Reabrir as escolas agora é genocídio
Reabrir as escolas agora é genocídio, diz pesquisador da FGV
Eduardo Massad, professor da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, desaconselha volta às aulas a partir de setembro no Brasil
Ricardo Pedro Cruz, do R7
Pesquisador não recomenda volta às aulas a partir de setembro
Reuters / Agência Brasil / Amanda PerobelliEduardo Massad, professor e pesquisador da Escola de Matemática Aplicada da FGV (Fundação Getúlio Vargas), desaconselhou a reabertura de escolas a partir de setembro em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil. O estudioso classificou a medida como "genocida", na noite de terça-feira (14), durante participação em debate realizado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo).
De acordo com o matemático, mesmo com a obrigatoriedade do uso de máscaras e as medidas de distanciamento social, no primeiro dia de volta às aulas o país teria 1.700 novos infectados e 38 óbitos como consequência.
"Absolutamente, não. Absolutamente não pode voltar em setembro. Eu fiz a conta hoje sobre a volta à escola. Nós temos no Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus 'zanzando' por aí. Se você abrir agora, em 1º de agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando dois metros de distância, no primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas infecções com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias, vai quadruplicar depois de 15 dias. Abrir as escolas agora é genocídio", disse.
Em meio à crise sanitária, no entanto, governos estaduais e municipais se preparam para a retomada das atividades. Em São Paulo, segundo Rossieli Soares, secretário de Estado da Educação, durante coletiva de imprensa, no dia 24 de junho, a data prevista para as escolas voltarem a receber alunos é o dia 8 de setembro.
As aulas devem voltar de maneira gradual de acordo com o plano apresentado pelo governador João Doria (PSDB). As normas valem para a rede pública e particular de todo o estado e também para todos os níveis, da educação infantil até ensino superior. A educação complementar, como cursos livres e de línguas, também entra nesse plano de ação.
A retomada será realizada em três etapas. Na primeira fase, serão atendidos 35% dos alunos, preservando distanciamento de 1,5 m entre eles. Na etapa 2, 70% e, por fim, o chamado "novo normal".