Sem previsão de retorno presencial
Com agravamento da pandemia, governo do RS evita dar previsão de retorno presencial às escolas
Eduardo Leite anunciou a abertura de consulta pública às entidades ligadas à educação, saúde e assistência social
Por Correio do Povo
O governo do Rio Grande do Sul não trabalha com previsão de retorno presencial às escolas. A nova posição foi anunciada pelo governador Eduardo Leite em videoconferência nesta quinta-feira. De acordo com Leite, a complexidade do cenário epidemiológico no Estado “suspende qualquer discussão sobre retornos”. Na semana passada, o governador chegou a afirmar que a volta ao calendário de ensino presencial deveria ocorrer em agosto. Enquanto isso, estudantes da rede de ensino pública e privada permanecem com as atividades escolares no formato remoto.
O governo inicia nesta quinta-feira uma consulta pública, por meio de um questionário eletrônico, com entidades gaúchas ligadas à educação, infância, saúde, proteção à criança e ao adolescente. A previsão é que 1,3 mil entidades participem da pesquisa até o dia 12 de julho. A consulta irá questionar sobre a ordem de retorno presencial do ensino, que ocorrerá por etapas, assim como sugestões de protocolos de prevenção ao coronavírus que devem ser adotados nas instituições de ensino.
Sobre a educação infantil ser a primeira fase do retorno às escolas, o governador disse que “há argumentos para os dois lados”, lembrando que ao mesmo tempo que os pais precisam de quem cuide dos filhos, devido ao retorno presencial das atividades trabalhistas, as crianças possuem pouca autonomia para os protocolos individuais de higiene. “Vamos fazer o esforço de ouvir as entidades para melhor organizar como se dará o retorno”, afirmou.
A secretária de Planejamento e coordenadora do Comitê de Dados do governo, Leany Lemos, destacou que o tema é um dos mais complexos trabalhados durante a pandemia. “Estamos falando de crianças e adolescentes, em muitos casos de pessoas que não têm como cuidar da sua própria higiene, de protocolos em si, então vai ter que ter um cuidado redobrado”, destacou ao dizer que o Comitê está observando planejamentos adotados em outros países e aos últimos trabalhados científicos na área.
Já o secretário estadual de Educação, Faisal Karam, destacou que a implantação da consulta pública é um “grande avanço” para a discussão do tema. “Momento fantástico que o governo está proporcionando de compartilhar, de ouvir as entidades, e de entender o grau de prioridade de cada uma das áreas e deixando que através da representatividade decidamos quando e como voltar”, disse se referindo ao retorno presencial às escolas.
Governo abre consulta sobre retorno presencial das aulas
De 2 a 12 de julho, mais de 1,5 mil entidades poderão opinar sobre a retomada e sugerir protocolos por formulário eletrônico
Com o objetivo de elaborar uma solução coletiva e colaborativa, o governo do Estado inicia, nesta quinta-feira (2/7), uma consulta a 1.520 entidades representativas sobre a retomada presencial das atividades de ensino. Até o dia 12 de julho, serão recebidas sugestões sobre o retorno das aulas e protocolos de prevenção por meio de formulário eletrônico.
“Chegamos a anunciar um modelo para o retorno gradual do ensino presencial no nosso Estado, mas é evidente que, diante do momento crítico que estamos vivendo, não haverá aulas presenciais neste momento. Mas se o agravamento da pandemia gerou a necessidade de suspendermos o que inicialmente havíamos proposto, também nos trouxe uma oportunidade para aprimorarmos a proposta”, afirmou o governador Eduardo Leite em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (2).
Embora ainda não tenha uma data, o governo já definiu que o retorno das atividades presenciais será gradual e por etapas de ensino, a cada duas ou três semanas. No formulário enviado diretamente a cada entidade, são apresentados quatro cenários, começando pela educação e deixando por último o ensino superior, por exemplo, ou iniciando e finalizando com a educação infantil. Mas também existe a oportunidade de que cada avaliador apresente um cenário próprio.
A educação movimenta, no Rio Grande do Sul, mais de 2,5 milhões de pessoas, desde a pré-escola à pós-graduação, ou seja, cerca de 20% da sociedade gaúcha está envolvida, circulando (ou não) pelas ruas e ficando, em grande parte do tempo, juntas e ambientes fechados.
“É muita gente envolvida e, evidentemente, devemos ter todo o cuidado, porque significa uma grande circulação de pessoas nos deslocamentos e, em grande parte do tempo, que ficarão juntas e ambientes quase ou fechados. Mas, de outro lado, temos a preocupação porque estamos falando da formação dos adultos que queremos, do futuro das gerações”, destacou Leite.
Leany Lemos, coordenadora do Comitê de Dados, que encabeça a consulta pública juntamente com as secretarias da Saúde e da Educação e o Gabinete de Crise, afirmou que, dentre os 12 setores mapeados pelo Distanciamento Controlado, o da educação é o “mais complexo” em relação ao enfrentamento à pandemia.
“Não estamos falando de adultos, mas de crianças e adolescentes e, em muitos casos, de pessoas que não têm condições de seguir os protocolos e de cuidar da própria higiene. Existem muitos aspectos pedagógicos e sanitários envolvidos. Por isso, estamos trabalhado olhando para outros países, boas práticas e o que os mais recentes trabalhos científicos têm apontado. Chegou o momento de ouvir as entidades que representam diversos interesses e setores, para que a decisão do governo seja a mais bem alinhada com os desejos da sociedade”, disse Leany.
Secretário da Educação, Faisal Karam destacou, ainda, que algumas das entidades de ensino já vinham sendo ouvidas nesse processo de construção, mas que, agora, a consulta está sendo estruturada e amplificada.
“É um momento fantástico que o governo está proporcionando a toda a sociedade, afinal, são entidades que representam diferentes setores e olhares. Tenho certeza que estamos dando um passo importante, um grande avanço”, concluiu o secretário.