Professor quer farda
Professor também quer FARDA!
Professores no Brasil, historicamente, lutam contra toda a realidade com idealismo. Principalmente os professores do Ensino Básico.
O café rápido pela manhã, a esperança no trajeto, a aula como espaço do fazer social. O último governo que olhou para nós professores de ensino fundamental e médio pelo Brasil, foi o governo Lula, com a criação do Piso Nacional dos Professores. Aos trancos e barrancos o Piso foi sendo pago, mas os planos de carreira foram esvaindo.
Desde Temer até Bolsonaro, todo funcionalismo Público tem sido extremamente sucateado, exceto as Polícias, principalmente as Militares. O discurso de valorização não permeia a educação. E com isso não estou querendo afirmar que policiais ganham bem ou condizente com os riscos de sua atuação em um estado social desagregado e precarizado pela desigualdade.
No entanto, mesmo no RS, um estado que nos últimos governos "Sartori" e "Eduardo Leite" tem dado nada ou quase nada de reajustes aos policiais, menos ainda deu aos educadores.
Hoje, um PM recém formado em início de carreira, com ensino médio, ganha R$ 4. 689, já um professor, com o dito Reajuste do Piso Nacional de 2022, vai receber R$ 4. 030 com Ensino Superior.
Nos discursos de Jair Bolsonaro, o único reajuste salarial teria sido aos Policiais. Quase se vetou o reajuste do Piso Nacional, instituído por Lei. O imaginário reacionário que permeia o Bolsonarismo e àqueles que a ele se aliaram em 2018 (os Neoliberais), valoriza apenas a repressão, nem vê policiais como parte de uma simbiose de construção de política de segurança pública . conjunto com segurança alimentar, emprego, saúde e educação, mas como o martelo de contenção das inevitáveis explosões sociais geradas pela crescente desigualdade.
Eis que nisso, nós professores, somos vistos como "produtos de segunda linha" em um projeto de país semicolonial em que o papel da educação é meramente instrutor de mão de obra barata.
Muito diferente da educação básica em países com projeto nacional de desenvolvimento coeso como a China, em que a educação e educadores foram extremamente valorizados nas últimas décadas e que levou o país a colocar 20 entre as 100 melhores universidades do mundo em apenas 25 anos e se tornar o maior registro de pesquisas acadêmicas e de patentes em 2017.
Sou professor da rede pública estadual do RS. Aqui, apregoa-se que tivemos o reajuste do Piso Nacional, no entanto, uma manobra governamental institui inúmeros descontos que "comem" boa parte do reajuste, fora a retirada de vantagens agregadas ao contracheque.
A situação anda tão ruim que nem mesmo o discurso fácil e vazio de "valorização da educação", que saia da boca de notórios reacionários, é dito mais! T
udo fruto de 6 anos de discursos do MBL e Olavistas Bolsonaristas de que educadores são os verdadeiros "inimigos em uma guerra ideológica", e que seríamos "doutrinadores", tudo dito pela boca de iletrados, fanáticos e seguidores de teorias da conspiração tresloucadas.
Nisso tudo, mais de 400 prefeitos, sob a capa da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), presidida por Paulo Ziulkoski, gaúcho, ex prefeito de Mariana Pimentel, um Bolsonarista ferrenho, tentaram pressionar pela mudança do cálculo de reajuste do Piso Nacional dos Professores, do atual Custo-Aluno para apenas inflação oficial. Isso acabaria com os aumentos reais aos salários iniciais de professores.
Não colou!
Mas os mesmos nada dizem sobre o porque do movimento se a Lei do Piso garante recursos federais para se alcançar o reajuste proposto. Bolsonaro acenou aos prefeitos, mas arregou diante da pressão de educadores. Enquanto isso, seguem promessas de reajustes aos policiais. Somente eles . . . um discurso de valorização única que mais tem de ideológico que de visão trabalhista.
Trabalhadores da saúde foram os que pagaram o maior "preço" da Pandemia, não recebem a mesma atenção que os fardados!
E neste caminho de um país apenas agroexportador e importador de industrializados e tecnologia, em que desemprego caminha de mãos dadas com o emprego UBErizado e precário, onde se dá mais importância ao "calar a boca" que ao "aprender e mudar" . . . quero minha farda e guardar meus livros no coldre!