Professores no grupo de risco
Total de professores da rede estadual em grupos de risco no RS é menor do que em outros Estados
Governos que fizeram levantamento identificaram que até 40% de seus docentes têm mais de 60 anos ou comorbidades que podem agravar os sintomas do coronavírus
03/09/2020
Comparado com os números de outros Estados, o total de professores da rede estadual gaúcha com mais de 60 anos ou que possuem alguma doença que os inclua em grupos de risco pode até ser considerado baixo. Conforme a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), apenas em torno de 10% dos cerca de 40 mil professores regentes de classe, aqueles que atuam diretamente nas salas de aula, fazem parte da população com idade ou comorbidades que podem agravar os sintomas do coronavírus.
Em Alagoas e na Paraíba, por exemplo, mais de 40% dos docentes têm mais de 60 anos ou comorbidades. No Paraná, um levantamento indicou que 30% dos docentes estão no grupo de risco. No Amapá, 20% dos professores estão entre os mais vulneráveis para a doença.
Os números do Rio Grande do Sul são comparáveis aos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde as redes municipais identificaram que 10% dos docentes têm mais de 60 anos. A diferença é que nessas capitais não se sabe quantos professores têm alguma comorbidade.
Não são poucos os Estados e municípios que nem ao menos sabem quantos profissionais da educação não poderiam retornar às escolas neste momento: sindicatos de educadores apontam que 16 das 27 unidades da federação desconhecem quantos dos trabalhadores de suas redes de ensino têm mais de 60 anos ou comorbidades que podem agravar os sintomas do coronavírus.
No Rio Grande do Sul, dois levantamentos divulgados nesta semana indicam realidades muito diferentes em relação à saúde dos professores na rede pública do Rio Grande do Sul. Além do estudo do governo gaúcho, o Cpers aponta que 96% das escolas da rede estadual têm algum profissional dentro de grupo de risco para coronavírus.
Orientação para não ir às escolas
O Cpers tem orientado que trabalhadores de grupos de risco mostrem-se cientes dos seus direitos e não compareçam às escolas. Para a secretária-geral do sindicato, Candida Rossetto, o governo do Estado não está conseguindo dar as condições necessárias sequer para os educadores que estão em plantão.
— Estamos numa vulnerabilidade muito grande, sem EPIs para quem está no plantão, que dirá no retorno dos estudantes. Não tem condições de infraestrutura nas escolas. Se no período de normalidade já era precário, imagina em meio à pandemia — questiona.
Para Gabriel Correa, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, é fundamental informar os professores sobre todas as fases do processo de retomada.
— É preciso levar em consideração que o distanciamento social exigido tornará obrigatória a criação de mais turmas, com menos alunos, por exemplo — diz ele.
A infectologista pediátrica Renata Coutinho explica que é preciso avaliar a realidade de cada município.
— Há situações muito diferentes. O ideal é que se faça um mapeamento do local onde o servidor mora, com quem ele vive e qual o caminho que faz — afirma.