A deputada Sofia Cavedon (PT) ocupou o período do Grande Expediente da sessão plenária desta quinta-feira (11) para falar sobre a importância do Instituto de Educação Flores da Cunha, a mais antiga escola de formação de professores do Brasil, que em abril completou 152 anos de existência.
Ela defendeu também a continuidade das obras de reforma do prédio do estabelecimento educacional, paralisadas desde 2019. A expectativa era de que a retomada acontecesse neste ano, mas até agora nada indica que isso irá ocorrer. A restauração do prédio inclui telhados, móveis, redes de água, luz e esgoto, fachada externa e interna, salas e banheiros.
Sofia criticou ainda a intenção do governo do Estado de utilizar o prédio histórico para instalar o museu da escola do futuro. Em sua opinião, além de desviar o sentido da obra, a proposta representa total descompasso com a importância que o IE tem para a educação gaúcha. “A comunidade escolar discutiu o projeto de restauro do prédio, preservando seus espaços culturais, e projetou o IE do futuro. E é isso que queremos preservar”, frisou.
Por causa das obras, os 1200 alunos e os 90 professores e funcionários do Instituto de Educação foram abrigados em espaços provisórios em quatro escolas estaduais da mesma região: Felipe de Oliveira, Rio Branco, Professora Dinah Néri Pereira e Roque Callage.
Histórico
Criada em 1869 pelo governo imperial, a primeira escola normal da Província de Rio Grande de São Pedro, funcionava no prédio onde hoje está localizada a Biblioteca Pública do Estado, no Centro de Porto Alegre. Tinha como principal objetivo a formação de professores para o ensino primário. Em 1872, a escola foi transferida para o primeiro prédio público criado com finalidade escolar, situado na esquina da Rua da Igreja (Rua Duque de Caxias) com a Rua da Bragança (Rua Marechal Floriano), permanecendo nesse endereço por mais de 70 anos. Mas foi só em 1930 que foi determinada a construção da atual sede, localizada na Avenida Osvaldo Aranha.
Projetado em estilo neoclássico pelo arquiteto espanhol Fernando Corona, o prédio foi construído em apenas um ano em um terreno junto ao Campo da Redenção, hoje denominado Parque Farroupilha e tombado pela prefeitura da Capital em 1997. Dez anos depois, o Instituto de Educação foi reconhecido como patrimônio estadual e teve também o tombamento decretado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Estado (IPHAE).
Promoção da Cultura
Sofia destacou que, além de formar professores, o Instituto se destacou na promoção da cultura. No seu saguão, ressaltou a parlamentar, existem três grandes pinturas a óleo, que estão entre as cinco maiores do país: Garibaldi e A Esquadra Farroupilha (1919), de Lucílio de Albuquerque; A Tomada da Ponte da Azenha (1922) e Chegada dos Casais Açorianos (1923), ambas de Augusto Luiz de Freitas, que estão sendo restauradas através de uma campanha pública lançada pela Associação dos Ex-Alunos.
Outro exemplo, citado pela deputada, é o orfeão de alunos, criado em 1937. Nas décadas de 1950 e 1960, quando foi regido pela professora Dinah Néri Pereira, que havia estudado com o compositor Heitor Villa-Lobos no Rio de Janeiro, o coral chegou a gravar dois discos. Uma das maiores intérpretes de música popular do país, Elis Regina emprestou sua voz ao orfeão quando estudava no estabelecimento. Atualmente, o grupo é constituído de 16 ex-alunas, algumas com idade acima de 90 anos, que ensaiam todas as sextas-feiras, sob a regência de Bernardo Jean Marie Varriale.
Sofia salientou que o Instituto teve uma importante participação no universo educacional gaúcho. Vanguarda em metodologias pedagógicas e de formação de professores, aproveitou as novas pesquisas em Psicologia no início do século XX e irradiou as inovações por todo o estado. “Esse processo teve destacada participação feminina numa época onde as mulheres eram relegadas a um papel secundário, e a profissão de professora vista como complemento da maternidade”, apontou.
O Grande Expediente foi acompanhado por integrantes da direção, professores e alunos do Instituto de Educação.
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