Séries violentas

Séries violentas

Para a psicanalista, a família brasileira ainda está no processo de aprendizado para lidar com séries em plataformas de streaming. “Por décadas, a TV aberta recebeu diversos protocolos de proteção de crianças e adolescentes para que, então, a família se sentisse segura em deixar a criança assistindo a uma série, um programa infantil, porque sabia que aquela programação era livre de qualquer comportamento de risco. Nós não temos mais essa proteção. Cabe aos responsáveis a mediação”, analisa Vasconcellos. Ela ressalta que a própria plataforma tem um manual, que faz com que sejam bloqueadas séries se o responsável achar que não devem ser assistidas. “O papel da família é ler as cartilhas de proteção antes mesmo da criança acessar o app e ver os conteúdos”, alerta.

Comportamento de risco

A série tem recomendação para maiores de 16 anos e mostra cenas de suicídio, tortura psicológica, palavrões, além da violência explícita. Vasconcellos explica que a produção é para adultos, porque crianças não têm a mesma percepção preventiva. As cenas de violência podem, inclusive, causar traumas e desenvolver fobias. “A criança está em processo de amadurecimento neurobiológico de funções que comandam os comportamentos e está à mercê do que é apresentado a ela”, diz a psicanalista.

Ela aponta que uma criança mais vulnerável pode se sentir compelida, a partir da ideia de um grupo, a copiar um comportamento de risco. “Quando adultos distinguem um conteúdo muito violento, desligam a televisão ou mudam de canal. A criança, não. Ela fica exposta a esse conteúdo violento por não ter esse mecanismo de negação consolidado. Expor a criança a algo que não tem maturidade emocional para absorver pode trazer consequências emocionais que talvez precisem ser acompanhadas por um especialista”, ressalta a especialista.

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