Quer valorizar, vacine

Quer valorizar, vacine

Quer valorizar os trabalhadores da educação? Vacine-os.

A volta às aulas (ou não) está de volta. É assim há um ano. Os argumentos já foram apresentados à exaustão, tanto por quem quer a volta, como por quem não quer. Do que se viu e ouviu argumentar, todos têm razões plausíveis e, portanto, a questão não é quem está com o melhor argumento.

É que esta decisão não sairá da racionalidade das argumentações, em si, mas da sua natureza, digamos, ética: não dá para escolher entre vida e aprendizagem, sem que estes dois campos sejam colocados em uma hierarquia. E se fizermos isso, vida vem antes de aprendizagem e não há o que se discutir. Não é por outra razão que os próprios liberais incluíram a “vida” entre os princípios fundantes do liberalismo em pé de igualdade com a “liberdade” e com a “propriedade privada”.

Alguns argumentos, é claro, são sensacionalistas. Por exemplo: se os bares estão abertos, então as escolas também devem estar. Falso. Você vai ao bar se quiser, na escola não é o caso. No bar, o dono e o cliente querem estar lá, ainda que os funcionários nem tanto. Na escola, os trabalhadores da educação gostariam de não estar lá – e com razão. Muitos pais também se sentirão compelidos a enviar seus filhos à escola, mesmo duvidando que seja uma opção segura – há o transporte, por exemplo, além das próprias condições precárias de funcionamento destas.

Estamos no meio de um repique da pandemia, em um país sem governo, com uma nova cepa do vírus que, segundo alguns especialistas, promete uma maior elevação ainda da contaminação dentro de 30 dias. A razão é o desgoverno em Manaus que está espalhando dezenas de pacientes infectados com esta, para vários estados brasileiros, porque o negacionismo federal foi leniente.

Da mesma maneira que os trabalhadores da saúde estão sendo vacinados prioritariamente, se a educação é algo importante como dizem, e é, então os professores deveriam estar incluídos nesta prioridade. Neste momento, a melhor maneira de se demonstrar que valorizamos os trabalhadores da educação é vaciná-los. Os governos estaduais poderiam resolver isso incluindo-os nas prioridades. A sociedade deveria pressionar os governantes a incluí-los entre as prioridades e não condená-los por se recusarem a voltar.

Todos sabemos que as escolas públicas não estão preparadas para assumir um retorno controlado, tal como mandam os protocolos divulgados. Se têm tais condições, então porque não se formam comissões independentes de pais, médicos, estudantes e trabalhadores da educação para que se manifestem em suas escolas, quanto à existência concreta de tais condições?

Procede, portanto, a intenção demonstrada pelos sindicatos e entidades que representam os trabalhadores da educação, de organizar uma greve. E greve, é pior do que tê-los, em casa, envolvidos com o ensino remoto. Num ato de solidariedade para com seus estudantes, talvez possam manter as atividades remotas. Mas, greve é greve.

Sobre esta questão da volta ou não às escolas recomendo a leitura de um post de Ratier: “Minhas filhas voltam com segurança à escola. Privilégio para poucos.” Nele, diz:

“O fato é que, como regra, os gestores públicos pouco ou nada fizeram para que os alunos de redes municipais e estaduais pudessem estudar. Estamos a ponto de completar 1 ano de pandemia e muito poderia ter sido realizado: melhoria da infraestrutura para o ensino online, políticas abrangentes para garantir alimentação em substituição à merenda escolar, busca ativa para combater o abandono, reformas nas escolas para que a possibilidade de contágio fosse reduzida e que os protocolos fossem corretamente aplicados. Com raras exceções, o cenário é de paralisia. O MEC sumiu e os secretários da educação tem, como regra, esperado a reabertura para se mexerem….

Leia mais aqui.

https://avaliacaoeducacional.com/2021/01/29/quer-valorizar-os-trabalhadores-da-educacao-vacine-os/ 




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