República do Paradoxo

República do Paradoxo

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Era uma vez...

Em um passado não tão distante... 25 de maio de 2020.
...

República do Paradoxo

Bem-vindos!

Aqui é Brasil.

Aqui, o Chefe Supremo, uma tradução livre de führer [mas também pode ser o tipo de pizza], chegou ao poder repetindo incessantemente o versículo:

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo, 8:32)

Libertará?

Quem?

De quê?

Qual verdade?

A verdade que ele tenta esconder através de interferência política na Polícia Federal?

E o telefone celular?

Por que não entrega?

A verdade ali contida liberta?

Ou prende?

Quem?

Paradoxo.

“Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.”

Brasil, acima de quem?

Acima no panorama de número de infectados e mortos pela Covid-19?

Nesse quesito o Brasil sobe exponencialmente.

Acima no ranking de chefes de Estado que agem de forma irresponsável e criminosa, colocando a população em risco e expondo sua nação ao vexame internacional?

Nesse quesito ninguém supera o Brasil.

A parte do "Deus acima de todos" esbarra no trecho do "bandido bom é bandido morto".

Qual bandido?

Só aqueles que não têm nenhum zero no lugar do nome.

Bandido identificado por 01, 02, 03, 04... é blindado e protegido pelo papai.

Custe o que custar.

Aqui, a seita miliciano-gospel mata.

Com a Bíblia debaixo do braço e a arma em punho.

Paradoxo.

“Nossa bandeira jamais será vermelha.”

Só nas listrinhas da bandeira dos EUA.

Aí pode! Porque o capitão afastado do Exército Brasileiro aos 33 anos de idade por incapacidade mental adora prestar continência à bandeira do Tio Sam.

Todo bolsonarista que se preze tem em casa um lugar de adoração à bandeira dos EUA.

E, óbvio, a leva consigo nos atos pró-ditadura.

Sem falar na bandeira de Israel.

Também sempre no meio das manifestações que pedem AI-5 e Intervenção Militar.

A bandeira do Brasil?

Ah, bandeira do Brasil!

Em atos antidemocráticos;

Nas agressões a profissionais da saúde e repórteres;

Em meio ao caos!

Aquela que jamais seria vermelha...

Sangra!

Paradoxo.

Aqui, o dito cidadão de bem, guardião da moral, da ética, dos bons costumes e da família, o conservador, religioso, vai ao culto na igreja duas vezes por semana [no mínimo].

Amém!

Amém!

Aleluia!

Uma esmola para aliviar a consciência... doa cestas básicas porque é caridoso!

Faz a selfie para registrar e comprovar a bondade.

Políticas públicas?

Justiça social?

Bolsa família?

É contra.

Paradoxo.

Hipocrisia disfarçada de solidariedade.

Hipocrisia mascarada!

Em tempos em que máscara é cuidado; sobrevivência.

Paradoxo.

Falsos moralistas.

Se escandalizam com cenas de novelas; com teatro; com arte.

O conservador cidadão de bem não está preparado para ouvir de terceiros o vocabulário do presidente que ele admira.

Só o capitão pode falar essas coisas...

Vindas de Bolsonaro, palavras como: cagada, bosta, estrume, merda, cocô petrificado e hemorroida [associada à liberdade] não incomodam.

É normal – justificam; relativizam.

Mas, quando repetimos... aí é falta de educação!

Indignação seletiva essa do cidadão de bem conservador, hein?

Cidadão de bem considera banal aquela enxurrada de palavrões, xingamentos, ofensas.

- E se fosse o(a) professor(a) dos filhos do cidadão de bem a falar assim?

Em sala de aula; na reunião de pais.

- E se fosse o chefe do cidadão de bem a tratá-lo assim?

- E se fosse esta a linguagem durante uma celebração religiosa?

[No culto da Damares acho que é assim].

- E se fosse o vendedor da loja, o caixa do supermercado, o garçom... a se referir ao cidadão de bem desta maneira?

É feio?

Por que o presidente pode?

Paradoxo.

E a ministra pastora?

Exposta a todo este contexto profano.

Parece sentir-se à vontade.

Bem participativa.

Confortável na cena.

Tudo bem pra ela ouvir todos aqueles palavrões.

Tudo bem pra ela Guedes ter proposto promover turismo sexual em Angra dos Reis.

Tudo bem pra ela Guedes ter sugerido a implantação de jogos de azar no Brasil e ter dito para ela deixar cada um se f*** como quiser.

Eitaaaaaa conservadorismo religioso esse.

Paradoxo.

Será que há algo relacionado ao fato de Bolsonaro ter sancionado a lei que permite prorrogação de isenção do ICMS para igrejas?

Estados e DF podem prorrogar por até 15 anos incentivos fiscais vinculados ao ICMS para templos religiosos.

A pastora ministra dos Direitos Humanos propõe prender governadores e prefeitos porque segundo ela estão ferindo o direito de ir e vir dos cidadãos durante a pandemia.

