Sinais de fumaça
Sinais de fumaça
Queimadas na Amazônia atraem olhos do mundo e colocam governo Bolsonaro sob pressão
BERNARDO BARBOSA E TALITA MARCHAO DO UOL, EM SÃO PAULO.
No livro "Viagem ao Araguaia", de 1863, o escritor José Vieira Couto de Magalhães descreveu como indígenas que habitavam as margens do rio Araguaia, que nasce em Goiás e deságua no Pará, usavam sinais de fumaça para se comunicar.
"Vão subindo por um buriti e amarrando em torno dele, com um palmo de espaço, faixas de capim verde; descem, depois, e ateiam-lhe fogo: (...) a gigantesca palmeira serve de farol, não só por ficar toda em brasas, como também pela elevada coluna de fumaça, que sobe ao céu em forma de espiral."
Segundo Magalhães, a técnica servia para convocar a tribo a se reunir no fim do dia, mas também podia ser usada para pedir ajuda.
"Quando, porém, o chefe da tribo (...) se vê falto de comida, ou receia algum ataque, ateia o fogo, pela mesma forma, ao meio dia em ponto", escreveu Magalhães, que também foi político e militar.
Desta vez, quem pede socorro com os sinais de fumaça é a Amazônia