Preço da cesta básica dispara

Preço da cesta básica dispara

Inflação: preços dos alimentos da cesta básica disparam em nove capitais

São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre são as capitais com maiores reajustes da cesta básica. Custo dos alimentos já consome mais de 120 horas de trabalho

Da Redação / Publicado em 6 de julho de 2022

 

O banqueiro Paulo Guedes, ministro da economia de Bolsonaro, comemorou em junho a “desaceleração” da inflação de 0,47% em maio e a breve redução do custo dos alimentos, enquanto o país bate em 12% no acumulado de 12 meses em um cenário de fome, desemprego e crescimento zero.    Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Em junho, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em nove das 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 777,01), seguida por Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$ 733,14). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 549,91), Salvador (R$ 580,82) e João Pessoa (R$ 586,73).

A comparação do valor da cesta entre junho de 2022 e junho de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 13,34%, em Vitória, e 26,54%, em Recife.

No ano de 2022, o custo da cesta básica apresentou alta em todas as cidades, com destaque para as variações de Natal (15,53%), Aracaju (15,03%), Recife (15,02%) e João Pessoa (14,86%).

Entre maio e junho, as maiores altas ocorreram no Nordeste, nas cidades de Fortaleza (4,54%), Natal (4,33%) e João Pessoa (3,36%). Oito cidades apresentaram reduções, sendo que as mais expressivas foram registradas no Sul: Porto Alegre (-1,90%), Curitiba (-1,74%) e Florianópolis (-1,51%).

Salário mínimo defasado

Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em junho de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em maio, o valor necessário era de R$ 6.535,40, ou 5,39 vezes o piso mínimo. Já em relação a junho do ano passado, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.421,84, ou 4,93 vezes o valor vigente na época, de R$ 1,1 mil.

 

 

Alimentos custam 120 horas de trabalho

Em junho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 26 minutos, maior do que o registrado em maio, de 120 horas e 52 minutos. Em junho de 2021, a jornada necessária ficou em 111 horas e 30 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em junho de 2022, 59,68% do rendimento para adquirir os produtos da cesta, pouco maior do que o de maio, quando o foi de 59,39%. Em junho de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 54,79%.

Leite entre os mais caros da cesta básica

O leite integral e a manteiga registraram aumento de preços em 17 cidades, entre maio e junho. Para o leite UHT, as maiores altas ocorreram em Belo Horizonte (23,09%), Porto Alegre (14,67%), Campo Grande (12,95%) e Rio de Janeiro (11,09%).

No caso da manteiga, destacam-se as elevações observadas em Campo Grande (5,69%), Belém (5,38%) e Recife (3,23%). Em 12 meses, todas as cidades apresentaram acréscimo de preço nos dois produtos.

Para o leite UHT, as maiores variações acumuladas foram registradas em Belo Horizonte (48,89%), Florianópolis (46,70%) e Porto Alegre (44,55%).

Para a manteiga, as taxas oscilaram entre 10,28%, em Goiânia e 23,85%, em Campo Grande. O período de entressafra e o impacto da estiagem nas pastagens reduziram a oferta do leite que, somada aos altos custos de produção, com alimentação do gado e medicamentos, resultaram em elevação do preço do produto no campo.

Do lado da demanda, tem havido disputa entre as indústrias de laticínios na compra da matéria-prima para a produção dos derivados lácteos.  Todos esses fatores ocasionaram a alta dos preços médios do leite UHT e da manteiga.

Pão francês com alta acima dos 10%

O preço do quilo do pão francês subiu em 15 das 17 cidades pesquisadas em junho e os percentuais mais expressivos foram observados em Belém (10,29%), Salvador (3,36%) e Natal (3,21%).

A farinha de trigo, que é coletada no CentroSul, teve seu preço majorado em todas as capitais, com destaque para as variações em Brasília (6,64%) e Vitória (5,49%).

Em 12 meses, o preço do pão francês apresentou alta em todas as cidades, sendo que as maiores ocorreram em Salvador (30,32%) e Aracaju (28%).

