Precariedade de escolas estaduais
Cpers/Sindicato denuncia precariedade de escolas estaduais no RS
Caravana do Sindicato percorreu 186 instituições de ensino, de 59 municípios, constatando desde falta de energia elétrica e água potável até prédios interditados pela ameaça de cair sobre os estudantes
Por Cristina Ávila / Publicado em 2 de dezembro de 2021
Escola de Ensino Fundamental José Carlos Ferreira, localizada no bairro Partenon, em Porto Alegre
Atualmente, o percentual aplicado pelo governo estadual em manutenção e desenvolvimento do ensino não passa de 27% do orçamento público, chegando a 16% se descontados custos com aposentados, quando a Constituição prevê 35%, denunciou a diretoria do Cpers/Sindicato nesta quinta-feira, 2 de dezembro, em coletiva à imprensa.
A caravana do Cpers percorreu 17.800 quilômetros, entre os dias 11 e 26 de novembro. “Das 186 escolas que visitamos, 58 estão com graves problemas de estrutura ou de recursos humanos. Em Porto Alegre, temos escolas sem luz, pois toda a fiação foi roubada. A segunda maior escola de Uruguaiana está completando um ano sem luz”, relatou a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
Em 13 escolas foram encontrados problemas graves na rede elétrica, cinco sem luz nenhuma. “Tem escolas que, se ligar o ar condicionado, todos os computadores da secretaria deixam de funcionar. Foi encontrada também uma escola sem água potável”, comentou ela.
Prédios interditados
O telhado ameaça desabar em seis das escolas visitadas. Ela lembrou o desabamento do telhado da escola Tuiuti, em Gravataí, região metropolitana da capital, em 2019. Essa é uma das maiores instituições públicas estaduais da região do município, com 1 mil alunos. “Só não houve uma tragédia porque um dia antes do telhado cair a diretora tirou as crianças da sala”.
Professores e funcionários
A presidente do Cpers criticou a inoperância do governo durante toda a pandemia, em que os estudantes, professores e funcionários não estavam em sala de aula e poderiam ter sido feitas obras de reparo. “Foi um ano e oito meses e nada foi feito para recuperar o mínimo. São sete anos de descaso total. Professores e funcionários desmotivados, endividados. E sem mínimas condições de estrutura. Esse é um resumo breve”.
A diretoria do sindicato enfatizou entre outros pontos o abandono das escolas indígenas, não apenas no interior, mas também na região metropolitana de Porto Alegre
“Voltaremos pra estrada. É uma promessa que vamos cumprir a partir do ano letivo do ano que vem. Só visitamos 186 escolas das mais de 2 mil do estado. Vamos acompanhar em 2022 as obras e a falta de obras nas escolas do Rio Grande do Sul. Queremos melhorias tanto quanto a valorização dos trabalhadores da educação”.
Na próxima terça-feira, 7, o dossiê será entregue à Secretaria de Estado de Educação e aos 55 deputados da Assembleia Legislativa.
Confira alguns dos registros
PORTO ALEGRE – IE Professora Gema Angelina Belia
Dois pavilhões estão interditados há dois anos. Problemas na rede elétrica, infiltrações e cupins comprometem as estruturas. Auditório, sala de educação física e laboratórios de biologia, química e física tiveram que ser transformados em sala de aula. Cerca de dez delas estão comprometidas.
GUAÍBA – EEEF Nossa Senhora do Livramento
Obras inacabadas há seis anos. Pegou fogo e construção de novo prédio iniciou e foi suspensa em 2018, por falta de pagamento à empresa contratada.
MONTENEGRO – Colégio Doutor Paulo Ribeiro Campos
Há dois anos sem energia elétrica. Ao total são 13 salas de aula, laboratório de informática, refeitório e biblioteca sem luz.
TAQUARA – EEM Willibaldo Bernardo Samrsla (Ciep)
Há anos, a caixa d’água está ameaçada de desabamento.
CARAZINHO – Escola Indígena Kame Mre Kanhkre
Uma ruína, sem portas e janelas. Um professor atende 14 alunos de 1ª a 5ª série multisseriada.