Sobre caso do Banco Master
Edu Moreira sobre caso do Banco Master: ‘Pode desvendar funcionamento da Faria Lima’
Economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira comentou o escândalo na edição do ICL Notícias 1ª edição desta 3ª feira (18)

O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, avaliou que a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, pela Polícia Federal na noite de segunda-feira (17), e a liquidação da instituição pelo Banco Central podem ser uma oportunidade histórica para revelar o funcionamento interno da Faria Lima e do mercado financeiro brasileiro. “Se a gente puxar essa corda, teremos a maior aula da História de como funciona a Faria Lima e o mercado financeiro”, disse Moreira na edição desta terça-feira (18) do ICL Notícias 1ª edição.
Moreira, que é ex-banqueiro, já vinha há tempos falando sobre a engenharia do Banco Master envolvendo o pagamento de CDBs com taxas acima do mercado e precatórios.
“Escândalo com dimensões que a gente nunca viu no Brasil, com potencial para pegar tanta gente com tantos lados… O problema no Brasil não é descobrir as pessoas que fazem as coisas erradas, é ter os elementos que fazem essa pessoa cair em algum tipo de punição”, disse.
O economista apontou que relações financeiras complexas conectam políticos, bancos e fundos de pensão, formando uma rede de interesses onde o dinheiro é o elo principal. “Todas as relações são conectadas pelo dinheiro… se pegarem e forem a fundo nas relações deles com fundos de pensão, governadores, ex-ministros e ministros, o escândalo seria monstruoso”, pontuou.
Ele disse que, dentro do sistema financeiro, há três bancos que se beneficiam dessas relações e que o Banco Master era um deles. “Se puxar essa corda, esses três bancos estão para o mundo político como as bets [apostas esportivas] estão para o futebol.”
Ascensão meteórica do Banco Master
Ao lado do jornalista e comentarista do ICL Notícias Luís Costa Pinto, o Lula, Moreira detalhou a trajetória financeira do banco, destacando um crescimento incomum e questionável.
De acordo com ele, de 2019 para 2024, o patrimônio do Banco Master passou de R$ 5 bilhões para R$ 219 bilhões, enquanto o lucro líquido saltou de R$ 18,5 milhões para R$ 38 milhões.
“Quem já teve empresa aqui sabe que é impossível multiplicar nesse volume, estamos falando em 25 vezes!”, observou.
O resultado dessa evolução do patrimônio, segundo Moreira, foi fruto do pagamento fora da realidade. “O Master captava dinheiro, pagava as maiores taxas de CDBs do mercado, e sempre com argumento de que tem o FGC [Fundo Garantidor de Crédito). É um absurdo como funciona no Brasil [o FGC]. Um monte de bancos pequenos emite um monte de CDBs a taxas altas e cria um caminhão de dívidas e então vêm os problemas”, observou.
Ele lembrou ainda que o Master comprava precatórios super depreciados para tentar resolver essas questões e, em poucos anos, passou a ganhar bilhões. “O Vorcaro virou melhor amigo das altas esferas da sociedade e, para se proteger, contratou assessores para poder se blindar porque sabia o tamanho da confusão que estava fazendo”, disse.
No final de março, quando o BRB (Banco de Brasília) anunciou que havia firmado um memorando de entendimentos para a aquisição do controle acionário do Banco Master, toda a história envolvendo o acúmulo de um passivo de bilhões de reais em ativos com liquidez duvidosa do Master veio à tona. O caso já vinha sendo investigado pelo Banco Central.
Estratégias de influência e blindagem
Moreira descreveu como Vorcaro teria consolidado sua influência por intermédio de laços com figuras políticas e sociais.
“Ele fez isso comprando tíquete para a altíssima sociedade. Comprou o hotel mais chique do Brasil, jatinhos, pagando um monte de benesses para um monte de gente que tem um monte de poder, ficou vantajoso ser amigo do Vorcaro que tinha bolso fundo e mão aberta.”
O jornalista Luís Costa Pinto comentou que, entre os aliados mencionados estão ex-presidentes e conselheiros do Banco Central, usados para “lubrificar canais de comunicação” entre o banco e o governo.
