Possibilidades da Reforma administrativa
Reforma administrativa amplia possibilidades de demissão; veja detalhes
Proposta prevê desligamento por baixo desempenho e sem necessidade de decisão transitada em julgado
Membros do ministério da Economia detalharam a reforma administrativa encaminhada ao Congresso na manhã desta quinta-feira (3). O texto prevê mudança na forma de contratação, amplia critérios para a demissão e exclui benefícios de servidores públicos. Algumas mudanças de vínculos valem para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A estabilidade dos servidores que já ingressaram no serviço público não será alterada, e os salários dos atuais funcionários do Estado não serão reduzidos.
Forma de contratação
O atual regime jurídico é único, no qual o servidor tem garantido o instituto da estabilidade, independentemente da natureza de sua função. Para cargos típicos de Estado, a reforma prevê experiência prévia de dois anos e estabilidade garantida após três anos de ingresso no cargo público. Atualmente, a estabilidade é conquistada automaticamente. Os cargos típicos de Estado serão definidos por meio de Projeto de Lei a ser encaminhado ao Congresso.
Para os demais cargos, será exigido no mínimo um ano de experiência para ser efetivado no funcionalismo. A forma de ingresso segue por concurso.
A equipe econômica justificou essa mudança na estabilidade com o fato de que o vínculo do funcionário público com o Estado dura em média 59 anos, incluindo o tempo de serviço, a aposentadoria, e a pensão, o que oneraria em excesso a máquina pública.
Contratação de profissionais temporários
A reforma administrativa sugere que sejam ampliadas as situações em que são permitidas as contratações de profissionais temporários.
Estágio probatório
A reforma cria o vínculo de experiência, como uma etapa do concurso público, que terá o objetivo de avaliar o candidato. Os mais bem colocados nesta fase serão efetivados. O período do estágio probatório vai variar de um a dois anos. O ministério da Economia objetiva, com isso, melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à população.
Acumulo de cargos
De acordo com o novo modelo, haverá ampliação nas possibilidades de conciliar as atividades públicas e privadas. O servidor poderá acumular mais de um cargo, desde que haja compatibilidade de horário e não haja conflito de interesses. Porém, para o ocupante de cargo típico do Estado, será permitido apenas conciliar com atividade de docência ou na área da saúde.
Demissão
As previsões para o desligamento do funcionário público atualmente se resumem à infração disciplinar ou sentença judicial transitada em julgado.
Pelo novo modelo, o desempenho insuficiente seria incluído como critério para a demissão, e não seria mais necessário aguardar o trânsito em julgado. Decisões judiciais proferidas por órgão colegiado serão suficientes.
Segundo o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Wagner Lenhart, cerca de 0,2% dos funcionários foram demitidos desde 2016. “Em nenhuma hipótese haverá decisão arbitrária por parte da administração”, garante.
Vantagens e benefícios
A reforma administrativa pretende eliminar benefícios de funcionários públicos que estão distantes da realidade dos demais cidadãos. Veja as mudanças:
- Vedação de licença-prêmio;
Atualmente, a cada cinco anos efetivos, o funcionário tem direito a uma licença de três meses para tratar de assunto pessoal.
Pelo novo modelo, o servidor poderá tirar licença apenas para capacitação profissional.
- Nenhuma concessão de aumento terá efeito retroativo;
- Períodos de férias serão limitados a 30 dias;
- Veda o adicional no salário por tempo de serviço ;
- Veda a aposentadoria compulsória como punição ao funcionário público;
- Veda a redução de jornada sem redução de remuneração, exceto em casos motivados por problemas de saúde;
- Veda a promoção baseada apenas no tempo de serviço, sem merecimento;
- Veda incorporação ao salário de valores referentes ao exercício de cargos e funções;
Gestão
A reforma prevê a criação de regras básicas para a gestão de pessoas. Os órgãos terão autonomia para definir, por exemplo, política remuneratória e de benefícios.
Autonomia
O novo modelo de administração pública dá ao chefe do Executivo autonomia para readequar cargos e estruturas, podendo extinguir postos e órgãos, unir autarquias etc. Essa medida visa a redução ou não aumento de despesas.
Contratos
A reforma administrativa abre a possibilidade de contratação de pessoal temporário com recurso próprio de cada órgão.
Justificativas
O secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do ministério da Economia (SEDGG/ME), Caio Mário Paes de Andrade, usou como argumento para a necessidade da reforma a grave situação fiscal do Brasil. Em 2019, a despesa da União com servidores ativos e empregados de estatais dependentes foi de R$ 109,8 bilhões, enquanto que em 2008 o gasto foi de cerca de R$ 45 bilhões, de acordo com a pasta.
