Resultados Saeb 2019
Saeb 2019 apresenta resultados para estudantes do 2º e do 9º anos
Avaliação revela desigualdade entre alunos das áreas urbanas e rurais
Publicado em 04/11/2020 Por Pedro Peduzzi Repórter da Agência Brasil - Brasília
A maior parcela dos estudantes do 2º ano do ensino fundamental brasileiro (21,55%) está no Nível 5, em uma escala que vai até 8 para medir os conhecimentos em língua portuguesa. Quanto à proficiência em matemática, a maioria dos alunos (19,83%) encontra-se no Nível 4. É o que apontam os resultados dos testes amostrais do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, divulgados hoje (4) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Nesta edição, o Saeb mediu também os conhecimentos de estudantes do 9º ano na área de ciências humanas – nesse caso, a escala vai de "abaixo do Nível 1" até o 9 – e ciências da natureza. Em ambas, a maior parcela dos estudantes está no Nível 2 (18,6%, no caso de ciências humanas; e 17,98%, no caso de ciências da natureza).
De acordo com o levantamento, 4,62% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental estão abaixo do Nível 1 em língua portuguesa, o que indica a “provável falta de domínio no conjunto das habilidades que compuseram o teste por parte desses participantes”.
Segundo Waleska Karinne, especialista escalada para apresentar os resultados do Saeb 2019, na outra ponta, estão 5,04% dos estudantes que se encontram no Nível 8, o que indica “domínio da maioria das habilidades testadas”.
Já em matemática, 2,82% dos participantes estão abaixo do Nível 1, enquanto 6,99% encontram-se no Nível 8.
Ciências humanas e da natureza
No outro grupo que teve os resultados apresentados nesta quarta-feira (estudantes do 9º ano, em ciências humanas e da natureza), apenas 0,14% dos alunos está no Nível 9 em ciências humanas, patamar que indica domínio da maioria das habilidades testadas.
Conforme o Saeb, 16,97% desses estudantes encontram-se abaixo do Nível 1 em ciências humanas; e 18,6% (a maior parcela), no Nível 2.
Na avaliação específica sobre os conhecimentos em ciências da natureza, 17,73% ficaram abaixo do Nível 1; e 0,5% dos participantes estão noNnível 8. Segundo Waleska Karinne, os quatro primeiros níveis apresentam, aproximadamente, o mesmo percentual, a exemplo do que ocorreu notado em ciências humanas.
Zonas rural e urbana
O Saeb 2019 identificou desigualdades entre os grupos de analisados que vivem nas zonas rural e urbana, bem como entre capitais e cidades do interior. “Existe desigualdade. Vimos que os estudantes que vivem na zona urbana ou em capitais apresentaram distribuição similar ao quadro geral nacional. Já na zona rural e no interior, a maior parte dos estudantes não apresentou a mesma concentração”, disse a especialista do Inep, referindo-se ao nível de escala de proficiência dos estudantes na etapa de alfabetização.
De acordo com o Inep, nas áreas rurais observou-se maior concentração (19,45% dos alunos) no Nível 4 em língua portuguesa. O percentual de estudantes cuja proficiência ficou abaixo do Nível 1 ficou em 8,33%; 6% apresentaram conhecimentos equivalentes ao Nível 1; e 8,53% ao Nível 2. Já o percentual de alunos cujos exames resultaram em proficiência de níveis 3, 4 e 5 ficaram em 15,4%; 19,45% e 18,86%, respectivamente.
Nas escolas localizadas em ambientes urbanos, os percentuais de alunos abaixo do Nível 1 ficaram em 4,27%. Já o percentual de alunos que ficaram no Nível 1 é de 4%, enquanto 6,55% atingiram o Nível 2; e 11,57%, 17,64% e 21,8% tiveram os conhecimentos classificados como níveis 3, 4 e 5, respectivamente.
Em matemática, 6% dos alunos cujas escolas estão localizadas em zonas rurais tiveram resultado abaixo do Nível 1; 6,94% foram classificados no Nível 1; 11,35% no Nível 2. Os níveis 3 e 4 apresentaram percentuais de 17,62% e 17,88%, respectivamente
Já os estudantes que vivem em zonas urbanas apresentaram os seguintes resultados em matemática: 2,52% estão abaixo do Nível 1; 4,25% estão no Nível 1 e 8,36% no Nível 2. Os percentuais de estudantes classificados nos níveis 3 e 4 ficaram em 14,12% e 20%, respectivamente.
Em ciências humanas, 25% dos estudantes que vivem em áreas rurais obtiveram resultados abaixo do Nível 1; enquanto 19,7% ficaram no Nível 1; 21,38%, no Nível 2; e 15%, no Nível 3. Os que tiveram proficiência classificada como de níveis 7, 8 e 9 ficaram em 0,81%; 0,08%; e 0,2%, respectivamente.
No caso de estudantes que vivem em áreas urbanas, 16,14% foram avaliados como abaixo do Nível 1 na área de ciências humanas; 16,26% obtiveram pontuação que os coloca no Nível 1;e 18,32%, no Nível 2. O percentual de estudantes cujos exames registraram níveis 7, 8 e 9 ficaram em 2,31%; 0,65%; e 0,15%, respectivamente.
Saeb
Realizados desde 1990, os testes do Saeb oferecem subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas com base em evidências, permitindo que os diversos níveis governamentais avaliem a qualidade da educação oferecida no país. Seus resultados, associados às taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Na edição do ano passado, o Saeb contou com a participação de 5.660.208 (80,99%) dos 6.989.131 estudantes previstos para a avaliação. Segundo o Inep, 72.506 escolas participaram do Saeb 2019. Dessas instituições, 62.769 tiveram os resultados divulgados. "A avaliação é realizada com foco no ensino público. Ainda assim, 2.117 escolas particulares participaram desta edição", informou o instituto.
