Sobre instituições comunitárias
Plenária amplia debate sobre instituições comunitárias
Encontro debateu as relações do segmento com as comunidades, seus trabalhadores e o movimento estudantil, modelo de gestão e importância das políticas públicas
Por Gilson Camargo / Publicado em 11 de abril de 2022
O Fórum das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Ices), é uma iniciativa dos sindicatos de professores e de funcionários técnicos e administrativos e entidades estudantis e foi instituído em setembro de 2011.
A iniciativa resultou do ciclo de debates realizados entre 2009 e 2011, por ocasião da proposição do projeto de lei para a definição do marco legal das instituições comunitárias na educação brasileira, o que veio a se concretizar na Lei Nº 12.881/2013.
Desde sua fundação, o Fórum promove reuniões plenárias com periodicidade, no mínimo, anual, cujas discussões têm sido sistematizadas em Resoluções disponíveis em seu site.
Painel de abertura
Para competir com as mercantilistas, as instituições comunitárias passam a adotar modelos de gestão focados em enxugar gastos e a ampliar receitas, daí o investimento cada vez maior em EaD, a modalidade que mais cresce no país, explicou a painelista.
“Há um deslocamento do modelo comunitário, com redução das gratuidades e restrição ao público, fechamento ou precarização na oferta de cursos que são considerados socialmente importantes, mas que não geram lucros, as licenciaturas”, aponta a pesquisadora. Ela destacou que é necessário pressionar os governos por políticas públicas para o setor. “Fora disso, vai ficar bem difícil garantir a sobrevivência do modelo”, alerta.
O debate foi coordenado pelo diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr. O debatedor do painel, Valdir Graniel Kinn, mestre, professor da Unijuí e coordenador geral do Sinpro/Noroeste destacou que o segmento comunitário vive uma “realidade de crise”, com dificuldades de articulação política e na definição de projetos interinstitucionais. “Elas encolhem no número de alunos, no orçamento e na concepção de comunitárias”, apontou o dirigente.
As gestões vêm promovendo reestruturações acadêmicas, pedagógicas e administrativas com referência no setor mercantilista e apostam na desestruturação das carreiras profissionais como forma de baratear custos, destacou, ilustrando com as “constantes tentativas de esvaziamento dos contratos dos professores e tentativas de destroçar o patrimônio contratual conquistado pelas categorias profissionais através de seus sindicatos”, destacou.
Duas pesquisas realizadas em 2021 e 2022 pelo Sinpro/RS, Sinpro Noroeste e Sinpro Caxias sobre a realidade da educação superior no RS, mostram que, entre outros fatores como o estresse e o adoecimento dos professores, é flagrante a sobrecarga de trabalho de 20% a 50%.
Resoluções
Em nome dos sindicatos de professores e técnicos administrativos, o coordenador do Fórum, Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, criticou a intenção das gestões das instituições comunitárias de flexibilizar direitos das categorias e destacou a perda de poder aquisitivo dos salários.
“Os professores e os técnicos administrativos tiveram nos últimos anos uma reposição apenas parcial da inflação. Até agora não houve reposição do INPC de 2019, a reposição da inflação de 2020 só será integralizada em agosto deste ano e agora estamos negociando uma reposição de 10,8%, referentes à inflação do ano passado, até fevereiro de 2022, na hora-aula dos professores e nos salários dos técnicos administrativos”, ressaltou.
O dirigente propôs ainda uma resolução de apoio à campanha pela destinação do percentual de 0,5% da receita líquida do estado para a educação superior comunitária, como determina a Constituição estadual (artigo 201).