Quem não enxerga?

Quem não enxerga?

QUEM NÃO ENXERGA? SOMENTE QUEM NÃO QUER VER

Por Neida Oliveira – Conselho Geral do CPERS e Dirigente da Construção Socialista/PSOL

Na contramão da mobilização para que aumente o isolamento social e a exigência de vacina já para toda a população, a Assembleia Legislativa do RS aprovou, numa sessão completamente virtual, uma emenda ao PL 144/2020, que torna a educação uma “atividade essencial”.

Aqui fica uma interrogação muito importante: Por que os deputados simplesmente não derrotaram a emenda do Partido Novo? Se estas pretensões não dialogassem com o governo Leite e sua base, certamente não teriam negociado uma “nova redação”, não é mesmo? Portanto, denunciamos: não podemos ter nenhuma expectativa positiva neste governo e na sua base parlamentar.

Diante de tal fato, achamos importante alertar a nossa categoria e toda a comunidade escolar de que estamos diante de mais uma artimanha deste governador farsante e mentiroso, bem como dos seus seguidores no parlamento gaúcho.

Por certo, o fato poderia ser considerado cômico, se não fosse trágico. Alguém pode acreditar que estes neoliberais estão preocupados com a educação dos filhos e filhas do(as) trabalhadores(as), ou com a escola pública?

Ora, o governo Leite e seus aliados, todos seguidores da mesma política ultraliberal de Bolsonaro, durante o ano passado, deixaram os(as) estudantes e as famílias, professores(as) e funcionários(as) responsáveis pelo funcionamento das escolas e pela aprendizagem dos(as) alunos(as), jogados “à própria sorte”. Agora querem nos fazer crer que o que foi aprovado muda o quadro educacional a que estão submetidas as nossas crianças e jovens?

Leite e os deputados da Assembleia Legislativa nunca se preocuparam em criar qualquer benefício que desse suporte para que os(as) estudantes tivessem o mínimo para acessar a rede de internet, telefone ou computadores, num período em que a fome, a miséria e o desemprego atingiram em cheio nossas comunidades.

Não foram garantidos EPIs suficientes e de qualidade para os plantões presenciais, que equipes diretivas, funcionários(as) e professores(as) foram obrigados(as) a cumprir durante todo o ano passado.

Neste início de ano, num período de bandeira preta, seguem obrigando os plantões nas escolas e, como se não bastasse, as CRES criaram um caos nas matrículas escolares e a extensão dos prazos não correspondem à gravidade da situação.

Assim como negam a abertura das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJAs), barrando o acesso à educação para centenas de trabalhadoras(es), determinam fechamento de turmas para obrigar a enturmação e, assim, garantir o ensino híbrido, que, com certeza, veio para ficar.

Desta forma, repetimos o alerta para a categoria: nenhuma confiança nos nossos algozes. Frederico Antunes (PP), MDB e outros, que fingem que negociam o “mal menor”, ou a “redução de danos” (como alguns resolveram chamar as sucessivas derrotas), são apenas os porta-vozes das políticas dos nossos inimigos de classe.

Não podemos deixar de lamentar a postura da diretoria do nosso sindicato. Desde ontem, a imprensa do CPERS insiste em afirmar que: “a emenda apresentada pelo líder do governo, Frederico Antunes, amenizou os efeitos do projeto apresentado pelo Partido Novo”.

Infelizmente mais uma tática desastrosa do sindicalismo de conciliação de classes, das ilusões no parlamento, para não dizer que é a retomada do peleguismo de outrora, agora no seio dos sindicatos classistas e combativos.

Parece que a maioria da atual direção resolveu eleger os partidos da base do governo como seus representantes. Na votação do “Pacote da Morte”, sentou e negociou com o MDB (o partido do Sartori) e, agora, reivindica o próprio líder do governo. Continuando assim, aonde iremos parar?

Devemos seguir resistindo, nos auto-organizando nas escolas, unificando todos os seguimentos da comunidade escolar e reafirmando: ano letivo, conteúdos, tudo pode ser recuperado, vidas, não. Precisamos continuar lutando e, mais do que nunca, necessitamos construir coletivamente um caminho para mudar o CPERS.


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