Queda de rendimento escolar
Queda de rendimento escolar na capital
Educação é assunto muito sério, mas nem sempre levado a sério. Em 1800, o Brasil tinha 20% de sua população alfabetizada. Os Estados Unidos da América já estavam em 70%. De lá para cá, corremos atrás e chegamos atrás. Será que esse tipo de indicador explica o fato de o “grande vizinho do Norte” ter chegado a índices de desenvolvimento em quase tudo sensivelmente maiores do que os nossos? Será que esclarece situações como a de que os Estados Unidos contam 413 prêmios Nobel?
O pior é que, no plano interno, volta e meia despencamos em rendimento do ensino básico e nem notamos. Porto Alegre, que já se orgulhou de ser farol da educação, tem muito para explicar sobre os últimos três anos. Matinal publicou reportagem com título altamente preocupante para a capital gaúcha: “Ensino na rede municipal de Porto Alegre tem maior queda no Ideb entre capitais”. Desabamos mais do que as outras grandes cidades brasileiras. Por que mesmo? O que houve? Esse é o grande tema para debates eleitorais, não a Venezuela.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) forma a sua nota a partir de dois elementos: o escore obtido no Sistema de Educação Básica (Saeb) e o “número relativo de alunos aprovados”. Mede o cotidiano da aprendizagem. Porto Alegre despencou do 20º para o 23º lugar geral, à frente de Natal. A média nacional no ranking para os anos iniciais foi 6. Porto Alegre não chegou lá. Caiu de 5,2 de para 4,7 no geral. Matinal pôs o dedo numa ferida que dói bastante e tem pouco aparecido nos debates eleitorais. O problema agravou-se em três anos, justamente os da gestão de Sebastião Melo, que está no quarto secretário da Educação, área atingida por denúncias de corrupção.
Darcy Ribeiro dizia que a crise na educação brasileira não é uma crise, mas um projeto. Parece que as metas são atingidas. A questão diz respeito à aprendizagem de matemática e língua portuguesa. A pandemia pode ter atrapalhado resultados. Acontece que Porto Alegre recuou mais do que os outros. GZH destacou em relação ao Saeb: “O RS passou do oitavo lugar nacional nessa etapa, em 2019, para o nono, em 2023, com uma redução da nota de 6,4 para 6,3. A média brasileira também caiu um décimo: passou de 6,2 para 6,1”. Por fim, “Já a taxa de aprovação dos alunos gaúchos, apesar de ter tido um leve acréscimo, subindo de 0,94 para 0,96 (o máximo é 1), ficou entre as piores do Brasil: saiu da 16ª para a 19ª colocação. No Brasil, essa taxa foi de 0,95, em 2019, e de 0,97, em 2023”. Todos esses números podem tontear.
O que interessa mesmo é entender as razões dessa decadência. O mais inquietante é que não se tem um diagnóstico claro. Certamente se dirá que ainda não houve tempo para produzir a necessária explicação. Os dados estão lançados ou jogados diante de todos. Resta enfrentá-los ou fingir que não existem. Pior do que os resultados da educação básica em Porto Alegre, só o desempenho da dupla Gre-Nal. Este último talvez preocupe mais certos espíritos do que o primeiro. Que coisa!
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