Raíz dos nossos males
As raízes dos nossos males: uma reflexão para o Dia do Trabalhador
A quinta-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador, trouxe uma notícia sintomática do período que atravessamos.
Bolsonaro pretende privatizar o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
São dois dos principais ativos da saúde pública no Rio Grande do Sul. Ambos referências no tratamento da Covid-19 na capital.
Um dia antes, no Paraná, em votação de dar calafrios, deputados(as) aprovaram projeto do governador Ratinho Junior (PSD) para extinguir os cargos de funcionários(as) de escola. De agora em diante, serão todos terceirizados.
Na terça (28), os educadores(as) gaúchos sentiram na carne o fio da tesoura neoliberal. Mudanças no adicional de Difícil Acesso reduziram os minguados salários de quem está na ativa.
Já os aposentados(as), que têm os menores salários da folha de inativos do Estado, passaram a pagar pesadas contribuições previdenciárias.
Poderíamos continuar recuando, dia ante dia. As raízes dos nossos males são profundas, conectadas na causa e no tempo.
O PSDB de Eduardo Leite sempre liderou a agenda privatista no país.
O extermínio da carreira dos servidores(as) do Paraná não seria possível sem a terceirização irrestrita promovida pela Reforma Trabalhista, implementada por Temer (MDB).
Aqui, o pacote de destruição dos serviços públicos – incluindo as alterações no Plano de Carreira do Magistério – foi justificado pelas exigências do Regime de Recuperação Fiscal, também criado no governo Temer (MDB).
O desconto dos aposentados(as) de Eduardo Leite (PSDB) não seria possível sem a Reforma da Previdência de Bolsonaro.
Bolsonaro, quando deputado, votou a favor das reformas de Temer, incluindo a Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos públicos e até hoje sangra a educação e a saúde.
No segundo turno das eleições de 2018, o governador esteve com Bolsonaro.
Há 20 anos, Britto inaugurou o experimento neoliberal no Rio Grande do Sul e afundou o estado em dívidas.
Repare: quando se reforma uma casa, é para melhorar. Mas cada vez que se faz uma reforma do Estado, é o povo que sai perdendo. É o trabalhador(a) que paga.
Já era assim antes da pandemia. Há quantos anos pagamos para sustentar a injustiça?
A intenção dos ajustes não era colocar as contas em dia? O que deu errado? Por que continuamos pagando por essa crise insolúvel?
É porque essa crise não é nossa. Essa crise é do projeto neoliberal. A crise é o próprio projeto.
Será que estaríamos há 53 meses com os salários atrasados se não fosse Sartori (MDB)?
Não se trata de um ou outro político. Trata-se da mesma agenda, do mesmo projeto com diferentes nuances de verniz democrático e capacidade de articulação.
Está na hora de confrontar nossas convicções. Qual é a raiz dos nossos males? Por quem dobram nossas sinetas?
O problema está na política ou na nossa negação da política?
A quem confiamos nossos votos?