Queda de rendimento escolar

Queda de rendimento escolar

Queda de rendimento escolar na capital

  por Juremir Machado da Silva

Queda de rendimento escolar na capital"A pandemia pode ter atrapalhado resultados.
Acontece que Porto Alegre recuou mais do que os outros" |
Foto: Alex Rocha/PMPA

 

Educação é assunto muito sério, mas nem sempre levado a sério. Em 1800, o Brasil tinha 20% de sua população alfabetizada. Os Estados Unidos da América já estavam em 70%. De lá para cá, corremos atrás e chegamos atrás. Será que esse tipo de indicador explica o fato de o “grande vizinho do Norte” ter chegado a índices de desenvolvimento em quase tudo sensivelmente maiores do que os nossos? Será que esclarece situações como a de que os Estados Unidos contam 413 prêmios Nobel?

O pior é que, no plano interno, volta e meia despencamos em rendimento do ensino básico e nem notamos. Porto Alegre, que já se orgulhou de ser farol da educação, tem muito para explicar sobre os últimos três anos. Matinal publicou reportagem com título altamente preocupante para a capital gaúcha: “Ensino na rede municipal de Porto Alegre tem maior queda no Ideb entre capitais”. Desabamos mais do que as outras grandes cidades brasileiras. Por que mesmo? O que houve? Esse é o grande tema para debates eleitorais, não a Venezuela.

O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) forma a sua nota a partir de dois elementos: o escore obtido no Sistema de Educação Básica (Saeb) e o “número relativo de alunos aprovados”. Mede o cotidiano da aprendizagem. Porto Alegre despencou do 20º para o 23º lugar geral, à frente de Natal. A média nacional no ranking para os anos iniciais foi 6. Porto Alegre não chegou lá. Caiu de 5,2 de para 4,7 no geral. Matinal pôs o dedo numa ferida que dói bastante e tem pouco aparecido nos debates eleitorais. O problema agravou-se em três anos, justamente os da gestão de Sebastião Melo, que está no quarto secretário da Educação, área atingida por denúncias de corrupção.

Darcy Ribeiro dizia que a crise na educação brasileira não é uma crise, mas um projeto. Parece que as metas são atingidas. A questão diz respeito à aprendizagem de matemática e língua portuguesa. A pandemia pode ter atrapalhado resultados. Acontece que Porto Alegre recuou mais do que os outros. GZH destacou em relação ao Saeb: “O RS passou do oitavo lugar nacional nessa etapa, em 2019, para o nono, em 2023, com uma redução da nota de 6,4 para 6,3. A média brasileira também caiu um décimo: passou de 6,2 para 6,1”. Por fim, “Já a taxa de aprovação dos alunos gaúchos, apesar de ter tido um leve acréscimo, subindo de 0,94 para 0,96 (o máximo é 1), ficou entre as piores do Brasil: saiu da 16ª para a 19ª colocação. No Brasil, essa taxa foi de 0,95, em 2019, e de 0,97, em 2023”. Todos esses números podem tontear.

O que interessa mesmo é entender as razões dessa decadência. O mais inquietante é que não se tem um diagnóstico claro. Certamente se dirá que ainda não houve tempo para produzir a necessária explicação. Os dados estão lançados ou jogados diante de todos. Resta enfrentá-los ou fingir que não existem. Pior do que os resultados da educação básica em Porto Alegre, só o desempenho da dupla Gre-Nal. Este último talvez preocupe mais certos espíritos do que o primeiro. Que coisa!

 

FONTE:

https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/queda-de-rendimento-escolar-em-porto-alegre/ 




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