Projetos Pacto pela Educação
Mais de 300 voluntários inscritos e uma centena de ideias: Pacto pela Educação apresenta primeiros projetos para o ensino gaúcho
Grupo busca transformar a educação em escolas públicas do Rio Grande do Sul
14/07/2022 - BIBIANA DIHL
Mônica Timm de Carvalho durante apresentação nesta quinta-feiraBibiana Dihl / Agencia RBS
Tornado público em 31 de maio, o movimento Pacto pela Educação começa a dar os seus primeiros passos em busca de melhorias para o ensino de escolas públicas do Rio Grande do Sul. Um mês e meio após o seu nascimento, o grupo já tem a perspectiva de um grande número de voluntários, além de receber uma centena de propostas enviadas pela população.
Um encontro realizado na tarde desta quinta-feira (14) no auditório do Ministério Público, no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, reuniu os idealizadores do movimento com interessados em participar da mudança, além de crianças e adolescentes e de lideranças sociais de comunidades da Capital. Pessoas que possuem projetos ligados à educação também trouxeram suas experiências ao longo das apresentações, que duraram cerca de duas horas.
No período de um mês e meio desde sua criação, os números do Pacto pela Educação chamam a atenção: 1.342 pessoas assinaram o manifesto pelo movimento e 315 se inscreveram como voluntárias para, de fato, colocar a mão na massa. No total, 156 propostas de projetos foram recebidas por meio do site pactopelaeducacao.org: são ideias da sociedade para construir um ensino mais transformador para alunos de escolas públicas.
— É a educação que alicerça todos os dilemas e processos que nós temos na sociedade. O papel da educação é formar pra a cidadania e preparar pra o mercado de trabalho. Nós somos todos pessoas físicas que se aproximam e querem participar e estamos abertos a quem tenha a possibilidade e a vontade de contribuir — resumiu Jorge Audy, cofundador do Tecnopuc e um dos 10 idealizadores do pacto, que reúne pessoas com diferentes trajetórias e formações.
Entre as 156 propostas recebidas, além das que já haviam sido estabelecidas pelo grupo, algumas já foram apresentadas nesta quinta-feira. Os projetos passam por diferentes áreas, como formação profissional e infraestrutura das escolas (veja todos abaixo).
Uma das ideias é criar um plano emergencial para a recuperação da infraestrutura das escolas, além do fornecimento do acesso à internet em colégios públicos. O grupo também busca a adesão de 10 mil pessoas físicas – ou “10 mil CPFs”, como tem sido reforçado pelos integrantes do pacto.
— Falamos em CPF porque cada um deve se enxergar como sendo parte da solução. Se a gente fala apenas “minha instituição, minha empresa”, acaba não gerando esse engajamento. Além disso, há muitos problemas estruturais no governo do Estado por questões de burocracia. Então uma ideia do pacto é trazer especialistas que possam ajudar a reduzir essas burocracias. A experiência própria do Ronald (Krummenauer, secretário estadual de Educação entre 2017 e 2018), que tinha muita dificuldade, nos diz isso. Eram 60 dias para fazer uma obra, sendo que já tinha orçamento e já tinha tudo pronto — explica Leandro Duarte Moreira, head de Inovação no Transforma RS e escolhido como coordenador do movimento.
Definição da gestão e próximos passos
Além dos 10 fundadores do movimento, a governança do Pacto pela Educação contará com mais membros. Nos próximos dias, será definido o Conselho do Pacto, que terá entre 40 e 60 pessoas, com renovação a cada dois anos. O Grupo Estratégico também está ainda sendo pensado. O único nome já definido é o do coordenador, Leandro Duarte Moreira.
Após sua formação, este grupo será responsável por definir quais projetos devem receber prioridade para atuação imediata. O trabalho será conduzido até a metade de agosto, quando a ideia é já colocar em prática algumas das propostas.
O objetivo do pacto não é substituir os governos ou financiar projetos, mas sim atuar em outras frentes, por meio da articulação e da inspiração, para fazer com que projetos ganhem vida:
— Nós não executamos projetos porque não fazemos parte da organização dos fazeres da sala de aula. Somos sociedade e precisamos nos manter nessa função. Nós queremos inspirar mudanças e mobilizar esforços que hoje estão dispersos — explicou Mônica Timm de Carvalho, CEO da plataforma de leitura Elefante Letrado e uma das fundadoras.
O movimento também ganhou uma casa: uma sala cedida pela Unisinos, na Avenida Nilo Peçanha. Após os dois primeiros anos, a ideia é que a sede mude para outras regiões da cidade, como outras instituições de ensino ou comunidades.
As propostas
Os projetos estão ligados as sete diretrizes que guiam o movimento. Confira, a seguir, as ideias apresentadas nesta quinta-feira:
1 - Educação como responsabilidade coletiva
- Divulgar o manifesto do pacto pela educação
- Buscar de adesão de 10 mil CPF’s
- Articulação com as entidades
- Articulação política
- Trabalho voluntário
- Encontros com estudantes
- Divulgação de cases de boas práticas
2 - Educação baseada em evidências
- Identificação dos objetivos educacionais e das expectativas de aprendizagem
- Definição dos indicadores de desempenho e qualidade
- Definição das métricas dos indicadores
- Coleta das evidências
3 - Valorização e formação continuada dos profissionais da educação
- Reconhecer importância do professor
- Incentivar a formação de novos docentes
- Capacitação docente
- Qualificar gestores de escolas
- Criar fóruns de boas práticas
4 - Avaliação do impacto da docência na aprendizagem
- Criar referências de avaliação
- Definir modelo de avaliação da docência
- Valorizar a formação de comunidades de aprendizagem
- Valorizar a liberdade de cátedra comprometida com resultados educacionais
5 - Reorganização da governança na educação
- Definir instâncias de responsabilidade municipal e estadual na educação pública
- Criar um novo marco legal para educação
- Reestruturar processos de planejamento de aula
- Estimular a integração da escola com a comunidade
- Alinhar processos gerenciais entre as diversas instâncias de governança
6 - Novos ambientes de aprendizagem
- Plano emergencial para recuperação da infraestrtura das escolas
- Iluminação digital das escolas (internet Wi-Fi)
- Melhoria nos processos de manutenção
- Criação de novos ambientes de aprendizagem
7 - Educação como base do desenvolvimento
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Conectar com objetivos do desenvolvimento sustentável - ODS/ONU
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Preparar para a cidadania e desenvolvimento profissional
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Transformar a educação na prioridade do Estado
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Reconhecer escolas de referência