“Um dos conselheiros é Michel Temer, colocado lá para lubrificar canais de comunicação entre Master e governo do Distrito Federal, e elos na cadeia do judiciário que têm relações com ele. Contrataram Guido Mantega e o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola para abrir portas com o mercado financeiro”, enumerou.
Crime organizado e atuação do mercado
Moreira ainda ampliou o conceito de crime organizado, incluindo esquemas financeiros e corrupção política.
“O que estamos chamando de crime organizado: quem faz tráfico de cocaína, de armas, operações que corrompem vários gestores dos fundos de pensão ou governadores… É algo muito maior. A Faria Lima mostrou crime organizado no setor de combustíveis, criptomoedas. Isso é igual máfia, tem três famílias que dominam.”
O economista também criticou práticas bancárias arriscadas, como emissão de CDBs com altas taxas e compra de títulos depreciados, que teriam sido exploradas pelo banco para crescer rapidamente:
“Comprava títulos, como precatórios, super depreciados para tentar resolver questões no campo político e jurídico e em poucos anos passou a ganhar bilhões.”
Papel primordial do Banco Central
Lula e Moreira também analisaram a atuação de órgãos como Banco Central, Polícia Federal e CVM (Comissão de Valores Mobiliários), ressaltando a pressão política para impedir que certas operações fossem investigadas.
“Se essa operação não foi fechada temos que dar o mérito para o Banco Central, porque, com certeza, houve pressão para essa operação ser fechada, o BC foi lá e peitou e fez o que tinha que fazer”, disse Moreira.
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master nesta terça-feira, um dia depois de a Polícia Federal prender Daniel Vorcaro no aeroporto de Guarulhos. Para a PF, Vorcaro estava tentando fugir do país, com destino à Malta.
Com a liquidação extrajudicial, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) é acionado para ressarcir os investidores da instituição financeira. O FGC prevê o pagamento de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição bancária, limitados a R$ 1 milhão a cada 4 anos. Quem tinha investimentos acima deste limite no Banco Master não será ressarcido.
Confira a íntegra dos comentários no vídeo abaixo:
FONTE:
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A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (18), quatro diretores do Banco Master e o proprietário da instituição, Daniel Vorcaro, durante uma operação que investiga a venda de títulos de crédito falsos.
Entre os alvos está o ex-CEO e atual diretor do banco, Augusto Ferreira Lima, em cuja casa os agentes encontraram R$ 1,6 milhão em dinheiro vivo. Pelo jeito, banqueiro não confia em bancos e prefere dinheiro em casa no colchão e malas de dinheiro vivo.
Ou sonegava tudo! Lima teve a prisão decretada e foi localizado pela PF ainda durante a manhã. Ao todo, sete mandados de prisão foram expedidos no âmbito da operação, e seis pessoas já foram detidas.
Daniel Vorcaro, dono do Master, foi preso ao tentar deixar o Brasil em um avião particular com destino a Malta. Antes de falou que iria para Dubai.
As prisões ocorreram poucas horas depois de o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master — negociação que surgia após o Banco Central ter rejeitado a venda da instituição ao BRB pouco mais de um mês antes.
As investigações tiveram início em 2025, quando o Banco Central encaminhou à PF um relatório apontando suspeitas envolvendo a instituição.
Nesta terça, o BC anunciou a liquidação extrajudicial do Banco Master e decretou a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores. A medida encerra automaticamente o processo de compra anunciado pelo grupo Fictor.
De acordo com o BC, a liquidação extrajudicial é adotada quando uma instituição financeira perde as condições de continuar funcionando. Nesses casos, um liquidante assume a administração, encerra as operações, vende o patrimônio e utiliza os recursos para quitar dívidas, até extinguir o banco.
O negócio com o grupo Fictor previa participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que enfrenta dificuldades financeiras. A operação ainda dependeria de aval do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Com a liquidação, o processo está suspenso. Vai aparecer muita coisa aí nos desdobramentos.
Revista Fórum
Via:TaMara Baranov
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