Redução da pobreza e da desigualdade social
RS tem redução da pobreza e da desigualdade social em 2022
Estado também se destaca entre as menores taxas de sensação de insegurança pela população
06/12/2023 Bruna Oliveira
Depois de atingir níveis de deterioração recordes em 2021, a condição de vida dos brasileiros teve melhora no ano passado. Em 2022, houve diminuição da pobreza e da extrema pobreza tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, além de melhora nos índices de desigualdade social e educação. As informações são da Síntese dos Indicadores Sociais, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (6).
De 2021 a 2022, a parcela da população que vivia em situação de extrema pobreza, ou seja, com menos U$S 2,15 por dia (cerca de R$ 5 conforme a taxa de paridade adotada), caiu de 9% para 5,9% no país — atingindo 12,6 milhões de brasileiros. Em termos absolutos, foi uma redução de 6,5 milhões de pessoas extremamente pobres em um ano. Na faixa da pobreza (até U$S 6,85 ao dia, ou cerca de R$ 16), o percentual saiu de 36,7% para 31,6% no país (redução de 10,3 milhões de pessoas nesta faixa, para 67,6 milhões).
Cabe ressaltar que houve alteração nas linhas de pobreza do Banco Mundial utilizadas pelo IBGE. A pesquisa atual considera esta evolução. Em 2021, os valores de referência para extrema pobreza e pobreza eram de U$S 1,90 e de U$S 5,50 ao dia, respectivamente.
A melhora nas condições foi semelhante na análise regional. No Rio Grande do Sul, o percentual de gaúchos vivendo na extrema pobreza reduziu de 2,9% para 2,5%. Significa que 44,6 mil gaúchos deixaram a condição de miséria, totalizando 287,1 mil pessoas nesta condição. Já a parcela em situação de pobreza reduziu de 18,9% para 16,8%, resultando em 232.910 a menos nessa faixa, onde permanecem cerca de 1,9 milhão de pessoas.
Em comparação ao ano anterior, houve redução da extrema pobreza em todas as grandes regiões do país em 2022. O maior impacto de queda foi nas regiões Norte e Nordeste. Na região Sul, a proporção de pobres foi a menor do Brasil, chegando a 17,1% da população.
A evolução retratada pelos índices está relacionada ao incremento dos programas sociais no último ano. Segundo Walter Rodrigues, pesquisador do IBGE e coordenador da Pnad Contínua no Estado, a redução da extrema pobreza tem entre os seus componentes o pagamento do Auxílio Brasil, benefício que teve valor turbinado no ano passado, também como característica de um ano eleitoral.
Para o pesquisador, isso contribuiu para que se reduzissem os índices de pobreza.
— Provavelmente, em 2023 teremos situação ainda melhor em relação a isso, já que aumentou a cobertura dos auxílios sociais e isso vai trazer novo impacto. Vemos bastante este reflexo nas regiões onde há menor possibilidade de trabalho — analisa Rodrigues.
Desigualdade
A pesquisa do IBGE também mostra que houve melhora nos índices que medem a desigualdade social. O descompasso da concentração de renda é medido pelo Índice de Gini. O índice varia de zero a um, e quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.
No Brasil, o Gini era de 0,544 em 2021 e caiu para 0,518 em 2022, o menor valor da série.
A redução, segundo o Instituto, é efeito da recuperação do mercado de trabalho e da expansão dos programas sociais.
No Rio Grande do Sul, o índice ficou praticamente estável: saiu de 0,468 para 0,467. Já em Porto Alegre, reduziu de 0,536 para 0,530, indicando uma desigualdade na concentração de renda acima da média nacional.
— A diferença é maior conforme temos uma menor condição socioeconômica. Por isso a melhora de 2021 para 2022 é mais substancial no Brasil do que em Porto Alegre. Assim como a condição do Rio Grande do Sul em relação ao Brasil é melhor. Quando analisamos o Brasil todo, a diferença é mais significativa porque há incidência maior dos programas sociais — explica Rodrigues.
Sensação de insegurança
A Síntese dos Indicadores Sociais brasileiros também abordou a sensação de segurança dos moradores no seu domicílio e no seu bairro de residência. Os dados foram coletados pelo IBGE na Pnad Contínua de 2021.
Naquele ano, 10,3% dos brasileiros com 15 anos de idade ou mais diziam se sentir inseguros ou muito inseguros em seu domicílio. Outros 26,8% declaravam se sentir inseguros ou muito inseguros no bairro onde moravam.
Entre os Estados, o Rio Grande do Sul era o terceiro com a menor sensação de insegurança da população no seu bairro (18,5%), atrás apenas de Minas Gerais (18,1%) e de Santa Catarina (9,9%). A maior proporção foi registrada no Amapá (48,1%).
De modo geral, a percepção de insegurança é maior nas capitais. Teresina (58,3%) e Florianópolis (10,3%) ocupam os extremos. Em 12 capitais brasileiras a sensação de insegurança é menor do que na capital gaúcha, que fica na 13ª posição (39,8%).
Educação
Os indicadores sociais mostram que o país teve uma relativa melhora nos aspectos relacionados ao acesso à educação, ainda que a frequência escolar permaneça abaixo das metas estabelecidas em algumas faixas de ensino. Os resultados, de modo geral, refletem a maior oferta de cursos nos últimos anos, com profusão de atividades EAD, por exemplo.
O único grupo que manteve trajetória de crescimento da frequência escolar no país foi o de 15 a 17 anos, passando de 89% para 92,2% de 2019 a 2022. O percentual ainda é aquém da meta de 100% prevista no Plano Nacional de Educação.
Dentre os pontos positivos do recorte educacional, o Rio Grande do Sul e o Rio Grande do Norte são os Estados com o maior percentual da chamada Meta 2, que estabelece que a taxa de frequência deve ser de 95% no Ensino Fundamental. No RS, essa taxa é de 96,9%.
O país registrou aumento na escolaridade dos jovens em uma década. Em 2012, 46,6% tinham Ensino Médio completo ou mais. Em 2022, eram 57,7%.
No ano passado, o Rio Grande do Sul tinha o segundo menor percentual de jovens que não estudam e não estão ocupados: 15,7%. Em 2021, eram 18,2%. O Estado fica atrás apenas de Santa Catarina, cujo percentual é de 12,8%. A média no Brasil é de 22,3%.
Mercado de trabalho
A melhora das condições sociais está relacionada ao mercado de trabalho. Segundo o IBGE, o nível de ocupação em 2022 foi de 56% no país, retornando ao nível pré-pandemia e com quedas importantes nas taxas de subutilização e de desocupação.
No ano passado, a população ocupada total foi 8,4% acima de 2021 e 2,1% maior do que em 2019. O aumento influenciou a massa de rendimentos, que subiu 6,1%, em termos reais, de 2021 para 2022. Já o rendimento médio do trabalho foi 2,1% menor em 2022.
O Rio Grande do Sul tem rendimento médio acima da média nacional e o sexto maior valor entre os demais Estados, em R$ 2.963. No Brasil, o valor é R$ 2.659.
Também houve aumento da informalidade em 2022. Segundo o pesquisador do IBGE, Walter Rodrigues, os informais são os primeiros a sentirem qualquer mudança da atividade econômica. Em 2020, foram os primeiros afetados pela pandemia.
— Em 2022, quando se tem a retomada pós-crise, (os informais) voltam para a ocupação mais facilmente, por isso cresce a informalidade. Em 2023, no entanto, já se vê o trabalho formal tendo destaque, trazendo novo incremento na formalidade — diz Rodrigues.
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