Tipos de vínculo
Cinco modelos de vínculo empregatício estão previstos pela reforma administrativa:
a) Experiência: como etapa do concurso público, o vínculo inicial será marcado por um período de experiência de 1 a 2 anos, dependendo do tipo de cargo almejado. Ao fim desta fase, o candidato poderá ser contratado ou não, dependendo de seu desempenho.
b) Cargos típicos de Estado: são funcionários que exercem funções consideradas indispensáveis para o funcionamento da máquina pública. O Congresso deverá definir quais profissiões se enquadram neste quesito.
c) Cargos com vínculo por prazo indeterminado: irão compor a maior parte do funcionalimo, exercendo funções administrativas, técnicas ou especializadas.
d) Vínculos por prazo determinado: serão os servidores contratados para exercer funções temporárias
e) Cargos de liderança e assessoramento: seriam os atuais chamados "cargos de confiança", qeu passariam a ser contratados por meio de processo simplificado e, uma pequena parcela, por livre indicação.
Reforma Administrativa: estágio probatório de até 10 anos
Larissa Lustoza 03/09/2020
Entre as mudanças previstas no serviço público, a Reforma Administrativa modificará o período do estágio probatório. O texto traz a possibilidade de o período ser de até 10 anos, dependendo da carreira.
As informações foram divulgadas pelo jornal O Antagonista. Segundo o veículo, a única carreira que não terá a estabilidade modificada são as Carreiras Típicas de Estado – clique aqui e saiba mais sobre este tipo de carreira.
Além disso, as novas medidas valeriam apenas para servidores do Poder Executivo, sem incluir o Legislativo ou Judiciário.
Outra mudança prevista na Reforma Administrativa é a respeito dos salários. A proposta prevê a diminuição dos salários iniciais e aumentar a remuneração do topo das carreiras, criando novos estágios.
Benefícios e vantagens como licença-prêmio e algumas gratificações seriam extintas.
O envio da proposta da Reforma Administrativa já foi confirmado nesta quinta-feira (3/9). Agora, o Congresso Nacional precisa realizar a votação da PEC.
Carreiras de estado: cargos não atingidos pela Reforma Administrativa
Como dito acima, as únicas carreiras que teriam a estabilidade sem modificações seriam as Carreiras Típicas de Estado.
Carreiras de estado ou Carreiras Típicas de Estado são aquelas que exercem funções relacionadas à expressão do Poder Estatal.
Geralmente, elas são as carreiras ligadas ao núcleo estratégico do Estado, exigindo maior capacitação e responsabilidade.
A Reforma Administrativa deixará em aberto o que são carreiras Típicas de Estado, precisando de uma regulamentação posterior para definição mais concreta.
Geralmente, cargos de segurança pública, ligados à tributação ou a um serviço que precisa ser exercido pelo Estado fazem parte das carreiras típicas de Estado.
Por isso, estão incluídos, por exemplo:
- Auditor Fiscal Estadual
- Auditor Fiscal Federal (Receita Federal)
- Agências de Regulação, como Anvisa, Ana, Anatel, Anac
- Servidores do TCU
- Funcionários do Banco Central
- Forças Armadas
- Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal
Com isso, quais concursos públicos continuam com estabilidade?
Ainda há chances de fazer parte do serviço público e com a garantia da estabilidade. Nas carreiras acima, há diversos cargos que estão com previsão de concursos públicos – alguns, inclusive, bem quentes.
Confira abaixo quais são:
CONCURSO POLÍCIA FEDERALCarreira de segurança pública federal é considerada como carreira típica de Estado, portanto estabilidade deve permanecer. A boa notícia é que há um novo concurso Polícia Federal previsto, com falas do presidente afirmando que autorização saíra em breve. São previstas 2 mil vagas.
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CONCURSO POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
Assim como a Polícia Federal, a PRF também é abrangida em carreira típica de Estado, com a estabilidade garantida. Boa notícia também é que há um concurso PRF previsto para ocorrer com edital lançado ainda este ano, se os desejos da instituição forem seguidos. Previsão é de 2,6 mil vagas para policiais.
CONCURSO RECEITA FEDERAL
Por ser uma atividade ligada à fiscalização de tributos, a Reforma Administrativa não deverá atingir tão impactantemente o órgão. A carreira de Auditor Fiscal da RFB deve permanecer com estabilidade garantida. Último concurso está expirado e a Receita Federal apresenta um alto déficit de servidores.
CONCURSO TCU
Novo concurso TCU está previsto desde o início do ano, após autorização da seleção para Auditor. Fontes internas avisaram à equipe de jornalismo do Direção Concursos que já havia até banca escolhida, a Cebraspe. No entanto, pandemia paralisou o andamento do certame. Remuneração inicial é por volta de R$ 30 mil.
Larissa Lustoza
Graduada em Jornalismo, já foi estagiária na área de Assessoria de Comunicação na Secretaria de Cultura do Distrito Federal, repórter por um ano no projeto de extensão da faculdade e estagiária no jornal online Metrópoles. Além disso, possui habilitação em design gráfico e em Lei de Acesso à Informação.