ROSANE DE OLIVEIRA - 12/4/23

Maurício Tonetto / Secom
Diagnóstico sobre o IPE foi apresentado pelo governador Eduardo Leite a deputados nesta segunda. Maurício Tonetto / Secom

Na véspera da apresentação do diagnóstico sobre a situação do IPE Saúde a coluna alertou que os dados deveriam alarmar os deputados, a quem caberá votar uma proposta capaz de salvar a instituição. O raio X mostrado aos parlamentares revela um quadro ainda pior do que se poderia imaginar. O déficit de R$ 36 milhões mensais é apenas um dos indicadores da crise estrutural que ameaça o futuro do plano. A ele se somam dívidas com os prestadores de serviços, na ordem de R$ 250 milhões com mais de 60 dias de atraso.  

A pergunta que os servidores, principalmente os mais antigos, se fazem é como o IPE passou de plano de saúde de excelência a instituição quase falida, com descredenciamento de médicos e segurados insatisfeitos. Parte da resposta está nos muitos anos de congelamento dos salários, que acabou prejudicando também a receita do IPE Saúde, uma vez que a contribuição é um percentual da remuneração (3,1% do servidor e 3,1% do governo).  

O diagnóstico aponta outros fatores, como a saída dos servidores de maiores remunerações, o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e a redução do índice de contribuição, de 3,6% para 3,1%, em 2004. 

No plano principal, mais da metade dos usuários têm acima de 59 anos quem naturalmente, precisam mais de serviços médicos. Quatro em cada 10 usuários cobertos pelo plano principal são dependentes e, portanto, não pagam contribuição mensal.

Quase 60% dos titulares e respectivos dependentes encontram-se na faixa salarial de até R$ 5 mil. A contribuição média é de R$ 185,32, no plano principal, por titular. Se considerado o titular e dependente, a média fica em R$ 105,18, o que está  muito abaixo da média do mercado. 

Para resolver o problema, o governo tem dois caminhos: aumentar a contribuição e cobrar uma taxa por dependente ou aportar dinheiro do Tesouro, o que significa dividir a conta com quem não usa o plano.