Propagação de fake news

Propagação de fake news

Usuários de plataformas não se importam em propagar fake news

Para Bucci, disseminação de conteúdos mentirosos aumentou e ainda é um problema a ser solucionado

O projeto Comprova concluiu o trabalho de verificações de conteúdos duvidosos que circularam nas redes sociais e no WhatsApp durante o período eleitoral. A coalizão de 24 veículos de comunicação monitorou e verificou a veracidade de informações compartilhadas por fontes não oficiais. Foram publicadas 146 histórias para desmentir ou confirmar informações que viralizaram: 92% se mostraram falsas, enganosas ou descontextualizadas e apenas nove histórias eram verdadeiras. Para falar sobre fake news e o papel do jornalista, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes da USP e colunista do jornal O Estado de São Paulo.

Usuário lendo notícias no celular – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Milhares de pessoas colaboraram ao enviar sugestões de conteúdos a serem verificados: somente pelo WhatsApp foram mais de 67 mil. O professor explica que os conteúdos mentirosos influenciaram na motivação dos votos e causaram danos evidentes às campanhas eleitorais. Porém, considera a reunião dos veículos de comunicação para o projeto Comprova e outras iniciativas de verificação de notícias um trabalho significativo. O jornalista é o profissional preparado através da prática para duvidar e, consequentemente, esclarecer informações ao público, pois desempenha um papel de checagem e fiscalização do poder de extrema importância para a democracia, completa Bucci.

Mesmo com o empenho da imprensa, o problema das fake news está longe de ser superado, segundo o especialista. Para exemplificar, Bucci cita um recente estudo britânico do Instituto de Internet da Universidade de Oxford, responsável por analisar as chamadas junk news, que englobam notícias de cunho mentiroso, discursos de ódio e teorias da conspiração. A pesquisa verificou que a incidência desse tipo de informação aumentou em 25% de 2016 a 2018, nos Estados Unidos. Ainda foi possível observar que a propagação das junk news em sites ou plataformas on-line tiveram mais força em espaços de direita e extrema-direita. Bucci comenta que essa realidade, apesar da falta de medições conclusivas, se repete no Brasil, onde se percebe um maior êxito de matérias fraudulentas em setores conservadores.

O professor ressalta que todos os cidadãos devem tomar cuidado com a veracidade das informações que compartilham. Bucci ainda comenta que um certo comportamento dificulta o combate a notícias falsas: muitas pessoas não se importam em propagar fake news, desde que elas ajudem na vitória daquilo que consideram justo e bom, completa. Observa-se uma falta de caráter de ordem ética e moral, pois, se a notícia fortalece o que é defendido pelo indivíduo, ele não se importa sobre o conteúdo ser mentiroso ou não.

 

https://jornal.usp.br/atualidades/usuarios-de-plataformas-nao-se-importam-em-propagar-fake-news/




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