Em igual período, o valor médio da farinha de trigo acumulou aumentos entre 22,55%, em Vitória e 45,94%, em Belo Horizonte. Apesar do preço internacional estar em queda, no Brasil, a baixa oferta de trigo no país e a taxa de câmbio desvalorizada elevaram o preço do grão e dos seus derivados.

Feijão preto recua

O valor do quilo do feijão carioquinha subiu em todas as cidades onde é pesquisado (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo), e apresentou taxas de variação entre 3,67%, em Belém e 13,74%, em Recife.

Em 12 meses, destacam-se os percentuais registrados em Goiânia (40,96%), Salvador (34,77%) e São Paulo (30,27%). As altas foram explicadas pela baixa oferta do grão. O preço do feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, diminuiu em todas as capitais (Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Vitória e no Rio de Janeiro), devido ao bom resultado da produção nacional que aumentou o volume de grãos comercializados e levou à redução das cotações.

Entre maio e junho, as quedas oscilaram entre -5,99%, em Florianópolis e -2,17%, em Curitiba. Em 12 meses, todas as cidades tiveram recuo de preços, com destaque para Vitória (-11,96%).

Café amargo

O preço do quilo do café em pó cresceu em 13 capitais. As principais altas ocorreram em São Paulo (4,43%), Belém (3,31%) e Recife (3,31%).

Em 12 meses, houve aumento em todas as cidades, com variações que oscilaram entre 66,32%, em Belo Horizonte e 105,16%, em Vitória. Apesar do avanço da colheita, a oferta foi menor e o preço seguiu com tendência de alta.

Batatas: aumento de 111,18% em 12 meses

A batata apresentou queda de preço em todas as cidades, consequência da maior oferta em razão da intensificação da colheita da safra de inverno. As reduções mais expressivas foram registradas em Campo Grande (-19,60%), Florianópolis (-16,31%) e Belo Horizonte (-14,72%). Em 12 meses, porém, todas as capitais mostraram taxas positivas acumuladas entre 30,00%, em Curitiba e 111,18%, em Vitória.

Cesta em SP: R$ 777,00

Em junho de 2022, a cesta básica da cidade de São Paulo apresentou queda de -0,12% em relação a maio. Foi a mais cara entre as capitais pesquisadas e atingiu o valor de R$ 777,01. Em comparação com junho de 2021, a cesta acumulou elevação de 23,97%. Na variação acumulada ao longo do ano, o aumento foi de 12,53%.

Em junho, entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, oito tiveram aumento nos preços médios na comparação com o mês anterior: leite integral (9,30%), feijão carioquinha (5,78%), café em pó (4,43%), farinha de trigo (3,10%), pão francês (1,44%), manteiga (0,76%), óleo de soja (0,67%) e banana (0,33%).

Os outros cinco produtos apresentaram redução no preço médio: batata (-10,40%), tomate (-4,70%), açúcar refinado (-2,11%), arroz agulhinha (-0,74%) e carne bovina de primeira (-0,42%).

Alta acumulada da cesta básica

No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 12 dos 13 produtos da cesta: batata (92,13%), café em pó (83,14%), tomate (75,44%), óleo de soja (32,83%), feijão carioquinha (30,27%), açúcar refinado (30,22%), leite integral (29,66%), farinha de trigo (28,51%), banana (25,87%), pão francês (19,87%), manteiga (19,21%) e carne bovina de primeira (6,99%). Apenas o arroz agulhinha acumulou taxa negativa (-6,53%).

Em junho, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.212,00, precisou trabalhar 141 horas e dois minutos para adquirir a cesta básica. Em maio de 2022, o tempo de trabalho necessário foi de 141 horas e 13 minutos, e, em junho de 2021, de 125 horas e 21 minutos.

Considerando o salário mínimo líquido, em junho de 2022, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador precisou comprometer 69,31% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em maio de 2022, o percentual foi de 69,39% e, em junho de 2021, ficou em 61,60%.

 

https://www.extraclasse.org.br/economia/2022/07/inflacao-precos-dos-alimentos-da-cesta-basica-disparam-em-nove-capitais/?fbclid=IwAR21MZdvJc8OaHVjp3k1yCPer2U4BwWdP1C2M5Aj544xON2l6IwRP1nnRI8 




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