Precarização no chão da escola

Discurso no microfone, precarização no chão da escola: Eduardo Leite, queremos valorização real e condições dignas para viver e trabalhar
Enquanto o governador Eduardo Leite (PSD) utilizava os microfones da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (18), para promover um “balanço” de seus sete anos de governo, a realidade vivida nas escolas estaduais segue distante do discurso oficial. Em meio a uma fala cuidadosamente construída para o marketing, o que faltou foi compromisso com os fatos, respeito com quem sustenta a educação pública e, principalmente, respostas concretas para os problemas que seguem se acumulando no cotidiano das escolas.
Mais uma vez, o governador optou por desprezar as(os) educadoras(es) aposentadas(os), que dedicaram uma vida inteira à escola pública e agora são tratadas(os) como se tivessem “vantagens demais”. Leite afirmou que quase 90% dessas(es) servidoras(es) recebem hoje o piso na integralidade, mas convenientemente esqueceu de mencionar os longos anos sem qualquer reajuste, que resultaram em uma defasagem histórica de cerca de 70%, consequência direta de suas próprias reformas nas carreiras, responsáveis por retirar direitos e aprofundar injustiças históricas.
Outro ponto grave é o completo apagamento das funcionárias e funcionários de escola. Em nenhum momento da entrevista o governador mencionou qualquer política de valorização concreta ou melhoria real para essas(es) profissionais, como se as escolas funcionassem sozinhas, sem merendeiras, serventes, secretárias(os) e tantas(os) outras(os) trabalhadoras(es) essenciais ao cotidiano escolar. Vale destacar que, na última semana, foi deflagrada uma operação que expôs o fracasso do modelo de terceirização na contratação dessas(es) profissionais, evidenciando mais uma vez os problemas estruturais e a precarização promovida pelo governo.
Em uma fala marcada por zero autocrítica, o governador elencou como grandes feitos o pagamento de salários em dia — como se cumprir a lei fosse um favor — e o chamado 14º salário, vendido como benefício universal, mas que, na prática, depende do cumprimento de metas e índices. Metas essas que deveriam ser alcançadas com investimentos estruturais, valorização profissional e condições adequadas de trabalho, e não com cobrança e sobrecarga.
Quanto às promoções, mais uma vez o governo tenta transformar promessa em marketing. Após mais de um ano do anúncio, educadoras e educadores seguem aguardando a efetivação das promoções, que não saíram do papel e não se traduziram em valorização concreta, reforçando o abismo entre o discurso oficial e a realidade vivida nas escolas.
O auge da desconexão com a realidade veio com a exaltação do reajuste no vale-refeição. Um aumento de R$ 26,92 foi apresentado como avanço significativo, ignorando que esse valor não acompanha o custo de vida, não garante alimentação digna e soa até como deboche diante de salários defasados, jornadas exaustivas e da precarização das condições nas escolas estaduais.
O que o governo chama de valorização, na prática, é encenação. É propaganda. É discurso vazio. Enquanto isso, educadoras(es) seguem adoecendo, aposentadas(os) seguem desrespeitadas(os) e as escolas seguem funcionando à base de esforço, resistência e compromisso da categoria, não por mérito do governo.
Diante desse cenário, o CPERS reafirma: não aceitaremos que a educação pública seja reduzida a peça de marketing. Queremos valorização real, respeito, políticas públicas concretas e condições dignas para viver e trabalhar. O próximo ano será decisivo para barrarmos o avanço do projeto neoliberal que precariza as escolas estaduais e transforma direitos em mercadoria. Seguiremos em luta por um projeto que olhe de fato para a realidade da educação pública e para quem a mantém funcionando todos os dias. Basta de governo virtual, nota zero na vida real
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