Protocolos para escolas
É fundamental explicar que o vírus está no ar. O vírus se transmite por via respiratória, ou seja, quando respiramos, falamos, tossimos, etc. As gotículas são maiores e viajam menos (mais ou menos dois metros) e os aerossóis ficam suspensos no ar e viajam mais por até 6 metros ou mais, dependendo da forma de emissão e das condições do ambiente).
Por isso precisamos de 3 coisas FUNDAMENTAIS: Máscara, ventilação e distanciamento.
1- Máscara de boa qualidade bem ajustada no rosto. (conforme as recomendações técnicas para adultos e crianças)
2- Ventilação dos ambientes ou, melhor ainda, ficar ao ar livre.
3- Distância (mínimo 1,5 metros, mas a maior que for possível).
Apenas o distanciamento, sem máscara e sem ventilação, já mostrou que não protege sozinho. A máscara colocada só em determinados momentos também não, pq os aerossóis estão no ar. Ela precisa ser usada o tempo todo, desde ANTES de entrar naquele ambiente. E uma ventilação mal feita, sem troca de ar, só espalha vírus, em vez de mandar embora as partículas.
Se o local for fechado e mal ventilado, o vírus vai ficar ali dançando no ar e o risco aumenta. Quanto mais tempo de exposição a esse ambiente e quanto mais pessoas, pior. Por isso, a entrada deve ser restrita, e outras pessoas não devem circular na escola se não for absolutamente necessário. Também nesse item se encaixam o escalonamento de horários, a identificação de quem tem mais vulnerabilidade, a redução de turmas, formação de “bolhas” e os cuidados para evitar aglomerações em áreas comuns.
Então, para avaliar se um protocolo de retorno é seguro, olhe primeiro essas 3 coisas. O protocolo da escola inclui e detalha esses 3 elementos?
Se sim, é bem provável que o protocolo esteja atualizado, e você pode passar a avaliar o resto.
Se não, por favor avise à escola de que precisa revisar e buscar sempre as informações mais atualizadas, pois as recomendações mudam quando o nosso conhecimento aumenta.
(Aliás, aí vai outra dica: se o protocolo é do ano passado, já fique alerta, porque muita coisa mudou.)
Além desses três elementos, observe se há rastreamento diário de sintomas, um fluxograma bem determinado para orientação, isolamento e testagem de sintomáticos e contatos.
Mas e o resto?
Pq você não falou do tapetinho?
O resto, como a higiene geral e outras medidas, tem bem menos impacto.
A transmissão pelas superfícies é muuuuuito menos frequente do que a respiratória.
Isso quer dizer que não devemos nos preocupar com higiene?
Devemos sim, como antes, ainda mais em uma escola.
Lavar as mãos é um hábito importantíssimo que previne milhares de doenças.
Lavar os alimentos, limpar bem as superfícies que são usadas para alimentação, sempre foi recomendado.
A Mel Markoski lembra que, em contextos de transmissão muito elevada, todos os cuidados são importantes.
O problema é quando só tem o “resto”. Daí é SINAL DE ALERTA!
Lavar sapatos, borrifar mochilas com álcool na entrada da escola, e outras ações desse tipo, não só tem pouquíssimo impacto se usados sem as medidas de proteção respiratória, como ainda podem dar uma falsa sensação de segurança.
É muito mais importante alguém cuidar das máscaras na entrada da escola do que lavar os sapatos (a não ser para crianças pequenas que podem querer lamber o chão).
É muito mais importante explicar bem sobre os cuidados e fazer um questionário de sintomas TODOS OS DIAS do que borrifar mochilas.
Acho importante que as pessoas tenham acesso à melhor informação disponível para tomarem suas decisões de forma consciente, incluindo as condições epidemiológicas locais, o investimento em garantir a segurança de todas as pessoas que trabalham e estudam na escola e a atualização dos protocolos.
É fundamental educar para os cuidados e comunicar bem às famílias de que a pandemia não passou, o risco não acabou, e que qualquer sintoma deve ser motivo para comunicar e isolar imediatamente os contatos. Uma das condições mais importantes para a volta de qualquer atividade é uma comunidade altamente engajada nos cuidados. Como está a sua?
NOTA TÉCNICA DO COMITÊ TÉCNICO DE BIOSSEGURANÇA (CTBIO) DA UFCSPA
O protocolo mais seguro que existir só funciona se for efetivamente cumprido.
E quando o protocolo está desatualizado, então, às vezes ele atrapalha mais do que ajuda.
Além disso, em situações de risco muito alto, mesmo o melhor protocolo não consegue reduzir o risco a zero. Seguro, mesmo, é acabar com o vírus - e pra isso precisamos continuar pedindo por gestão da pandemia, comunicação efetiva, vacina pra todo mundo, uso universal de máscaras, distanciamento e empatia.