enquanto o INPC já passou dos dois dígitos e chegou aos 10,4% em um ano até agosto. Os dois indicadores são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: CNN Brasil - 15/09/2021
http://www.mundosindical.com.br/Noticias/View.aspx?id=50359&idc=55738
Para dar conta do custo de vida, salário mínimo deveria ser de R$ 5.583
No governo Bolsonaro, o aumento no custo de vida parece não ter limites. Em agosto, a inflação registrou o maior índice para o mês em 21 anos. Está tudo tão caro que somente recebendo um salário mínimo de R$ 5.583 uma família teria condições de garantir o básico, como moradia, educação, alimentação e saúde.
Os números são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada na última semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O estudo é feito mensalmente e leva em consideração os gastos básicos de dois adultos e duas crianças.
O valor do salário mínimo ideal calculado é mais de cinco vezes superior ao salário mínimo real estipulado pelo governo (R$ 1.100). Tal diferença mostra o quanto o brasileiro está sofrendo para pagar as contas no final do mês.
A situação é pior para os mais pobres, já que itens essenciais às famílias brasileiras subiram muito acima da média, como a alimentação. O custo médio da cesta básica aumentou em 13 capitais, segundo o Dieese. Porto Alegre foi a que registrou a cesta mais cara (R$ 664,67), seguida por Florianópolis (R$ 659), São Paulo (R$ 650,50) e Rio de Janeiro (R$ 634,18).
O aumento corresponde à inflação de itens essenciais como o feijão, o arroz e o óleo de soja. No período de 12 meses (setembro de 2020 a agosto de 2021), o feijão fradinho ficou 40,3% mais caro, o arroz 32,7% e o óleo de soja 67,7%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IBGE ainda afirma que a inflação está mais disseminada, ou seja, atinge cada vez mais itens de consumo. Transportes (1,46%), alimentação (1,39%), vestuário (1,02%) artigos de residência (0,99%), habitação (0,68%), despesas pessoais (0,64%), educação (0,28%) e comunicação (0,23%) também ficaram mais caros em agosto.
Campanha Salarial
A Campanha Salarial é o momento dos trabalhadores lutarem pela reposição do poder de compra. Em todo o país, importantes categorias têm suas datas-base entre agosto e novembro. A organização dos metalúrgicos é exemplo de luta para outros trabalhadores e tem de ser fortalecida não apenas na Campanha, mas em todos os dias do ano.
“O salário mínimo ideal calculado pelo Dieese é fundamental para entendermos o nível de exploração dos trabalhadores e o quanto é difícil arcar com as contas do mês. Sob o governo Bolsonaro ficou ainda mais difícil. Já passou a hora de dar um basta e dos trabalhadores tomarem a frente na luta pela saída do presidente”, afirma a diretora do Sindicato Luciene da Silva.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos - 15/09/2021