Premiar professores(as) com base no IDEB
Por que premiar professores(as) com base no IDEB é uma péssima ideia
Bonificação não é política pública e nem valorização profissional
Ratinho Junior dorme, sonha e acorda pensando nos números do IDEB. Vale tudo para manter a joia da coroa da propaganda governamental, inclusive sacrificar o real aprendizado, estimular a competição entre escolas e culpabilizar professores(as) por eventuais resultados abaixo do esperado.
A mais nova estratégia para produzir índices foi anunciada nesta terça-feira (8). Profissionais de escolas estaduais que apresentarem evolução no IDEB receberão um bônus de R$ 3 mil. Prêmio que, disfarçado de valorização, expõe as entranhas da política educacional imposta à rede estadual desde 2019.
Primeiro, é evidente que sobra dinheiro nos cofres do Paraná. Ao invés de investir na valorização profissional dos(as) educadores(as), que amargaram neste ano perdas salariais superiores a 40%, o governo prefere sequestrar o recurso para chantagear a categoria e manter em movimento a máquina de produzir resultados em testes padronizados.
Em um momento em que a APP-Sindicato debate com o Executivo a recuperação do vergonhoso salário dos(as) funcionários(as) de escola, cuja carreira inicia abaixo do mínimo nacional, a opção por condicionar gastos à performance desrespeita a educação pública e seus profissionais.
Em tempo, bonificação não é política pública. É lavar as mãos e culpabilizar quem não atinge uma meta inventada por burocratas distantes da realidade escolar.
Mais: desconsidera as realidades distintas de cada comunidade, potencialmente punindo escolas que atendem regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica e tendem a enfrentar mais desafios. Já escolas que possuem o IDEB mais elevado têm menos espaço para crescer e também podem ser prejudicadas.
A medida também cria um ambiente hostil, em que professores(as) podem ser responsabilizados(as) por pares caso a escola não atinja a meta.
Sob uma lógica de mercado, a premiação associa qualidade educacional estritamente ao desempenho no IDEB, induzindo as escolas a buscarem melhores resultados a qualquer custo. Esse modelo tende a comprimir o currículo e substituir os esforços de ensino pela modelagem de estudantes para os testes de proficiência, limitando o aprendizado e a autonomia docente.
A APP rechaça com veemência a medida. O festival de meritocracia e tecnocracia no qual se transformou a educação pública do Paraná precisa acabar.
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