Professores estão malucos!
Quase metade dos professores estão malucos!
– Carlos Tiago
– Acredite quem quiser –
A realidade é que na maioria das escolas públicas, agora aniquiladas em agrupamentos, quase metade dos professores ronda os 60 anos de idade e com mais de 30 anos de serviço letivo/outro ininterrupto altamente complexo e mal-ajambrado, mesmo em férias, no qual se destacam as “alarvidades” de:
–Cumprirem presença hora a hora no local de trabalho a toque de campainha ensurdecedora que se ouve a centenas de metros de distância – única profissão do mundo com este método de presença obrigatória dos trabalhadores que em circunstância alguma podem chegar atrasados senão têm falta que terão de justificar oficialmente, tendo de despender tempo e dinheiro para obter comprovativos.
–Manterem-se 5, 10, 15 ou 20 minutos de intervalo hora a hora (entre as 8.00h e as 18.30h ou 23.30h se com ensino noturno) de presença obrigatória no local de trabalho e em trabalho para se deslocarem entre salas, tratarem de assuntos profissionais, transportarem materiais de apoio, etc., mas que não contam no seu horário semanal de trabalho e que podem atingir cerca de hora e meia no total diário – autêntica exploração laboral.
–Verem vários anos de tempo de serviço não contabilizado para efeitos profissionais.
–Passarem no local de trabalho vários furos de horas entre aulas ou serviços, durante a manhã/tarde/noite para além da interrupção para o almoço.
–Dinamizarem ou participarem em várias reuniões por semana previstas e não previstas que não estão contabilizadas no horário semanal sempre fora deste horário com duração dependente dos assuntos a tratar, por vezes muito para além das 7 horas de trabalho diário e/ou em 2 turnos interrompidos (manhã e tarde ou manhã e noite) e/ou em 3 turnos (manhã/tarde/noite).
-Frequentarem formação obrigatória sempre fora do horário laboral na maioria paga pelos próprios professores e sem direito a refeições pagas ou quase sempre sem pagamento de ajudas de custo ou transporte, portagens e parques pagos, porque normalmente ocorre nas cidades.
-Elaborarem relatórios ou outros documentos obrigatórios em períodos de interrupção ou de férias, sob pena de serem erradicados definitivamente do sistema/emprego ou com consequências imprevisíveis se não os entregarem.
-Preencherem e entregarem todo o tipo de documentação obrigatoriamente em prazos curtos, independentemente da sobreposição com outros serviços, sem qualquer hipótese de serem assegurados por outros colegas de trabalho.
-Candidatarem-se a concursos ou aguardarem a saída de resultados em momentos imprevistos de interrupção ou de férias e em que os professores não se podem ausentar porque os prazos para procedimentos são curtos e obrigatórios, sob pena de serem erradicadosdefinitivamente do sistema/emprego se não os cumprirem.
–Estarem impossibilitados de ocuparem tempo de preparação de aulas adequado à especificidade, devido à diversidade de níveis em lecionação simultânea.
–Ser-lhes vedada a possibilidade da constante necessidade de preparação prévia a cada aula de materiais e de espaços para aulas práticas/laboratoriais, devido à diversidade e alteração de níveis entre aulas e à ocupação plena das salas de aulas específicas.
-Inviabilizarem-lhe a prestação de um ensino motivador para os alunos por falta de atualização permanente de espaços, equipamentos e materiais, impossibilitando as escolas de serem locais pioneiros de inovação e estudo, transforando–as em instituições retrógradas permitindo que o cidadão ou empresa comum tenha primeiro acesso e conhecimento das coisas do que a escola, onde osprofessores se transformam nuns autênticos “palhaços” do sistema perante os alunos que até gozam com eles por não dominarem minimamente a atualidade quanto mais o estudo do conhecimento numa perspetiva futura, tornando a escola numa autêntica sepultura.
–Terem consciência de que aquilo que estão a ensinar aos alunos é surreal, insignificante e irrelevante face ao que eles aprendem na sociedade sem a sua colaboração, ridicularizando o ensino para um processo em vias de extinção face aos avanços planetários, apelidando-os de caquéticos e lorpas inúteis, demonstrando que a sua profissão terá um fim próximo, pois são autênticos estorvilhos ao processo evolutivo de aprendizagem virtual e artificial, por isso brevemente não haverá falta de professores, tal como aconteceu quando os mandaram emigrar por reduzirem pares pedagógicos e cargas horárias em disciplinas práticas ou até acabarem com elas.
-Inventarem sistematicamente processos complexos e sofisticadíssimos de registo de dados de avaliação de alunos contemplando simultaneamente centenas de indicadores em constante mutação, transformando-se em autênticos programadores informáticos, quando deveriam utilizar a totalidade do seu tempo na avaliação dos testes/trabalhos dos seus alunos e serem portadores no seu contexto familiar de dados sigilosos completamente desprotegidos – se um professor morrer ou ficar incontactável quem tem ou onde estão os seus dados da avaliação dos alunos? Na plataforma do ministério da educação não porque é inexistente.
