Problema da da evasão escolar

Problema da da evasão escolar

Por Jornal Nacional     

 

O IBGE divulgou, nesta quarta (15), dados importantes sobre a educação no Brasil. Apesar de algumas melhoras, o país ainda não consegue evitar que milhões de jovens larguem os estudos.

Ruan é batalhador. Ele viaja todos os dias 40 km para chegar ao trabalho, em uma pet. Depois do expediente, ainda leva os cachorros dos clientes para passear. Mas, para dar conta disso tudo, abandonou a escola no primeiro ano do ensino médio, por necessidade.

"Minha mãe teve dois tumores no colo do útero e eu precisava ajudar financeiramente em casa. Então, necessitava do meu trabalho, da minha ajuda", lamentou Ruan da Conceição Gomes, tosador.

O abandono escolar é uma realidade bem conhecida de milhões de brasileiros e que a pesquisa do IBGE registrou pela primeira vez em números. Das 50 milhões de pessoas com idades entre 14 e 29 anos, dez milhões, ou seja, 20% delas, não tinham terminado alguma das etapas da educação básica.

No índice, a grande maioria é de pretos e pardos. O principal motivo: necessidade de trabalhar e depois a falta de interesse. Entre as mulheres, a gravidez e as tarefas domésticas.

A situação é mais grave na Região Nordeste. Três em cada cinco adultos não completaram o ensino básico. Em João Pessoa, o sentimento de Daniel é de frustração por ter abandonado a escola.

"Eu tentei estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Trabalhava durante o dia, quando era noite ia estudar. Mas ficou muito cansativo para mim", contou Daniel Ítalo Silvino, servente de pedreiro.

A pesquisa traz alguns dados positivos. Quase 100% dos jovens de 6 a 14 anos estavam na escola em 2019. A proporção de brasileiros de 25 anos ou mais com ensino médio completo cresceu. Mas, ainda têm 11 milhões de analfabetos, mais da metade na Região Nordeste. A taxa é maior entre os pretos e pardos.

Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, diz que essa desigualdade é um retrato antigo, que só poderá ser mudado com inclusão social, mais saúde, geração de empregos e renda para os mais pobres. Um desafio ainda maior agora com a pandemia.

"Os alunos que estão saindo antes do tempo da escola são justamente os alunos que mais precisam de educação para poder romper esse ciclo que vem de muitas gerações - dos seus pais, dos seus avós, dos seus bisavós. Por eles e por nós, todo mundo precisa trabalhar junto e de forma coordenada e com a intenção de reduzir a desigualdade educacional para que essa situação não se repita", disse Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.

O Ruan já tinha decidido voltar para a escola para terminar o ensino médio. Mas aí veio a pandemia, que atrapalhou tudo, mas não matou um sonho. "Eu pretendo voltar aos estudos, cursar a faculdade e quem sabe daqui a uns cinco, seis anos você vai me ver aí um veterinário da vida?", contou Ruan.


https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/07/15/ibge-mede-o-problema-nacional-da-evasao-escolar.ghtml 




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