Quero para a minha cidade

Quero para a minha cidade

"O que você quer, de verdade, pra tua cidade?"

A imagem pode conter: céu e atividades ao ar livre

Essa foi a pergunta que um bolsonarista me fez em uma dessas publicações em que critico com veemência a forma patética como muitos erechinenses têm se comportado diante da chegada daquela réplica de estátua que fica na frente da lojinha do periquito vestido de bandeira nacional.

Ah! O que eu quero para a minha cidade...

Eu quero muita coisa!

E, ao mesmo tempo, quero apenas o essencial.

Eu quero uma cidade em que as pessoas lutem pelo acesso e pelo investimento em educação!

E vejam sua luta frutificar.

Eu quero uma cidade em que as pessoas ousem sonhar em trabalhar almejando a uma carreira profissional!

E consigam trilhar a ascensão nessa carreira!

Eu quero uma cidade em que as pessoas possam adquirir os bens que sua força de trabalho produz!

Eu quero uma cidade em que a população não comemore a oportunidade de ser explorada!

Eu quero uma cidade em que as pessoas compreendam que a chegada de uma lojinha de bugingangas não representa desenvolvimento.

Representa um sistema criminoso de financiamento de notícias falsas e apoio à milícia.

Eu quero uma cidade em que as pessoas não sejam alienadas!

Eu quero uma cidade em que as pessoas percebam o acinte que é termos um antipresidente que se diz patriota mas fica de quatro para o Trump.

Com que frequência?

O tempo todo!

Eu quero uma cidade em que as pessoas saibam o significado da Estátua da Liberdade e, assim, consigam compreender o quão ridículo é o uso dessas réplicas para o fim que se propõem a usá-las.

Eu quero uma cidade que consiga pensar sobre o absurdo que é comemorar a chegada dessa lojinha que por fora vende uma falsa imagem de EUA e por dentro vende produtos chineses para ignorantes comprarem parcelado em 30 vezes no cartão de crédito.

Eu quero uma cidade com cidadãos de fato!

Com habitantes dotados de senso crítico e capacidade de análise e reflexão suficientes para assimilarem que não se pode, enquanto trabalhadores, festejarmos a abertura de um negócio de um neoliberal safado que se refere a seus funcionários como "colaboradores" como forma de camuflar a situação de semi-escravidão a qual os submete.

Eu quero uma cidade que se negue a frequentar um botequim "a la Tio Sam" falsificado cujos impostos são sonegados ao invés de serem revertidos em saúde, educação, infraestrutura...

Eu quero uma cidade em que o povo não se exponha ao vexame de idolatrar uma estátua.

E, pior, uma estátua que não lhe pertence!

Eu quero uma cidade em que as pessoas saibam o que é liberdade! No pleno sentido da palavra e da vivência!

E que essa liberdade seja para todos e todas!

Eu quero uma cidade que comemore a conquista da implementação de universidades públicas! E que as valorize!

Elas, as universidades, geram muito mais emprego e renda do que essa lojinha de quinta categoria!

E, de quebra, produzem conhecimento que confere liberdade! Liberdade! De verdade, não essa da réplica da estátua!

Eu quero, portanto, o óbvio!




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