-Concentrarem trabalho em excesso cumulativamente com o horário laboral e de reuniões nos momentos de avaliação de centenas de testes/trabalhos que demoram cerca de uma hora cada e que é urgente classificar, necessitando de carregar com eles e de levá-los para casa aos serões, madrugadas e fins de semana, bem como desprezando as suas famílias, os seus amigos e os seus tempos livres.
–Passarem parte da vida com a casa às costas, tendo de manter mais uma ou duas casas simultaneamente, sem possibilidade de constituir estabilidade familiar, atendendo às múltiplas limitações e indecisões.
–Durante toda a vida profissional, terem de gozar os dias de férias sempre em final de Julho e Agosto quando tudo é muito mais caro, é uma confusão total e os locais mais agradáveis estão inacessíveis, mas continuarem a ser vistos como beneficiários de dias de férias durante as interrupções letivas quando efetivamente nessas alturas têm de executar imensas e diversificadas tarefas complementares que lhes ocupam a maioria desse tempo em que não estão a lecionar, algumas determinantes para a sua atualização constante e muitas completamente inúteis de teor meramente burocrático e que lhes provocam imenso desgaste.
-Atenderem e gerirem simultaneamente até 30 utenteshora a hora com uma astúcia diversificadíssima, num só espaço sem atratividade ocupacional generalizada em que as salas de aula se transformaram face à complexidade em que a vida em sociedade se desenvolve, dando obrigatoriamente prioridade aos ritmos diversificados de aprendizagem, sob observação e crítica constante na posição de alunos em idade e postura desafiadora por vezes ávidos de expressividade/agressividade, permanentemente assessorados por encarregados de educação/pais que assumem funções distintas deatentos/conhecedores/compreensivos/colaborantes/especialistas/dominadores/manipuladores/perseguidores/perturbadores/ameaçadores/agressores/etc., consoante os seus interesses momentâneos.
-Conceberem, produzirem e preencherem documentação com centenas de folhas de papel e online com caráter de urgência, a maioria repetitiva/redundante e sem qualquer utilidade que deveria ser assegurada pela administração educativa porque não tem nada a ver com as funções especificas dos professores e que lhes provocam stress, desgaste e desespero.
-Cumprirem integralmente milhares de normativos legais permanentemente revogados, alterados e novossimultaneamente em vigor, que têm de ser imediatamente interpretados e respeitados ainda antes de serem publicados oficialmente, com conteúdo juridicamente complexo e determinante na vida escolar dos alunos e nos deveres dos professores, sem qualquer apoio técnico ou específico para no final da sua aplicação não produzirem qualquer efeito positivo no desenvolvimento das aprendizagens dos alunos e o processo educativo estar cada vez pior onde o evidente sucesso educativo é alcançado pelo laxismo exigido aos professores.
-Acompanharem e elaboração de processos disciplinares a alunos/professores/funcionários, que normalmente noutras áreas são assegurados por advogados ou serviços avençados, mas que são efetuados pelos professores sem qualquer tipo de assessoria jurídica, antes pelo contrário, o ministério da educação tem gabinetes jurídicos e inspeções-gerais para atacar, crucificar e penalizar os professores no desempenho das suas funções, levando-os à eventual erradicação do sistema/carreira/emprego.
–Serem obrigados a inventarem e dinamizarem atividades diversificadas que não têm nada a ver com o desempenho profissional dos professores, mas que estes têm de assegurar em acréscimo ao seu trabalho e nos seus tempos livres para as administrações educativas, as autarquias e as instituições se vangloriarem de promoverem grandes eventos de puro divertimento pavoneadas pelo mito da integral formação dos alunos e para as comunidades educativas participarem e convidarem as entidades oficiais para aparecerem na comunicação social e fazerem brilharete à custa do sacrifício de alguns professores e presenteio de outros.
-…. E muito mais.
Pelo exposto, pode concluir-se que a maioria dos professores em fim de carreira, que deveriam já estar aposentados por excesso de descontos e de idade, têm de continuar a trabalhar em estado mental completamente debilitado e lamentando-se sistematicamente no seu dia a dia de estarem cansados, saturados, exaustos, desgastados, desmotivados, abalados, deprimidos, debilitados, tristes, infelizes, arrependidos, frustrados, destroçados, estoirados, trucidados, irritados, revoltados, transtornados, descompensados, doentes, agredidos, etc., faltando ao serviço e aparentando andar em transe sem saberem o que têm, quiçá estarão malucos, tal como se dizia noutros tempos quando se tinham problemas que ninguém conseguia resolver, mas atualmente, sem que qualquer político se preocupe minimamente com eles ou com o futuro dos jovens seus alunos, inclusive os anteriores e o atual ministros da tutela que revelam pelos professores um total desprezo e desfaçatez, vangloriando-se do que estão a fazer e assumindo o comando dos guerreiros contra os professores e na destruição do ensino e da escola pública, têm de manter-se no ativo. Estes professores mantiveram-se dezenas de anos na profissão na expetativa de se aposentarem com 55 anos de idade e 36 anos de serviço, tal como foi proporcionado aos seus colegas sem penalizações e ainda atualmente a algumas classes de distintos privilegiados, mas aqueles viram esse horizonte transformar-se em quase 67 anos de idade e mais de 40 anos de serviço. Foi um aumento de 12 anos na idade, no trabalho e nas contribuições. Uma injustiça ultrajante, única, inigualável e arrasadora de qualquer ser humano, sendo por isso qualificável como um autêntico atentado aos direitos humanos e ainda agravado pela punição redundante nos que a sofrem e não nos que (i)legalmente a legislaram. Um ato selvático e criminoso perpetuado por políticos verdadeiramente assassinos que matam lentamente estes professores infringindo-lhes barbárie, tortura e crueldade que há muito era punida no ser humano e agora até nos animais. Mas, neste país, governam os crápulas, os carcereiros e os seus capangas que vivem luxuriosamente à custa dos que martirizam, mas a vingança poderá chegar um dia.