Ela acha que tem que deixar ir pra morte mesmo.

Paradoxo.

Em 22 de abril, o Brasil contava com 2.900 mortos e mais de 46 mil casos de Covid.

O comando da seita neo-nazi-fascita miliciano-gospel- terraplanista-coloroquinista se reuniu.

Buscas pelas palavras - pandemia; coronavírus; Covid; leitos; respiradores - mostram que a pauta da reunião foi qualquer, exceto a preocupação em preservar a vida dos brasileiros.

Paradoxo.

Hoje, 25 de maio passamos de 23 mil mortos.

Aqui, seguidores do psicopata mau caráter com déficit cognitivo não acreditam na letalidade do vírus, mas acreditam que o negacionista descobriu a cura para o vírus no qual não acreditam.

Querem o direito de tomar um remédio que a Anvisa, o Conselho Federal de Medicina, dois ex-ministros médicos, a OMS e pesquisadores do mundo inteiro dizem não ter eficácia comprovada para tratamento da SARS-COV-2, além de causar severos efeitos colaterais.

Paradoxo.

Aqui, o ministro da educação odeia indígenas.

É intelectualmente desprivilegiado e xenófobo.

Propõe prender os vagabundos do STF.

E mais...

Ex-professor de uma universidade federal, o ministro da educação disse que faz parte de uma militância.

Weintraub disse: “eu tô no grupo dos ministros que tá mais ligado com a militância. Evidente, porque eu era um militante. Eu tava militando de peito aberto, continuo militando.”

Entendemos que o cidadão de bem só acha que professor militante é ruim quando é de esquerda.

Temos uma novidade: se professores de esquerda doutrinassem, não teríamos este psicopata fascista no poder.

Paradoxo.

Aqui, o ministro do meio ambiente propõe aproveitar a pandemia para revogar a legislação ambiental e fazer passar a boiada [a outra boiada, não os seguidores do chefe dele] de baciada [tipo a rodo mesmo] na base da canetada.

Entenda-se: rapidão vamos massacrar a Amazônia e a Mata Atlântica enquanto está todo mundo distraído com o coronavírus.

Plano infalível.

Criminoso.

Um ministro do meio ambiente cuja prioridade é destruir o meio ambiente.

Paradoxo.

Aqui, o ministro da economia propõe aproveitar a crise para privatizar o Banco do Brasil.

E a Caixa Econômica Federal.

Neoliberalismo num mix de turismo sexual, cassinos, jovens no Exército abrindo estradas e tudo mais por duzentos reais por mês. Microempresas vistas como prejuízo ao Estado.

Nesse momento Damares pensou: negócio bom mesmo é igreja que não paga imposto.

Paradoxo.

Aqui, o ex-juiz e ex-ministro que diz ter uma agenda estritamente anticorrupção leva um ano e quatro meses para perceber que serve a corruptos sebosos.

No dia 23 de abril, Moro e o ministro da Defesa assinaram uma portaria aumentando a possibilidade do cidadão comprar munição, de 200 cartuchos por mês para 550 por mês.

[Será que levaram a sério a tentativa de matar o vírus à bala?]

Ao ser questionado, o ex-herói de Curitiba diz que não se opôs à liberação dos cartuchos porque não queria que isso fosse usado como subterfúgio para tirar o foco da questão da interferência política na Polícia Federal.

Paradoxo.

Hoje, 25 de maio, Jair Bolsonaro fez uma visita-relâmpago à sede da Procuradoria-Geral da República para cumprimentar o procurador Carlos Vilhena, que tinha acabado de tomar posse como chefe da Procuradoria do Cidadão.

Lá, Bolsonaro encontrou também o procurador-geral da República, Augusto Aras.

Na sua versão führer, o Chefe Supremo fez pressão.

Pressão.

Augusto Aras foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o cargo de procurador-geral da República em setembro de 2019.

Na ocasião, Bolsonaro enfatizou que queria um procurador-geral da República "alinhado" com ele, comparou o governo com um jogo de xadrez no qual, ele, Bolsonaro, era o "rei" e o procurador-geral, a "dama".

Bolsonaro: o rei esquifoso.

Aras: a dama.

Isso sim se chama 'jogo de peças marcadas'.

O procurador-geral é o responsável por decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça no inquérito que investiga a denúncia de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

Só após o procurador-geral apresentar a denúncia, o STF pode abrir um processo.

Aras também vai analisar, a pedido do ministro Celso de Mello, relator do inquérito no STF, solicitação de partidos políticos para que o telefone celular de Bolsonaro seja apreendido.

Aras decidirá se a verdade contida no telefone de Bolsonaro nos libertará.

Sinto a verdade indo embora... inalcançável!

Aras... pelos ares... com a verdade!

Voou?

A amizade de Aras e Bolsonaro pode mostrar que Chefe Supremo pode sim ser pizza.

República!

De paradoxo em paradoxo...

-Ana-




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