Ritmo de pagamento de servidores

Ritmo de pagamento de servidores

Ritmo de pagamento de servidores gaúchos depende de socorro do Planalto

Só 48% dos servidores receberam até agora o salário de abril

Rosane de Oliveira

Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini / Divulgação
Em videoconferência, Leite pediu a Bolsonaro que apresse a liberação do socorro emergencial aos Estados              
Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini / Divulgação

Sem ter conseguido ainda pagar os salários de abril dos servidores do Executivo, que só devem ser quitados perto do dia 12 de junho, o governador Eduardo Leite depende do socorro emergencial do Palácio do Planalto, que foi aprovado pelo Congresso e que aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro. Sem esse dinheiro, não há como pagar abril e, muito menos, montar o calendário de pagamento de maio, que deveria começar no dia 29.

Nesta quinta-feira (21), na reunião virtual com Bolsonaro e com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, não estava prevista manifestação do governador do Rio Grande do Sul. Representando os 27, só falariam os governadores João Doria, de São Paulo, e Reinaldo Azambuja, de Mato Grosso do Sul.

Leite aproveitou um problema técnico que impedia a conexão de Doria para pedir a palavra. Em fala sintética, pediu a Bolsonaro que apresse a liberação do socorro emergencial aos Estados, aprovado pelo Congresso, e a de parte do valor referente ao acordo de ressarcimento das perdas da Lei Kandir, que será pago até 2037.

O governador explicou que o Estado perdeu R$ 700 milhões de receita em abril e que a arrecadação deve cair mais R$ 1 milhão em maio. Como parte da arrecadação vai para as prefeituras, a perda líquida para os cofres do Estado beste mês é estimada em R$ 690 milhões. Da União, virão R$ 500 milhões em dinheiro, mais a suspensão do pagamento da dívida, que o Estado já não vinha pagando por força de liminar do Supremo Tribunal Federal.

Leite se comprometeu em apoiar o congelamento dos salários dos servidores públicos, contrapartida exigida pelo ministro Paulo Guedes para o socorro aos Estados. No Rio Grande do Sul, com exceção da área da segurança, os salários estão congelados há seis anos

Com a queda da receita, o Estado, que nos primeiros meses do ano tinha conseguido reduzir os atrasos para 13 dias, depois de ter chegado a 45 em setembro, voltará a quitar a folha mais de 40 dias depois da data prevista em lei. Mesmo com retomada gradual da economia, a receita de junho ainda será fortemente impactada pela paralisia decorrente do isolamento social.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/rosane-de-oliveira/noticia/2020/05/ritmo-de-pagamento-de-servidores-gauchos-depende-de-socorro-do-planalto-ckah7i8xf00lo015nflb3csyw.html?fbclid=IwAR2FOjz6UZ8LCtC-JPHJoCEkBK7cujvHQt01dyyEVXQ_8lPnrmW2oH91x50

 

Fazenda aguarda data da ajuda federal para confirmar próxima parcela da folha de abril dos servidores

Bolsonaro anunciou que irá sancionar repasses a Estados e municípios, mas não deixou claro quando entrará a primeira parte dos recursos

Fernando Gomes / Agencia RBS

 

À frente da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso lamentou agravamento da crise em vídeo na internet

Fernando Gomes / Agencia RBS

O secretário estadual da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, disse, nesta quinta-feira (21), durante transmissão ao vivo nas redes sociais, que o pagamento da folha de abril do funcionalismo segue na dependência de recursos da União. A próxima parcela só terá a data divulgada pelo Estado depois que o Palácio do Planalto informar quando será depositada a primeira parte do socorro federal.

No fim da manhã, em reunião com os governadores, o presidente Jair Bolsonaro prometeu sancionar a lei que irá liberar R$ 60 bilhões a Estados e municípios afetados pela pandemia, mas não ficou claro quando isso irá ocorrer. O Estado do Rio Grande do Sul tem direito a receber R$ 1,945 bilhão. O valor será dividido em quatro parcelas de pouco menos de R$ 500 milhões. Além disso, virão outros R$ 260 milhões para a Saúde.

A intenção de Cardoso é usar os primeiros R$ 500 milhões nos contracheques dos servidores do Executivo. O último depósito relativo à folha de abril ocorreu em 14 de maio. Na ocasião, o governo do Estado conseguiu pagar os funcionários que recebem até R$ 2,2 mil líquidos, o que representa apenas 48% do total. Desde então, aguarda a definição sobre a ajuda da União.

Assim que chegar a verba, a Fazenda deverá depositar mais uma parcela de R$ 4.550 para os servidores, contemplando 88% dos contracheques. O pagamento do restante das remunerações tende a ficar para 12 de junho, após o ingresso de ICMS em caixa, o que também preocupa, porque significará a sobreposição de duas folhas (a de abril e a de maio).

— A próxima parcela (de R$ 4.550) dependerá efetivamente da data de crédito desses R$ 500 milhões que esperamos que o governo federal repasse. Aguardamos a confirmação da data para confirmar a próxima parcela do salário de abril — declarou Cardoso.

O governador Eduardo Leite voltou a afirmar, na mesma transmissão, que reforçou os pedidos junto ao Palácio do Planalto para que agilize a transferência da verba prometida. Leite está bastante preocupado com a crise e prevê sérios problemas. Até agora, a queda na arrecadação é de R$ 1,7 bilhão (uma folha custa R$ 1,5 bilhão), mas as perdas tendem a se aprofundar e a inviabilizar os compromissos do Estado.

— Ainda tem um tempo para operacionalizar o repasse (federal). É isso que nos causa muita preocupação — disse Leite.

O projeto de auxílio foi aprovado no Senado em 6 de maio e, até a tarde desta quinta-feira (21), ainda aguardava a assinatura do presidente.

 

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