Jefferson Botega / Assembleia Legislativa

Mensagem foi encaminhada pelo governador Eduardo Leite à Assembleia

Jefferson Botega / Assembleia Legislativa

Na Assembleia, poucos deputados prestaram atenção à mensagem do governador Eduardo Leite com a radiografia da situação do Estado e o que planeja fazer em 2020. O ato é de rotina: todos os anos, o Piratini precisa encaminhar o documento na retomada dos trabalhos do Legislativo. O conteúdo (leia abaixo) é um retrato da crise que faz os servidores do Executivo receberem salários parcelados há 50 meses, trava investimentos e faz crescer o déficit previdenciário.

Nem todas são informações inéditas: ao longo da discussão do pacote de reformas o governo usou parte delas para convencer os deputados da necessidade de aprovar os projetos. Outras, não chegaram a ser exploradas, até para não agravar a sensação de injustiça que paira entre diferentes categorias. 

Um dos quadros mostra que a média salarial na Secretaria da Educação (ativos e inativos) é de R$ 3.257. Na Segurança Pública, R$ 11.576. Na Fazenda, R$ 23.904. No Poder Judiciário a média (incluindo magistrados e servidores) é de R$ 13.356. Na Assembleia, R$ 15.863 e no Ministério Público, R$ 17.918. O campeão é o Tribunal de Contas, com R$ 27.127 de média.

Reprodução / Reprodução

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O documento detalha como evoluiu a relação entre ativos e inativos. Em 2000, eram 174.428 matrículas de servidores em atividade e 114.694 aposentados na soma de todos os poderes. Em 2019, a curva se inverteu: ativos caíram para 150.814 e inativos pularam para 172.718. Em dinheiro, a distorção fica ainda mais evidente.

Em 2019, o Estado gastou R$ 16,5 bilhões com aposentadorias e pensões e R$ 10,8 bilhões com os vencimentos de quem estava trabalhando.

O número mais impactante está na página 49 do documento de 170 folhas: as despesas com pessoal e encargos sociais consumiram no ano passado 78,3% da receita corrente líquida.

Aliás

Pelo Twitter, o governador Eduardo Leite assumiu o compromisso de reduzir o ICMS dos combustíveis em 2021. Nem poderia ser diferente: para manter as alíquotas atuais, seria preciso renovar o aumento aprovado em 2015 e estendido por mais dois anos em 2018, mas base aliada não daria os votos necessários.

CEEE e Sulgás

 O leilão de privatização da CEEE, que deve injetar dinheiro nos cofres do Estado, deve ser realizado em setembro deste ano, conforme previsão do secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Arthur Lemos.

Pelos cálculos de especialistas, cada candidato que entra na disputa pela empresa faz o valor subir 5%. Por isso, a expectativa do governo  é sanear a empresa para atrair o maior número de interessados.

Já o leilão da Sulgás deve ocorrer no final deste ano ou início de 2021. O futuro da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) depende de renovar o contrato com o único cliente para quem fornece carvão.

Ponderação

Decantar é um dos verbos preferidos do novo presidente do Tribunal de Justiça, Voltaire de Lima Moraes. Explica-se: diante de uma situação complicada, o desembargador considera prudente deixar a poeira baixar e os ânimos serenarem para, então, tomar a decisão que considera mais adequada.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/rosane-de-oliveira/noticia/2020/02/documento-entregue-a-deputados-retrata-distorcoes-no-setor-publico-do-rs-ck68gvhx30e7501mvfot0jmx2.html?fbclid=IwAR1uC-3kveur8dofepWRONV5vysP4Khi7ma7pAr6WZqUOI5ZkSPS6XT6Dbk 

 

Leite gastou R$ 40 milhões em propaganda não obrigatória em 2019

Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), aponta que o governo de Eduardo Leite (PSDB) gastou R$ 40,2 milhões com divulgação promocional ou institucional em 2019. De acordo o Dieese, esse montante não inclui gastos com divulgação obrigatória.

O levantamento aponta que o governo Leite gastou 84% a mais do que o de seu antecessor, José Ivo Sartori (MDB), em primeiro ano de mandato (2015). Na ocasião, foram gastos R$ 21,8 milhões. O valor gasto em 2019 também supera o do último ano do governo anterior, quando foram despendidos R$ 39,04 milhões.

Foto: Dieese

Grande parte dos gastos em publicidade foram destinados à campanha promovida pelo governo para garantir apoio ao pacote de reforma administrativa, cuja votação foi concluída em janeiro, e defendido como necessário para equilibrar as finanças do Estado.

Em nota sobre o assunto, o Cpers critica o fato de que o governo gastou em publicidade institucional mais da metade do valor investido na manutenção das mais de 2 mil escolas estaduais, área que recebeu apenas R$ 79 milhões em 2019. Outro levantamento do sindicato, realizado com 380 escolas, apontou que 63,6% das instituições têm problemas estruturais e obras pendentes.

Os gastos também vão de encontro com a recomendação emitida pelo Ministério Público e pelo Ministério Público de Contas, em 2017, de que o governo estadual deveria restringir gastos com publicidade enquanto perdurasse a crise financeira.

A recomendação, assinada pelo promotor de Justiça Nilson de Oliveira Rodrigues Filho e pelo procurador-geral do MPC, Geraldo Costa da Camino, previa que o descumprimento das orientações poderia acarretar em ajuizamento de ações penais e de improbidade administrativa. “No cenário público e notório de crise financeira do Estado, o interesse da sociedade em receber as informações institucionais deve ser sopesado com os demais interesses, tais como o pagamento em dia dos servidores públicos, a melhoria na segurança pública e nos serviços públicos de educação e saúde”, diz a recomendação.

https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/2020/02/leite-gastou-r-40-milhoes-em-propaganda-nao-obrigatoria-em-2019/