Quem derrubou MP das Bets
QUEM DERRUBOU A MP DAS BETS FOI QUEM MAMA NELAS
Congresso transforma plenário em curral de apostas — e o povo paga a ração
**Por João Guató
Brasília, capital dos lobbies e das coincidências convenientes, viveu mais uma noite de farra institucional. A Câmara dos Deputados rejeitou a Medida Provisória que taxaria os lucros milionários das bets, aquelas mesmas empresas que hoje patrocinam times, programas de TV e, pelo visto, campanhas eleitorais.
A votação foi um espetáculo digno de Oscar da hipocrisia. E não por acaso: boa parte dos deputados que votaram contra a taxação são os mesmos que, nas próximas eleições, vão bater na porta das bets pedindo “apoio cultural” — ou, como se diz em Brasília, mamata regulamentar.
O plenário virou uma mistura de curral e cassino. Deputado que nunca assistiu a um jogo do Cuiabá agora fala em “liberdade de mercado”. Outro, que não sabe a diferença entre PIB e placar, discursou contra a “intervenção estatal nas apostas”.
Tudo encenado para proteger o novo filão do poder: o dinheiro das bets, que já movimenta bilhões, compra silêncio e financia sonhos eleitorais de quem jura defender “a economia popular”.
Mas, no fundo, o que se viu foi um monte de político de olho no próximo patrocínio. E, cá pra nós, Brasília sempre gostou de um bom “bônus de aposta”.
A MP queria apenas cobrar imposto de quem ganha rios de dinheiro com a brincadeira alheia. Nada demais, nada de socialista — só justiça tributária.
Mas o Congresso não quis.
Com 251 votos, derrubaram o texto. Entre eles, muitos rostos conhecidos das comissões de “fomento ao esporte”, das bancadas do agronegócio e das orações coletivas por doações generosas de campanha.
E não é que deu certo? As bets vibraram. A roleta girou e caiu no vermelho — o vermelho do déficit fiscal e da vergonha alheia.
O povo nas redes sociais fez o diagnóstico certeiro: o Congresso não rejeitou a MP por convicção — rejeitou por comissão.
Nos bastidores, os sussurros são altos: parlamentares articulam novas formas de “regular o setor”, o que, traduzido do brasiliês, significa “ajeitar as regras pra não perder o patrocínio”.
Enquanto o governo tenta fechar as contas, as bets prometem fechar contratos. E quem reclama é chamado de “populista”.
Lula chamou o episódio de “derrota do Brasil”. Haddad foi mais direto: “não foi descuido, foi escolha”.
Mas o Congresso, que há tempos se acostumou a confundir “representação popular” com “repartição de lucro”, apenas riu — e mandou imprimir novos crachás para a temporada eleitoral de 2026: “Deputado parceiro das bets — pronto pra apostar no seu mandato!”
O Brasil é o único país do mundo onde as casas de apostas não pagam imposto — mas pagam deputado.
E, se você acha que isso é coincidência, é porque ainda não entendeu: aqui, a roleta gira sempre para o mesmo lado — o da mamata premiada
FONTE:
https://www.facebook.com/photo/?fbid=10214230028101375&set=a.3358299773034&locale=pt_BR