O sucesso de uma classe verifica-se pela sua união nos direitos equilibrados e nos contributos dos que a mantêm unida, pelo que os professores estão sistematicamente desunidos porque os seus dirigentes tudo fazem para os diferenciar e subjugar. Como exemplo: enquanto os médicos estiveram unidos com direitos equivalentes os cuidados de saúde foram satisfatórios, agora é o descalabro total por cada um ganhar muitíssimo mais do que o outro.
Aos 60 anos de idade e/ou 40 de serviço pelos sacrifícios que passaram, quando deveriam estar a cuidar dos pais, os professores estão no auge contributivo e à beira do delírio, sem verem a sua profissão considerada como de desgaste rápido, tal como já foi amplamente reconhecida.
Eu, Carlos de Almeida Tiago, sou um deles com perto de 63 anos de idade e de 43 anos de serviço que nunca faltou por doença e sem qualquer falta durante perto de 30 anos seguidos, a quem (a CGA) não contempla o direito à acumulação e bonificação de 30 dias por cada ano de serviço sem faltas em resultado do incumprimento da lei que vigorou durante 11 anos, cumulativamente com outros direitos para a aposentação, mas que atualmente me encontro de baixa psiquiátrica, vítima de “burnout” que não é considerado doença profissional e dito na gíria, por finalmente ter ficado maluco na qualidade de professor, “a Bem da Nação” e, devido a isso, até ao final da minha vida, não posso nem quero ver nem relacionar-me com qualquer tipo de político de esquerda, do centro ou de direita do atual sistema corrupto implantado, tenha ele ou não culpa por me terem retirado dezenas de direitos inalienáveis alcançados por anteriores negociações entre governos/sindicatos e nem pretendo votar em quaisquer eleições até que haja uma nova Revolução.
O 25 de Abril de 1974 não se fez com votos!
Está na altura de nós professores assumirmos o papel dos militares (sem medo) que àquela data o iniciaram e fazermos uma nova Revolução que despoje de poder os privilegiados políticos que vivem à custa deste sistema apelidado de democrático que está a criar uma sociedade exclusivamente de ricos e pobres, ambos subsídio-dependentes, os primeiros para sustentar projetos megalómanos e os segundos para alimentar miséria perversa, trucidando a classe média que só vive para pagar cada vez mais impostos e trabalhar até morrer.
Nós professores, temos de deixar de fazer greves/manifestações/etc. que só nos prejudicam e devemos aplicar a nossa cultura, experiência e ação para assumir as rédeas do poder e praticar atos de justiça, pois somos em número suficiente para ocuparmos todos os órgãos representativos de manipulação política onde se tomam decisões e os tais ajustes diretos. Fim aos votos e fim à nossa participação no sistema. A Escola foi a última Instituição Pública a apodrecer. Nem mais um cêntimo para “jornadas”, “futeboladas”, “tapadas”, “patadas”, “espirotosantadas”, “inauguraçõesadas”, outras trapalhadas e muito menos para guerras, enquanto não forem repostos direitos roubados aos professores. Alguns de nós até estamos lá, temos lá os nossos filhos, sentamo-nos lá à mesa com eles, relacionamo-nos lá com eles, etc..Porquê continuar a venerá-los? O “sócratismo” não fez as negociatas sozinho, tinha excelentes colaboradores que andam por aí à solta a cometer os mesmos crimes e todos sabem quem são, mantendo-se intocáveis e elegíveis. Só não vê quem não quer. Um país não é um presidente ou um rei que passa a vida a tirar selfies a trocar piropos com governantes e a verem molestar crianças achando que foram poucas. Um país é o Povo a viver bem e saudável sem covidismo. Vamos unir-nos, boicotar tudo onde participamos ou que fazemos e assumir o poder da justiça participativa justificada. Seremos a Junta de Salvação de Portugal se soubermos articular o nosso poder organizativo e igualitário. Os Professores foram, são e serão sempre o Futuro e o melhor exemplo para os Jovens.
Já lá estou para o que der e vier, porque um maluco pode sempre dizer o que lhe vai na “alma”!
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