Edição: Nádia Franco
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Avaliação traz resultados inéditos da educação básica
Pela primeira vez, desde 1990, crianças do 2º ano do ensino fundamental foram avaliadas pelo Saeb. Estudantes do 9º ano também participaram da avaliação
Trinta anos após a criação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 1990, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentaram dados inéditos sobre o desempenho de crianças em língua portuguesa e matemática ao final do 2º ano do ensino fundamental. Também foram avaliados estudantes do 9º ano em ciências humanas e da natureza, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A divulgação ocorreu em webinário, nesta quarta-feira, 4 de novembro.
O Saeb 2019 tornou-se um marco pela aplicação de novos testes (com novas matrizes e escalas de proficiência) de língua portuguesa e matemática, além de avaliar, pela primeira vez, a alfabetização de alunos do 2º ano, em caráter amostral. “A partir desses dados, poderemos produzir indicadores sobre as condições de oferta de ensino e contribuir para a melhoria da qualidade de ensino e a redução das desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional. São evidências científicas. É isso que queremos”, pontuou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante a divulgação dos resultados.
Secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim analisou a importância dos resultados do Saeb em conjunto com outros processos avaliativos, para a implementação de políticas mais eficazes na etapa educacional. “Nós levamos em consideração, na elaboração da Política Nacional da Alfabetização, os resultados das duas últimas edições da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), e agora temos o Saeb do 2º ano, com uma nova matriz e uma nova escala de proficiência. Os resultados serão usados para calibrarmos nossas políticas, nossos programas e ações”, disse Nadalim.
Durante o webinário, Alexandre Lopes, presidente do Inep, destacou a importância de as aplicações serem ampliadas e passarem a ser censitárias a partir de 2021. “Por se tratar de uma matriz nova no 2º ano, a prova foi amostral, mas, em 2021, a aplicação já será censitária. Foi um pedido da sociedade, para que todos os estudantes fossem avaliados na alfabetização. É o início da vida escolar do aluno. Então, é muito importante que a gente conheça a realidade de cada um, para que professores e escolas possam atuar individualmente”, pontuou.
Lopes chamou a atenção também para a reformulação do Saeb e para a necessidade de novas estratégias, considerando o novo modelo de aplicação do sistema. “É o momento de iniciar um debate a respeito disso. É importante que o Brasil tenha metas. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) leva em consideração as notas do 5º e 9º ano do ensino fundamental, além da 3ª série do ensino médio. Agora, com esse novo instrumento e com a implementação do Novo Saeb, a partir do ano que vem, abre-se uma nova realidade, com novas oportunidades de criarmos metas não apenas para esses anos, mas também para os demais anos da educação básica”, ponderou o presidente do Inep.
No Saeb 2019, os estudantes do 9º ano do fundamental que, até então, realizavam provas de língua portuguesa e matemática, também foram avaliados em novas áreas do conhecimento: ciências humanas e da natureza. Assim como no caso dos alunos do 2º ano, a avaliação desses estudantes ocorreu em caráter amostral. Titular da Diretoria de Avaliação da Educação Básica do Inep (Daeb), Carlos Roberto Pinto de Souza, destacou o fato de as evidências serem coletadas “por meio de avaliações realizadas segundo uma concepção técnico-pedagógica cuidadosamente planejada e executada”. De acordo com o diretor, por ser de caráter quantitativo e qualitativo, “o modelo avaliativo permite maior exatidão e precisão da medição da eficácia dos processos de ensino-aprendizagem”. Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, “certamente, as novas sequências de dados gerados a partir dos resultados permitirão traçar estratégias pontuais e precisas”.
Os resultados dos testes tanto do 9º ano quanto do 2º foram apresentados respectivamente pelo coordenador-geral do Saeb, Helciclever Barros, e pela coordenadora de Articulação e Disseminação de Resultados, Waleska Karinne Souto, ambos do Inep. A coordenadora pedagógica do Saeb, Aline Mara Fernandes Muler, apresentou a concepção teórico-metodológica dos novos testes, além de esclarecer como os dados foram coletados e analisados. O webinário ainda contou com análises dos especialistas convidados Alessandra Gotuzo Seabra, Helder Sousa e Vitor Geraldi Haase, da Secretaria de Alfabetização do MEC.
Saeb – Realizado desde 1990, o Sistema de Avaliação da Educação Básica é um processo de avaliação em larga escala, realizado periodicamente pelo Inep. O Saeb oferece subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas com base em evidências, permitindo que os diversos níveis governamentais avaliem a qualidade da educação praticada no país. Por meio de testes e questionários, a avaliação reflete os níveis de aprendizagem demonstrados pelo conjunto de estudantes. Esses níveis de aprendizagem estão descritos e organizados de modo crescente, em escalas de proficiência de língua portuguesa e de matemática, para cada uma das etapas avaliadas. A interpretação dos resultados do Saeb deve ser realizada com apoio das escalas de proficiência. Os resultados de aprendizagem dos estudantes, apurados no Saeb, juntamente com as taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar, compõem o Ideb.
Confira os resultados do Saeb 2019
Matrizes de referência e escalas de proficiência do Saeb
Apresentação | Resultados das aplicações amostrais para 2º e 9º ano do ensino fundamental
Assessoria de Comunicação do Inep