SAEB, privatização avança na rede estadual
Com simulado do Saeb realizado pela Moderna, privatização avança na rede estadual
Iniciativa do governo insiste em lógica empresarial e não representa compromisso com a qualidade da educação pública
Nesta quarta-feira (28), a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed) aplica aos(às) estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, da rede pública estadual, o “1º Simulado – Recomposição de Aprendizagem: Foco no Saeb”. Embora o argumento divulgado seja a finalidade de “diagnosticar e fortalecer a implementação de ações que favoreçam a melhoria da aprendizagem”, a verdade é que trata-se de mais uma iniciativa do governo Ratinho Jr. sem compromisso com o atendimento das demandas reais das salas de aula para promover uma educação pública de qualidade.
Aplicado desde 1990 pelo Ministério da Educação, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um importante diagnóstico da educação básica brasileira que permite avaliar os níveis de aprendizagem dos(as) estudantes. É com as médias obtidas no Saeb, associadas às taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar, que se obtém o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Esse conjunto de indicadores oferece evidências para a elaboração e o aprimoramento das políticas públicas educacionais.
Contudo, aos moldes da Prova Paraná, o simulado aplicado pela Seed tem como objetivo dar continuidade na estratégia já denunciada pela APP-Sindicato em que a gestão substitui os processos pedagógicos por instrumentos voltados ao ranqueamento entre as escolas e a responsabilização dos(as) trabalhadores(as) da educação pelas falhas do governo. Assim, ao invés de valorizar o conhecimento e a autonomia dos(as) professores(as), impõe à educação pública e aos(às) estudantes(as) uma lógica empresarial, de competição, que não resulta em efetivo aprendizado.
Soma-se a tudo isso a constatação de que esse simulado será realizado por duas empresas privadas do ramo da produção de materiais didáticos, cujo gasto com as contratações também representa a retirada de recursos públicos da educação pública para o financiamento dos interesses empresariais. Outro agravante é a exigência de compartilhamento de dados dos(as) servidores(as) da educação com as empresas contratadas para fins de realização do exame.
A APP-Sindicato reconhece a importância de avaliar os(as) estudantes, mas a forma imposta pelo governo representa graves riscos à aprendizagem. Para alcançar tão somente índices, são desconsideradas as desigualdades sociais e regionais, os contextos histórico-culturais, a qualificação, os salários e a carreira dos(as) professores(as), as condições de trabalho e a estrutura das escolas, dentre outras variáveis que afetam diretamente e indiretamente no processo avaliativo e nos quais se balizam o processo de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, manifestamos novamente nossa contrariedade a esse desvio de finalidade do papel da educação pública do Paraná e reiteramos nossa defesa por uma política de avaliação sistêmica, que considere os diversos fatores que intervêm no processo educativo, dentro e fora da escola, que seja voltada para a qualidade da educação, democratização do acesso e da permanência e que contribua para o desenvolvimento da sociedade.
