RS tem superávit de R$ 4,1 bi
Governo do RS tem superávit de R$ 4,1 bi no primeiro quadrimestre de 2022
Valor, que não inclui o impacto da revisão geral dos salários dos servidores, é o maior registrado no período em uma década
Palácio Piratini, sede do governo do Estado do Rio Grande do Sul Mateus Bruxel / Agencia RBS
O governo do Rio Grande do Sul fechou o primeiro quadrimestre do ano com o maior superávit (saldo positivo) registrado no período em pelo menos uma década. Mas é bom analisar os números com cautela.
Segundo relatório publicado no Diário Oficial do Estado, cujos dados foram apresentados na tarde desta terça-feira (7) pela Secretaria da Fazenda, o balanço entre receitas e despesas ficou no azul em R$ 4,1 bilhões. Sobre esse valor, ainda não está contabilizado o impacto da revisão geral de 6% dos salários dos servidores, sancionada em maio.
É importante, também, entender as razões por trás do superávit expressivo. Uma delas tem a ver com a venda da Sulgás, em janeiro. A operação significou R$ 955 milhões em receitas extraordinárias (que não irá se repetir).
Outro fator a ser levado em conta quando se analisa o resultado é uma mudança contábil - decorrente da adesão preliminar ao regime de recuperação fiscal - na forma de registrar as parcelas não pagas da dívida estadual. Isso impactou nos números.
Resumindo: desde janeiro, a Fazenda passou a contabilizar, por orientação do Tesouro Nacional, apenas os valores de fato quitados pelo Estado (antes, tudo entrava na conta, ainda que as parcelas ficassem pendentes). Essa alteração significou redução de R$ 1,3 bilhão nas despesas.
É evidente que o equilíbrio fiscal merece destaque e não resultou apenas desses fatores - é fruto de contenção de despesas e das reformas realizadas entre 2019 e 2020, que seguem repercutindo nas contas. Ainda assim, é bom olhar os números “com os pés no chão”.
Para ficar de olho
A tendência, nos próximos meses, é de que a despesa com pessoal (principal gasto do Estado, até então sob controle) volte a crescer em razão da reposição salarial do funcionalismo - merecida, é bom ressaltar. Com isso, a "folga" orçamentária tende a se estreitar. O impacto bruto do reajuste de 6%, em 2022, é estimado em R$ 1,22 bilhão. A partir de 2023, o efeito é de R$ 1,53 bilhão.
Caixa único
Símbolo, durante anos, da crise das finanças públicas do Estado, a dívida do caixa único caiu mais uma vez. No fim de abril, a conta fechou em R$ 595 milhões. Esse passivo era de R$ 8,3 bilhões em dezembro de 2018.
Vale lembrar que o caixa único nada mais é do que o nome dado a um conjunto de contas correntes de poderes, órgãos, autarquias e empresas públicas, usadas para receber recursos de convênios e fundos. Ao longo de anos, esse dinheiro foi utilizado pelo Estado para cobrir déficits, isto é, tapar buracos na contabilidade.
Investimentos
Foram destinados R$ 407 milhões para investimentos (em obras e outras melhorias, relacionadas ao programa Avançar). O montante é seis vezes o aportado no primeiro quadrimestre de 2021 (considerando valores nominais), majoritariamente com recursos próprios.
Governo do RS fecha 2021 com superávit de R$ 2,55 bilhões e triplica investimentos
É a primeira vez que isso ocorre desde 2009
01/02/2022
Divulgados no Diário Oficial do Estado, os números consolidados das finanças do Rio Grande do Sul em 2021 confirmam as previsões que já vinham apontando melhorias nas contas públicas. Mesmo contabilizando os valores não pagos da dívida com a União (registrados como despesa empenhada), o governo gaúcho voltou a fechar o ano no azul, com superávit de R$ 2,55 bilhões. É a primeira vez que isso ocorre desde 2009.
O valor só não foi maior (inicialmente, havia a perspectiva de que passasse de R$ 4 bilhões), porque o governador Eduardo Leite decidiu antecipar os aportes previstos no programa Avançar. A ação envolve injeção de recursos em diferentes áreas, da pavimentação de estradas a melhorias em setores como cultura, inovação, saúde, segurança e sustentabilidade.
Só em investimentos, foram registrados R$ 2,3 bilhões, além de outros R$ 3,2 bilhões em inversões financeiras (decorrentes, principalmente, da privatização da CEEE-D).
Considerando apenas o valor destinado a obras e outras melhorias, o volume é quase três vezes maior do que em 2020, quando foram aplicados R$ 864,3 milhões em investimentos.
Quando se analisa os dados no longo prazo, a soma é a mais alta dos últimos 20 anos em termos nominais. Considerando números atualizados pela inflação, trata-se do melhor resultado desde 2010, último ano do governo de Yeda Crusius, turbinado pelos recursos oriundos da abertura de capital do Banrisul.
Aliás
O salto no valor dos investimentos é importante, mas é bom ressaltar que, proporcionalmente, o aporte representou apenas 4,3% da receita corrente líquida. Ainda que o percentual tenha aumentado em relação a 2020, persiste o desafio de ampliar a marca.