Recursos humanos: prioridade
Recursos humanos: prioridade na educação pública
A saúde e o bem-estar dos educadores são muito importantes, tanto para eles como para as crianças e os adolescentes que convivem com eles nas escolas na maior parte do dia
Falo em nome de um grupo de psicanalistas da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre que, desde 2006, trabalha com educadores das escolas municipais.
A saúde e o bem-estar dos educadores são muito importantes, tanto para eles como para as crianças e os adolescentes que convivem com eles nas escolas na maior parte do dia. O espaço escolar é um lugar de aprendizado, segurança emocional, convívio social e muitas vezes de alimentação. A saúde e o desenvolvimento das crianças estão diretamente relacionados ao ambiente escolar bem como à família. Todo investimento e cuidado com a infância é pouco: essa precisa ser visibilizada e cuidada.
No entanto, temos testemunhado escolas sem as mínimas condições de infraestrutura, muitas sem água, banheiros, rede elétrica, muito menos internet. Acompanhamos educadores com alta qualificação trabalhando incessantemente nessas péssimas condições; exercem diversas funções devido à escassez assustadora de recursos humanos. Como não adoecer nessas circunstâncias? Tanto educadores quanto alunos. É preciso ouvir os educadores sobre a precariedade dos seus contratos e das condições das escolas.
Com os últimos acontecimentos que vieram à tona na rede escolar municipal, ficou claro que não faltam recursos. O que falta, então? Vontade política? Uma escolha mais efetiva de prioridades? Acreditamos que somente com uma educação pública de qualidade podemos almejar uma infância e um futuro melhor em um país tão desigual.
Quem cuida dos cuidadores? Ficamos ao lado dos educadores em um trabalho de escuta ativa, através de rodas de conversa. Método que lhes possibilita falar dos traumas, medos e lutos, agravados pela pandemia, e do descuido e descaso com a educação. No entanto, essa escuta não preenche a falta de psicólogas e assistentes sociais nas escolas, essenciais nessas áreas de fragilidade socioeconômica e emocional da cidade. Nossa escuta busca inverter a lógica da desesperança em uma lógica de esperança digna e respeitosa pela educação e pelos educadores.