RS, falta recurso para retorno
Mais de 90% das escolas gaúchas não têm recursos adequados para um retorno seguro
Análise preliminar da consulta "Educação e Pandemia no RS" mostra ainda que a maioria é contra a volta às aulas
Segundo a pesquisa, mais de 80% dos entrevistados não acha ser possível o retorno às aulas antes do advento da vacina - Reprodução Brasil de Fato
Desenvolvida pelo CPERS - Sindicato, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), a consulta "Educação e Pandemia no RS" segue sendo feita de forma digital junto à comunidade escolar. Uma análise preliminar já permite ver a distância entre o discurso do Estado e a realidade das escolas da rede pública, no que tange à capacidade de retomada das aulas presenciais.
De acordo com os resultados, 90% das escolas gaúchas não têm recursos para o retorno seguro, assim como 86% dos entrevistados não acham ser possível retomar as aulas antes da vacina. Além disso, 84% dos pais não enviariam seus filhos de volta às aulas antes da vacina. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (13).
A compilação dos resultados foram feitos com base de mais de 3 mil respostas de toda a comunidade escolar, incluindo equipes diretivas, professores(as), funcionários(as), pais e alunos, das quais 1,7 mil foram consideradas válidas. Contemplando 730 escolas estaduais de 253 municípios, os questionários foram captados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto, e os dados foram consolidados pelo Dieese.
Segundo a consulta, as salas de aula não têm espaço suficiente, muitas não são arejadas (o frio e a chuva agravam, inviabilizando permanecer nas salas geladas), há janelas emperradas, refeitório pequeno, poucos banheiros, cozinha pequena, laboratório de informática e biblioteca compartilhada, pátio pequeno, quadra de esportes sem cobertura, transportes escolar.
De acordo com o Dieese, as perguntas foram separadas por temáticas, incluindo questões voltadas a conhecer a estrutura e recursos da escola diante da pandemia, condições para consecução das aulas remotas e outras questões vinculadas à preocupações do Sindicato. Questões que podem influenciar o debate público e a ação dos tomadores de decisão públicos ou privados, através do conhecimento da percepção da comunidade escolar sobre as principais questões no âmbito da educação em meio a pandemia de covid-19.
Pontos principais da pesquisa
Vacina e volta às aulas
- 86% não acreditam que é possível retomar as aulas sem vacina. Apenas 6% responderam que é possível; os demais afirmaram não saber.
- 84% dos pais afirmam que não mandariam os filhos à escola antes da disponibilização de uma vacina. Apenas 5% levariam. 11% afirmaram não saber.
- 77% acreditam que a Educação Infantil deve ser a última modalidade a retomar as atividades presenciais.
Recursos da escola e condições de retorno
Mesmo sem aulas presenciais, as escolas estaduais permanecem - desde julho - abrindo as portas em regime de plantão para realizar atendimentos, higienização e funções administrativas.
- 71% dos respondentes afirmam que a escola não fornece máscaras com a frequência necessária para os profissionais nos plantões.
- 70% afirmam que a escola não tem espaços físicos adequados para atender alunos(as) mantendo distanciamento social e em ambientes arejados.
Questões específicas para equipes diretivas
- 91,9% afirmam que a escola não tem recursos suficientes para investir em estrutura para receber alunos(as) e adquirir os EPIs necessários.
- 81% afirmam que a escola não tem um número adequado de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária.
- 70,4% revelam que os repasses da verba de autonomia financeira estão em atraso.
- 61,6% afirmam que os repasses da verba de manutenção estão em atraso.
Veja aqui o resultado preliminar da pesquisa.
Edição: Marcelo Ferreira
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