Projeto que costumamos chamar de professor

Projeto que costumamos chamar de professor

Energia, habilidade, paixão e consciência: componentes de um projeto que costumamos chamar de professor(a)

Educação | Nádya Pesce da Silveira destaca a importância dos docentes como agentes transformadores da sociedade, papel essencial para o futuro das crianças e jovens 

*Foto: Gustavo Diehl/Arquivo Secom

Colocarei minha energia, habilidades, paixão e consciência para trabalhar a serviço de nossa missão de servir à sociedade. O que você pensa ao analisar a frase acima? Onde você encontra uma afirmativa desse tipo? Na minha opinião, declarações como essa são típicas de um professor, de uma professora. Nós, professores, pensamos conscientemente dessa forma, do amanhecer ao anoitecer, e em nossos sonhos mais sublimes. Mais importante ainda, porém, é o fato de estarmos sempre em um lugar de fala que constrói o futuro de nossas crianças.  

Professoras e professores vivem em nome de um grande sonho coletivo de que nossas crianças e jovens de hoje, com base no conhecimento produzido e legado, saberão utilizar todo o conhecimento da humanidade para uma vida plena e longa e um planeta que consideramos ideais, com bem-estar, solidariedade, respeito à natureza e a outros seres.  

Como indivíduos, durante nossas vidas, experimentamos inúmeros e variados estímulos da realidade que nos cerca. Você já parou para refletir sobre o fato de que todo o nosso entorno existe porque existe a figura de um professor, de uma professora? Os avanços extraordinários, a quem devemos? Quem de nós conseguiria aprender algo sem aquelas linguagens que nos foram repassadas ao longo de nossas vidas? Quais de nossos discentes, já na Universidade, conseguiriam compreender a complexidade de diferentes disciplinas sem o aprendizado acumulado?  

Logo concluímos que o aprendizado de um ser humano é constante e que nossos mestres e mestras são nossos condutores ao longo da vida. Valorizar a integridade das pessoas, o conhecimento e a inclusão de todos os seres em nosso habitat é o fazer cotidiano de educadores e educadoras.  

Junto-me a boa parte da população que acredita que vivemos um tempo no qual o papel dos professores e professoras nunca foi tão importante. Estamos acompanhando avanços extraordinários na medicina, na educação, nas políticas públicas, nas ciências em geral e em nossos dispositivos de uso coletivo ou individual. Podemos acompanhar, em tempo real, o que está ocorrendo nos confins de nossa galáxia ou no nosso DNA. Também convivemos, no entanto, com uma porcentagem de indivíduos descrentes na ciência, descrentes no acúmulo de conhecimento de nossos processos educativos. Alegar que vacinas são uma opção individual, que a Terra seria plana, que as mudanças climáticas são apenas manifestações naturais extemporâneas, que a inteligência artificial substituirá em breve o papel central na produção de conhecimento são exemplos de que processos deseducativos convivem com toda a nossa construção humana de conhecimento coletivo.  

Os desafios para o relacionamento entre educação, ciência e sociedade são crescentes. A humanidade vive um momento decisivo, enfrentando desafios para sua existência na Terra. A Organização das Nações Unidas (ONU) nos orienta a trabalhar com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que constituem um grande plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade, buscando fortalecer a paz universal e buscando a erradicação da pobreza. Nesse documento, professores estão contemplados. O objetivo de número 4 é assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; e até 2030, aumentar o contingente de professores qualificados, inclusive por meio da cooperação internacional, nos países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos.   

Faz parte de nossa missão honrar a educação, faz parte de nossos sonhos um mundo sustentável. Que sejamos resilientes na luta pela valorização social de professores, educadores e mestres. Que sejamos sábios no convencimento de que o professor, a professora, deve ser parte integrante de qualquer tomada de decisão para garantirmos o futuro das próximas gerações. Que nosso festejo no dia 15 de outubro possa ser ouvido em todos os rincões de nossa Terra-Gaia. 


Nádya Pesce da Silveira é pró-reitora de graduação e professora titular do Instituto de Química da UFRGS.

 

FONTE:

https://www.ufrgs.br/jornal/energia-habilidade-paixao-e-consciencia-componentes-de-um-projeto-que-costumamos-chamar-de-professora/




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